Pplware

O que é o fósforo branco, a arma considerada proibida que Israel usou contra o Líbano?

O Líbano acusou Israel de bombardear Beirute com fósforo branco, uma substância que provoca queimaduras e até a morte. Saiba mais sobre esta arma considerada proibida.


De acordo com a agência noticiosa estatal libanesa (ANN), alguns residentes de Beirute relataram o cheiro de enxofre na cidade após o mais recente ataque contra o Hezbollah. Este aconteceu na sequência de uma escalada do conflito armado no Médio Oriente, em que Israel tem como alvo o grupo xiita.

O Líbano acusou Israel de utilizar bombas de fósforo branco, no bombardeamento que atingiu um edifício de apartamentos em Beirute, segundo a ANN. O ataque, que teve como alvo um escritório do centro médico, matou nove pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde Pública libanês, e causou um incêndio num bairro no centro da capital.

Israel não confirmou a utilização de fósforo branco nos seus bombardeamentos contra o Líbano. Contudo, esta não é a primeira vez que é acusado de utilizar armas consideradas proibidas.

Há um ano, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch acusou Israel de colocar civis em risco, aquando do bombardeamento de alvos em Gaza e no Líbano, no qual o exército utilizou este produto químico.

 

O que é o fósforo branco?

Esta arma considerada proibida trata-se de uma substância sólida com uma consistência semelhante à da cera, ou parafina, que inflama em contacto com o oxigénio.

Uma vez produzido, atinge temperaturas de até 800 graus Celsius e é difícil de extinguir. Devido à sua composição, o fósforo branco pode aderir a superfícies como a pele ou o vestuário, e pode causar queimaduras profundas.

Apesar de a sua utilização militar estar limitada a produzir iluminação ou gerar uma cortina de fumo, Israel e outros países têm utilizado o fósforo branco em foguetes e artilharia com um alvo direto.

Quando explode no ar, espalha-se por uma vasta área e arde até ser completamente oxidado ou o oxigénio se extinguir.

A exposição ao fósforo branco é muito nociva. Segundo a Organização Mundial de Saúde, o fósforo branco é altamente solúvel em lípidos e pode penetrar nos tecidos e causar queimaduras profundas. Em alguns casos, as partículas que aderem ao tecido danificado são reativadas se a ferida for aberta e exposta ao oxigénio, causando mais danos.

[As queimaduras] têm um efeito local devido à própria queimadura, que é normalmente muito grave e profunda, e depois o segundo efeito é metabólico, que pode matar os doentes.

Explicou Roman Hossein Khonsari, professor de cirurgia plástica no Hospital Necker-Enfants Malades, em Paris, esclarecendo que as queimaduras com fósforo branco têm um duplo efeito e danificam vários órgãos.

 

Por que motivo há quem considere que é uma arma proibida?

A legislação sobre a utilização de fósforo branco em conflitos armados é dúbia.

A Convenção das Nações Unidas sobre Armas Convencionais (em inglês, CCW) restringe as armas concebidas principalmente para iniciar incêndios ou queimar pessoas.

Contudo, conforme informado pela BBC, a maioria dos países concorda, incluindo Israel, que se o fósforo branco for usado com o objetivo principal de criar cortinas de fumo e não incêndios (mesmo que estes ocorram acidentalmente), então, a lei sobre armas incendiárias já não se aplica.

Para a Human Rights Watch, no entanto, a CCW tem claras lacunas, “particularmente relacionadas com a sua definição de armas incendiárias”, segundo Ramzi Kaiss, investigador da organização.

Ao abrigo do Direito Internacional Humanitário, todas as partes no conflito devem tomar precauções viáveis para evitar danos aos civis. Principalmente ao usar munições com fósforo branco.

Perceber se Israel violou a legislação internacional é complicado, pois existe um “choque de provas”, de acordo com Bill Boothby, advogado independente e especialista em questões militares.

Os israelitas dizem que o seu objetivo era criar uma cortina de fumo. [Mas] os moradores dizem que não houve propósito para a criação de uma cortina de fumo, porque não havia militares.

Era esse realmente o motivo pelo qual o fósforo branco estava a ser usado? Saber a resposta para isso envolveria saber o que se passava nas mentes daqueles que planearam o ataque.

Na perspetiva de Boothby, isto é, também, uma questão de “proporcionalidade”, uma vez que qualquer dano causado não pode ser excessivo relativamente aos ganhos militares esperados.

 

Leia também:

Exit mobile version