Temos ouvido falar já desde há uns meses várias vozes que reclamam pelos updates nos iDevices sem recurso ao cabo que liga o dispositivo ao computador. A Apple por sua vez, com a filosofia de controlo sobre todos os processos que envolvam os seus produtos, tem preferência pelo processo tradicional de ligar o cabo ao iTunes e receber os updates de software. Já o disse e já o provou com a permanente insistência na dependência criada nos iDevices.
O caminho, no entanto, está traçado, a procura é extraordinariamente exigente e provavelmente será já uma realidade termos no próximo iOS 5 o conceito OTA, actualizações over-the-air, já existente no Android.
A questão que se coloca no entanto é se será mesmo necessário cortar as amarras dos fios para fazer updates ao sistema operativo dos produtos da Apple? É que este passo envolve e passa o controlo para terceiros, os fornecedores de serviços de dados. Será que o cliente ficará beneficiado?
Segundo algumas informações, a Apple estará já a negociar com a Verizon um serviço wireless para permitir as actualizações recorrendo à tecnologia “over-the-air”, no entanto ficam outras dúvidas quanto a outras redes como a AT&T para o mesmo efeito. Estas questões são pertinentes, tendo em conta o modelo que mais tarde será adoptado por este mundo fora, incluindo Portugal.
Os pressupostos desta nova tecnologia vão muito mais além que a simples alteração de formato de envio. Esta alteração mexe profundamente no tipo de estrutura que compõe o pacote de dados a actualizar, no serviço que transporta esses dados e na forma como serão integrados no sistema para actualização do equipamento. Há um elemento estrutural complexo e a Apple não se sente particularmente confortável com alguma variáveis passíveis de comprometer a estabilidade do formato.
Como devem saber, os pacotes de software para actualizações do iOS são enormes. A última actualização do iOS 4.3.3 exigia que se descarregasse mais de 600 MB de informação, o que será totalmente inviável fazer essa actualização em modo OTA recorrendo a uma rede de dados 3G ou mesmo a uma rede 4G.
Outra situação que se prende com os processos de segurança passa pelos backups que o iTunes executa em cada update. Caso um update corra mal, o que por vezes acontece, podemos sempre recorrer a esses backups, o que usando a OTA… não haveria como o fazer.
Uma outra solução será a Apple apenas permitir, como já o faz em aplicações para download, apenas downloads via Wi-Fi, ou então usando o sistema de descargas incrementais, como a Microsoft faz desde há muitos anos nos updates, fragmento após fragmento até estar tudo descarregado e pronto a instalar.
Não vejo viabilidade neste tipo de estrutura. Poderá no futuro haver um compromisso entre o que o utilizador necessita e o que a Apple pode oferecer sem comprometer o desempenho e a segurança de uma estrutura já montada e em pleno desempenho, cuidado com o que se pede, sob pena de desejarmos o que antes era perfeito.