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Media preocupados por receberem cada vez menos leitores oriundos das redes sociais

Um novo relatório do Reuters Institute indica que os meios de comunicação social, os media, estão preocupados com o facto de chegarem cada vez menos leitores provenientes das redes sociais, bem como com o desinteresse relativamente às notícias.


O Reuters Institute for the Study of Journalism publicou o relatório Journalism, Media, and Technology Trends and Predictions 2024. O documento, da autoria do investigador associado sénior Nic Newman, baseia-se num inquérito a 314 líderes dos meios de comunicação social de 56 países.

As conclusões do relatório indicam que os líderes dos meios de comunicação social estão preocupados com as suas perspetivas para o próximo ano, com quase dois terços a manifestarem preocupação com a queda do tráfego de referência das plataformas sociais.

O Reuters Institute dividiu as conclusões em alguns pontos principais, nomeadamente:

 

Os media preocupam-se com um declínio acentuado do tráfego de referência

Os dados fornecidos para o relatório pelo fornecedor de análise de dados Chartbeat mostram que o tráfego do Facebook para os sites noticiosos diminuiu 48% em 2023, enquanto o tráfego do X diminuiu 27%.

Perante este cenário, quase dois terços (63%) dos líderes dos meios de comunicação inquiridos afirmam estar preocupados com um declínio acentuado do tráfego de referência das plataformas sociais.

Além disso, as prioridades dos media estão a mudar: 77% da amostra afirma que se concentrará nos seus próprios canais diretos no próximo ano, com um quinto (22%) a recorrer à redução de custos e uma proporção semelhante (20%) a experimentar plataformas alternativas de terceiros.

Chegar ao público online está a tornar-se mais difícil à medida que o Facebook se afasta das notícias e o X se torna menos acolhedor para os editores.

O grande receio é que o tráfego de pesquisa possa ser o próximo, uma vez que os resultados alimentados por IA [Inteligência Artificial] fornecem respostas diretamente na interface, em vez de oferecerem tantas ligações a sites de notícias.

Explicou Newman.

Em termos de formatos noticiosos, a maioria dos inquiridos afirma que irá criar mais vídeos, mais newsletters e mais podcasts. No entanto, de modo geral, a ideia é produzir o mesmo número de artigos noticiosos.

Relativamente às plataformas de terceiros, os líderes das redações dizem que se vão concentrar muito menos no Facebook e no X, e vão colocar mais recursos no WhatsApp e no Instagram. O interesse em redes sociais de vídeo como o TikTok (+55) e o YouTube (+44) continua forte, “enquanto o Google Discover está a tornar-se uma fonte de referência mais importante, mas volátil”.

 

Os editores estão pessimistas em relação a quaisquer acordos com empresas de IA

Apesar do crescimento da IA, os editores das redações inquiridos não estão otimistas quanto aos benefícios. Cerca de metade (48%) considera que haverá muito pouco dinheiro para qualquer redação e um terço (35%) acredita que a maioria do dinheiro irá para os grandes media.

Embora muitos dos editores vejam benefícios na utilização da IA, mais de metade considera-a um risco para a reputação, quando utilizada para a criação de conteúdo.

 

Apenas metade dos executivos estão confiantes quanto às perspetivas do jornalismo no próximo ano

Da amostra do Reuters Institute, apenas 47% afirma estar confiante quanto às perspetivas do jornalismo no próximo ano, com 12% a manifestar pouca confiança.

As preocupações prendem-se com o aumento dos custos, a diminuição das receitas publicitárias, o abrandamento do crescimento das assinaturas e o aumento do assédio legal e físico.

Por sua vez, entre as razões do otimismo estão a esperança de que as eleições muito disputadas nos Estados Unidos e noutros países possam aumentar o tráfego – apesar dos riscos de que este aumento seja temporário e prejudique ainda mais a confiança.

O Reuters Institute indica que “as coisas podem tornar-se ainda mais difíceis este ano”, à medida que mais plataformas lançam serviços premium, incluindo ofertas sem anúncios e favoráveis à privacidade dos utilizadores.

 

Media querem combater o desinteresse sobre as notícias

O afastamento seletivo das notícias e a fadiga relativamente a elas continuam a ser grandes fontes de preocupação para as empresas de comunicação social.

As estratégias que os media consideram muito importantes para contrariar estas tendências incluem uma melhor explicação de histórias complexas (67%), abordagens mais construtivas ou orientadas para as soluções (44%) e histórias humanas mais inspiradoras (43%).

O Reuters Institute prevê que as ferramentas de IA que alteram a linguagem das notícias para melhorar a relevância e a compreensão de determinados públicos serão uma caraterística crescente do panorama noticioso em 2024.

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