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Interfaces Cérebro-Computador: aplicações, desafios e o futuro

As Interfaces Cérebro-Computador são sistemas que permitem, através do pensamento, executar comandos sobre computadores ou dispositivos eletrónicos. Esta tecnologia, baseada na leitura de impulsos elétricos cerebrais e respetivo processamento de sinal, começa a ser cada vez mais acessível ao cidadão comum quando anteriormente se cingia a espaços fechados, tais como laboratórios de investigação ou clínicas hospitalares.

E se, apenas com o pensamento, conseguíssemos atender uma chamada, ligar o carro ou abrir a porta de casa?


Cérebro… Interface universal

Quando falamos no Interfaces Cérebro-Computador, temos como grandes contributos para a sua divulgação Elon Musk e Mark Zuckerberg. Estes, em comentários recentes, deram como exemplos automóveis monitorizados com a mente ou a escrita por pensamento.

Enquanto que a empresa Neuralink está a recrutar especialistas nesta matéria, a multinacional Facebook criou um departamento de investigação tendo por objetivo a implementação de uma solução que permita escrever 100 palavras por minuto num computador, tablet ou smartphone, recorrendo apenas ao pensamento.

Face ao avanço tecnológico a que assistimos diariamente, associado à inteligência artificial cada vez mais presente no processamento de dados, a questão a colocar não será “se será possível” mas sim “quando será possível”. Os Brain-Computer Interfaces (BCI) apresentam-se hoje como uma tecnologia de elevado potencial, ainda que em fase embrionária.

Um exemplo de enorme sucesso na área médica refere-se à síndrome de Locked-In. Existem doentes que se encontram permanentemente acamados durante semanas ou meses, no estado consciente, mas sem que o seu corpo consiga comunicar com o exterior, conseguindo apenas ouvir e alguns têm sensibilidade ao toque.

Recorrendo à eletroencefalografia, com a colocação de sensores na cabeça do paciente, os BCIs permitem a leitura e identificação de padrões de pensamento. A partir do momento em que se consiga identificar claramente dois desses padrões, com o auxílio de um computador que processa e classifica o sinal, o doente conseguirá responder “Sim” ou “Não” às questões colocadas. Mesmo dentro das limitações descritas, imagine-se a alegria do doente e dos seus familiares ao estabelecerem esse canal de comunicação.

Muitas outras soluções são hoje utilizadas na área dos BCIs, tais como neuro-próteses, tratamento de distúrbios de atenção, neuro-reabilitação ou simplesmente diversão e lazer. Relativamente a este último exemplo, está a ser desenvolvida na Fundação Champalimaud o jogo MindX, tendo por objetivo “voar” por entre círculos que vão surgindo no ecrã. Para realizar este movimento o jogador recorre unicamente ao pensamento, controlando de forma natural os seus movimentos.

Contrariamente a outros sistemas apresentados um pouco por todo o mundo, esta solução desenvolvida por uma equipa de neurocientistas não requer dias de treino. A sua utilização é praticamente imediata, representando um enorme avanço e potencial de aplicabilidade sobre novos cenários.

Caso o leitor tenha interesse nesta área, siga o blogue “BCI over EEG” ou o Twitter com a mesma referência.

Por Pedro Morais para o Pplware

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