Este será o homem mais conectado do mundo. Usa 700 sensores e sistemas que gravam cada detalhe da sua existência.
O futuro será assim e caminhamos a passos largos para essa realidade. Hoje já vemos a direcção a seguir, são pulseiras e bandas que medem o nosso ritmo cardíaco, são sensores que contam os passos na nossa corrida ou braçadas quando nadamos, são gadgets que actualmente marcam os lançamentos e as tendências no mundo da tecnologia.
Chris Dancy foi mais longe e tem a sua existência totalmente digitalizada.
Cada um de nós tem uma consciência do que nos rodeia, qual a nossa reacção às várias circunstâncias da vida e como nos sentimos, tudo fica registado no nosso cérebro, mas não temos acesso aos relatórios, são informações que apenas servem para o nosso sistema se adaptar à vida. Contudo, num futuro próximo, a tecnologia será relevante na nossa adaptação ao viver!
Um developer de 45 anos, o americano Chris Dancy, será o ser humano mais conectado do mundo. Dancy usa uma série de sensores, dispositivos, serviços e aplicações que recolhem dados em tempo real sobre as suas actividades, sobre o ambiente em redor e sobre dados que podem ser transformados em informação relacionada.
Um total de 700 sistemas de monitorização fazem deste homem “o ser humano mais quantificado”, o que inicialmente o ajudou a conhecer-se melhor. “Passei os últimos 4 anos a ligar todos os dispositivos que uso a todas as tecnologias inteligentes em minha casa e canalizei todos os dados através de uma única plataforma online, para que eu possa pesquisar em toda a minha vida. Eu chamo-lhe o meu ‘inner-net’ “, disse ele.
“Innernet” subentende-se a fusão do conceito Internet com o termo “inner”, que em inglês quer dizer “interno”
Dancy não se mantém monitorizado apenas por diversão, ele dá um uso útil a todos estes dados recolhidos. Constantemente são recolhidos os seus hábitos alimentares e os seus movimentos e com isso conseguiu perder 45 quilos. “Eu sei o que beber, o que comer, quando devo dormir e quando tenho de me levantar. São coisas simples como essas” referiu Dancy. “É um tipo de hacking. Tal como nós fazemos uma alteração a um computador e a qualquer tipo de informação, o nosso corpo e mente são o maior sistema de informação da humanidade, conhecê-los e entendê-los torna-os permissíveis a alterações”.
“Quando toco nalguma coisa, tento ter a certeza que é algo de onde posso tirar informação para gravar, a seguir pesquiso-a, visualizo-a e partilho-a com as pessoas que eventualmente precisem dessa peça,” referiu.
Esta necessidade apareceu quando Chris Dancy se apercebeu que muita da sua informação que colocava online desapareceria quando o serviço que a armazenava era desligado. Perdia-se informação relevante e desde essa altura decidiu recolher digitalmente toda a informação que produzia.
Dancy transporta permanentemente dois smartphones (um iPhone 5s e um Moto X) além de uma parafernália de tecnologia “usável”, o que agora conhecemos agora como “wearables”. Um smartwatch Pebble no pulso transmite-lhe as informações dos seus smartphones, que por sua vez recolhem dados permanentemente dos muitos sensores. No outro pulso ele usa uma Fitbit Flex que monitoriza continuamente os seus movimentos e padrões de sono. Traz uma banda cardíaca no peito, uma Wahoo Fitness Blue HR, que monitoriza o ritmo cardíaco, um BodyMedia fitness em torno da parte superior do braço e um sensor de postura Lumoback que vibra quando detecta uma má postura corporal, este sensor está abaixo da sua cintura.
Para além de todos estes dispositivos e sensores, por vezes usa uns Google Glass. Tira proveito de inúmeros sensores existentes em sua casa, como um sistema de iluminação Hue que pode ser controlado por smartphones e uma banda de colchão Beddit, que também recolhe dados do seu sono.
Usa ainda um sensor Netatmo para monitorizar o som, a qualidade do ar e a temperatura. Usa os sensores de movimento Wemo para controlar alguns dispositivos. Um termostato Nest regula a temperatura na casa e o Nest Protect verifica os níveis de dióxido de carbono e fumo. Um dispositivo com tecnologia beacon, que se chama Estimotes, dá-lhe informações sobre o paradeiro das coisas (para não ter de andar à procura das chaves, por exemplo). O seu sistema de segurança e sistema de estatísticas do seu carro estão também interligados. Quem também não lhe sai debaixo de olho são os seus dois cães, ele monitoriza-os recorrendo ao sistema tagg Pet, localizadores de animais domésticos via GPS.
“A casa já conhece os meus comportamentos” disse o programador. “Se eu chego com stress e não durmo bem, quando acordo as luzes têm uma determinada cor, o quarto terá uma temperatura especifica e será uma determinada música que estará a tocar. A minha vida está predefinida baseada em todas estas informações que recolho em tempo real”.
Dancy refere que este método revolucionou a sua vida e está admirado como mais ninguém adoptou este conceito. Ele refere também que conhece algumas pessoas que estão interessadas no método que desenvolveu, que estão há mais de dois anos a trabalhar em projectos relacionados mas que até hoje nada apareceu de concreto.
Tudo tem de estar na conta certa, é o que se percebe das expressões mais cautelosas deste especialista, informação nas mãos erradas pode também não ser benéfico mas há hoje uma necessidade que pode ser colmatada com tanta tecnologia, apenas deve cada uma destas opções ser adaptada à realidade de cada um.
Por causa do seu estilo de vida único, Dancy é um indivíduo cobiçado pelas principais empresas de tecnologia e por start-ups de tecnologia. Todos querem estudá-lo e obter informação da sua experiência para desenvolvimento de produtos mais inteligentes. “Eu tenho-os todos, desde pessoas que queriam fazer copos inteligentes, pessoas que querem fazer roupas íntimas, outras empresas ligadas a bebidas e ainda outras ligadas a produtos de sportswear”.
Dancy não acredita que o futuro será mantermos-nos sempre conectados. “Não se trata de um frigorífico que sabe que você não gosta de manteiga”, disse ele. “Trata-se de um sistema de iluminação que lhe diz “levar um guarda-chuva, porque vai chover dentro de uma hora”, apenas pelo piscar azul perto da sua porta de saída. Ninguém precisa de algo para ler os seus textos ou falar consigo, são necessárias sim notificações muitos subtis”. Ele também acrescentou que os “wearables” estarão confinados ao mercado dá saúde nos próximos anos.
Na realidade conhecemos todos estes dispositivos (e muitos mais), mas falta uma linha conciliadora, um conceito de facto convergente para que tudo possa ser combinado e resultar num aumento de qualidade de informação vital. Afinal, o futuro já chegou há muito tempo, nós é que ainda não demos conta!
Via | odditycentral, Daily Mail, The Guardian