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KickassTorrents: Apple e Facebook ajudaram a fechar o site

Um dos mais populares serviços de partilha de ficheiros torrent actuais, o KickassTorrents, foi ontem desligado após o Departamento de Justiça norte-americano ter ordenado o seu encerramento.

Além de encerrarem o serviço, levantaram o mandado de captura ao suposto proprietário do KickassTorrents. Apple e Facebook auxiliaram as autoridades.

O serviço KickassTorrents, que foi fundado em 2008, é actualmente um dos sites de partilha de ficheiros torrent mais visitados da Internet. Os números mais recentes indicam que o website recebe cerca de 50 milhões de visitantes únicos por mês, de acordo com o site do DoJ. Já os números do serviço Alexa referem que este ocupa a 68ª posição no ranking mundial.

Pelo facto de disponibilizar links de material protegido pelos direitos de autor, alguns países como Reino Unido e a Itália avançaram para a justiça por forma a fechar o site, tentando assim prevenir que os conteúdos fossem pirateados e depois propagados.

O tribunal ordenou também a detenção do cidadão de 30 anos, Artem Vaulin, que supostamente será o proprietário do site. O homem foi detido na Polónia, país onde tem a sua residência. O processo de extradição também já deu entrada, numa tentativa de julgar Vaulin em solo americano.

O suposto proprietário do serviço enfrenta agora acusações de infracção aos direitos de cópia privada e de conspirar no intuito de facilitar a lavagem de dinheiro.

Sete domínios do KickassTorrents foram desligados como parte do mandado do juiz. Alguns dos seus servidores, de acordo com o Departamento de Justiça, estavam localizados em Chicago.

 

A acusação da justiça

As autoridades conseguiram apanhar Vaulin simulando serem um potencial cliente para comprar publicidade no serviço KickassTorrents. Através das transacções, a conta bancária de Vaulin expôs a sua localização. Depois de cruzarem o endereço IP que dá acesso às contas no serviço de torrents, as autoridades concluíram que Vaulin é efectivamente o proprietário do website.

Como pode ser lido na acusação, o Departamento de Justiça explica como funcionava o negócio de Vaulin, e como foi conseguida a sua captura. Refere o seguinte:

Vaulin é acusado de gerir o mais visitado site de partilha ilegal de ficheiros da actualidade, responsável por, ilegalmente, distribuir mais de mil milhões de dólares em materiais com direitos de autor. Num esforço para fugir à aplicação da lei, Vaulin alegadamente alojou os seus servidores em localizações ao redor do mundo e mudou os seus domínios devido a repetidas acções cíveis. A sua detenção na Polónia, no entanto, demonstra mais uma vez que os cibercriminosos podem correr, mas não se podem esconder de justiça.

De acordo com as autoridades de Chicago, o KickassTorrents auferia anualmente, resultante da venda de publicidade, um valor entre os 12,5 milhões e os 22,3 milhões de dólares, derivado do alojamento de material ilegal.

 

Como conseguiram as autoridades capturar Artem Vaulin?

Começou no final de Novembro de 2015 a operação que levou um agente especial do IRS a encetar conversações com um representante do KAT. O assunto era sobre a venda de anúncios que iriam depois direccionar os visitantes para um site disfarçado. Foi feito um acordo e combinado o anúncio que, supostamente, publicitava um programa para estudar nos Estados Unidos. Este anúncio seria colocado nas listas de torrent individuais e renderia diariamente 300 dólares.

Quando finalmente foi lançado o anúncio, a 14 de Março de 2016, apareceu um link logo por baixo dos botões de download dos torrents e assim se manteve por cinco dias. Foi uma campanha curta, mas foi o suficiente para ligar KAT a uma conta bancária na Letónia, que recebeu 28 milhões de euros (31 milhões de dólares) em depósitos – principalmente, a partir de pagamentos de publicidade – entre Agosto de 2015 e Março 2016.

 

Envolvimento do Facebook

Estas acções de conversação levaram os investigadores a identificar um importante ponto de contacto: o endereço de e-mail pr@kat.cr. Este endereço, contudo, não estaria ligado directamente aos processos no site. Este endereço estava associado a serviços nas redes sociais, como uma conta de Facebook. Nesse sentido, os agentes foram capazes de obter registos do Facebook que mostraram a página “official.KAT.fanclub.” e, facilmente, perceberam que poderia estar associada com o KAT.

 

Envolvimento da Apple

Usando serviços básicos para rastrear os sites, os investigadores foram capazes de descobrir (através de uma pesquisa DNS reverse) os alojamentos de sete domínios aparentemente ligados ao site KAT: kickasstorrents.com, kat.cr, kickass.to, kat.ph, kastatic.com, thekat.tv e kickass.cr.

Estes domínios levaram a descobrir dois endereços IP de Chicago, que foram usados ​​como servidores em nome do KickassTorrents durante mais de quatro anos. Os agentes foram então capazes de obter legalmente uma cópia dos registos de acesso do servidor. Recorrendo a ferramentas semelhantes, os investigadores também usaram os resultados de uma pesquisa WHOIS num domínio que redireccionava as pessoas para o site principal do KAT. Facilmente, conseguiram extrair o nome, endereço, e-mail e número de telefone de um responsável pelo registo do site. No caso do kickasstorrents.biz, estava em nome de Artem Vaulin na localização de Kharkiv, Ucrânia.

Os investigadores com os dados do registo, foram capazes de vincular um endereço de e-mail da Apple que Vaulin supostamente usava para operar o KAT. Foi essa pista, a tal conta da Apple, que aparece para juntar todas as peças do suposto envolvimento do Vaulin.

Durante o processo de investigação, os inspectores identificaram uma conta de email da Apple, tirm@me.com que pertence a Vaulin. Os registos fornecidos pela Apple mostraram que o mail tirm@me.com conduzia a uma transacção no iTunes usando o endereço de IP 109.86.226.203, à data de 31 de Julho de 2015.

O mesmo endereço de IP foi usado no mesmo dia para fazer login na conta de Facebook do KAT. A seguir, no dia 9 de Dezembro de 2015, a conta tirm@me.com que usava o endereço de IP 78.108.181.81 levou a outra transacção no iTunes.

Após o KickassTorrents ter começado a aceitar doações Bitcoin em 2012, foram transferidos 72.767 dólares para uma conta Coinbase em nome de Vaulin. Essa carteira Bitcoin foi registada também com o mesmo endereço de e-mail.

 

O que irá acontecer agora?

As autoridades dos Estados Unidos já requereram o bloqueio dos sete domínios KAT citados na denúncia pelo seu papel na facilitação da pirataria. Embora o KickassTorrents ainda possa estar a funcionar nalguns sítios, através dos inúmeros serviços de proxy que o suportam, isso não deverá demorar muito a ser desmontado.

Por ironia do destino, foi a comprar música legal no iTunes que o rei da pirataria foi apanhado.

Los Angeles Times

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