A empresa canadiana D-Wave Systems que desde 2007 desenvolve a sua actividade em torno do processamento quântico, trouxe esta semana ao mundo grandes novidades que podem representar um virar de página no que toca ao processamento.
A empresa anunciou que ultrapassou a marca de processamento de 1000 qubits (bits quânticos) recorrendo a um novo chip que tem o dobro do tamanho do último criado pela própria empresa.
O que significa ter o poder de processamento de 1000 bits quânticos?
Perceber o Processamento Quântico
Os computadores utilizados no dia a dia usam o bit como unidade de dados que pode ser armazenada ou transmitida. No caso dos computadores quânticos, estes trabalham com qubits, que se regem por parâmetros da mecânica quântica, um segmento da física cujas dimensões são próximas ou abaixo da escala atómica.
Devido a essa estrutura, os equipamentos com a mecânica quântica podem realizar simultaneamente uma grande quantidade de cálculos que, no método tradicional, por serem tão complexos, poderiam levar décadas, séculos ou até mesmo milhares de anos a serem processados. Nestes computadores quânticos, estes cálculos podem ser feitos em minutos. Mas este poder traz outras preocupações, principalmente ao nível da criptografia (segurança)!
O seu poder de processamento, facilmente conseguiria quebrar os códigos usados na protecção mais sigilosa, como por exemplo todos os dados bancários que suportam o circuito mundial financeiro, até mesmo ao mais básico sigilo cifrado do cartão de crédito.
Um passo enorme na Computação Quântica
Este avanço permite que o computador possa considerar o processamento de 21000 possibilidades simultâneas de cálculo, o que bate as anteriores 2512 possibilidades disponíveis com processador da geração anterior. Como pode ser lido no press release da empresa, o número de possibilidades que o novo processador considera é maior do que o número de partículas de todo o universo visível.
Esta evolução irá abrir portas nunca antes abertas, calcular em minutos sequências e problemas que há alguns anos o homem nem imaginava possíveis. Basicamente, a D-Wave Systems permitirá que um computador quântico possa resolver problemas computacionais mais complexos do que qualquer outro. A sua acção deixa o computador tradicional com unidade bit completamente obsoleto.
Quebrar a barreira dos 1000 qubits marca o resultado de anos de pesquisa e desenvolvimento dos nossos cientistas, engenheiros e fabricantes. Esse é um passo essencial para trazer a promessa da computação quântica para lidar com problemas mais desafiadores que as organizações possam enfrentar, sejam eles técnicos, comerciais, científicos ou de segurança nacional.
…Vern Brownell, CEO da D-Wave.
Fabrico avançado: Como o único fabricante de processadores quânticos escaláveis, a D-Wave inova com cada nova geração que desenvolve. Os novos processadores compreendem mais de 128.000 junções Josephson (junções túnel com eletrodos de supercondutores), fabricados em 6 camadas de revestimento de metal com características de 0.25μm, que se acredita serem os supercondutores de circuitos integrados mais complexos alguma vez construídos.
Baixa temperatura de operação: Enquanto a geração anterior do processador correu a uma temperatura próxima do zero absoluto, o novo processador precisa de funcionar 40% mais frio. A temperatura de operação mais baixa aumenta a importância de efeitos quânticos, o que aumenta a capacidade de discriminar o melhor resultado de uma colecção de bons candidatos.
Ruído reduzido: Através de uma combinação de design cuidado, melhorias arquitectónicas e materiais de alterados, os níveis de ruído foram reduzidos em 50% em comparação com a geração anterior. O ambiente de ruído mais baixo melhora o desempenho de resolução de problemas ao mesmo tempo aumentando a fiabilidade e estabilidade.
Para a indústria de computação de alto desempenho, a promessa da computação quântica é muito emocionante. Ela oferece o potencial para resolver problemas importantes que não podem ser resolvidos hoje ou demorariam uma quantidade razoável de tempo para isso.
Earl Joseph, vice-presidente da IDC ao HPC
A D-Wave não é a única nesta corrida, embora seja a que tem já resultados concretos, a Google também está nesta corrida. O futuro está cada vez mais próximo, ao ponto de, mais dia menos dia, não existir presente, pois a velocidade de processamento torna o futuro na actualidade e o presente está lá atrás no passado recente.