Embora o HTML5 seja o standard que se está a tornar o motor da web de amanhã, a infraestrutura que permitia a reprodução de vídeo utilizada por esta tecnologia estava longe de ser consensual. Por um lado o H.264 leva vantagem por ser um codec mais utilizado pela indústria, mas está altamente protegido por patentes. Por outro lado o Ogg Theora leva vantagem por ser totalmente livre e open source, embora aparentemente ficando atrás a nível de compressão / qualidade.
A Google, dá um passo de gigante para resolver o impasse que existia e a partir de hoje libertou o formato WebM como open source. O WebM é baseada no codec VP8, do qual a Google se tornou proprietária ao comprar a empresa On2. A eficiência deste codec sempre foi muito elogiada pelo seu rácio compressão / qualidade, e foi defendido por alguns especialistas na área como superior ao próprio H.264. Na vertente áudio a Google socorreu-se do codec Ogg Vorbis, cuja a sua qualidade se tem mostrado unânime.
Mas a nova aposta da Google vai bem mais além disso. A partir de hoje suportará o codec nas versões de desenvolvimento do Chromium, estando disponível uma primeira versão do Chrome com esta tecnologia em 24 de Maio. Para dar o exemplo e demonstrar as potencialidades desta tecnologia de reprodução vídeo, a Google irá disponibilizar uma opção no YouTube para que os utilizadores deste possam usufruir do WebM, à semelhança do que já faz com o H.264.
A Mozilla, um dos principais defensores do Ogg Theora e crítico da elevada dose de patentes a proteger o H.264, abraçou esta iniciativa da Google e também já a partir de hoje, as versões de desenvolvimento do browser da raposa flamejante, irão suportar o mesmo codec. A Opera também se irá juntar ao apoio à adopção desta nova tecnologia, com o seu suporte, segundo os seus responsáveis, a “chegar brevemente”.
No anúncio da criação do projecto WebM, sabe-se que todo o código estará disponível na bastante permissiva licença BSD, para quem o quiser utilizar e consultar. A Google aproveitou para anunciar os seus principais parceiros na vertente de software e hardware. Neste aspecto, destacam-se as seguintes empresas:
Software – Android – Skype – Adobe (que irá utilizar o codec para o seu flash player)
Hardware – AMD – ARM – MIPS – Marvell – NVidia – Qualcomm – Texas Instruments
Parece-nos uma atitude muito positiva da parte da Google. Assim poderá claramente, pôr um ponto final à guerra que andava a ser travada no último ano por parte desta, da Apple e Microsoft em favor do H.264 e a Mozilla e a Opera como defensores do Ogg Theora.
Será que este novo anúncio vem de alguma forma isolar a Apple e a Microsoft, não lhes dando alternativa? Ou a “inflexibilidade” que já marcou algumas das decisões das duas empresas falará mais alto?
Só os próximos tempos dirão se estas empresas irão abraçar esta nova tecnologia, com bastante vantagens. Mas claramente agora são três contra dois, colocando mais pressão nos dois gigantes da indústria informática. Todos nós devemos saudar o facto de alguns dos principais responsáveis pela inovação que hoje em dia existe na navegação web, estarem de acordo neste aspecto. Pode assim o HML5 dar, finalmente, os passos que necessita para revolucionar a forma como navegamos e vemos a Web. WebM Project
Actualização: Como os nossos leitores apontaram nos comentários, depois de termos escrito a notícia, a Microsoft anunciou que irá suportar o WebM. Vamos observar nos próximos dias se irá existir uma posição oficial da Apple.