A notícia foi hoje avançada pela revista SÁBADO, após detetar uma enchente de queixas a alegar burla e fraude. A empresa terá deixado de responder, “não atendendo o telefone e mantendo a loja física fechada”.
A revista SÁBADO falou com uma cliente que se sentiu defraudada pela Forall Phones este ano, corroborando aquela que tem sido a tendência no Portal da Queixa e em outros fóruns de avaliação.
Comprei lá vários telefones e nunca me deram problemas. Mas desta vez optei por comprar online e não na loja. Fiz a encomenda a 23 de fevereiro no site deles e no e-mail que recebi depois de fazer o pagamento eles diziam que o equipamento demorava entre 1 a 5 dias úteis a chegar.
Escreveu a SÁBADO, citando Sara (nome fictício já que a jovem preferiu não ser identificada), que revelou ter sido cliente da Forall Phones várias vezes ao longo dos anos.
Segundo contado, passados esses cinco dias, o telemóvel que comprara não chegou e Sara ligou à Forall para perceber o que tinha acontecido. Explicaram-lhe que, na verdade, o equipamento deveria demorar entre duas a quatro semanas, como constava no site. A jovem confiou e esperou o tempo indicado.
A história continua:
No final de março, nova tentativa para saber quando chegaria o telefone, tendo já passado as quatro semanas limites. Da Forall Phones responderam que afinal aquele telemóvel não estava em stock e que “por lapso estava disponível no site” quando Sara o tentou comprar. Dispuseram-se então a fazer o reembolso do valor pago pelo equipamento – 500 euros. Informaram que esse reembolso seria feito em 14 dias úteis.
Os 14 dias passaram e o dinheiro não foi recebido, tendo então a jovem deslocado-se até à loja física indicada no site, na Rua Joaquim Agostinho, em Lisboa. O espaço estava fechado com um papel na porta a informar que tinham encerrado temporariamente. Entretanto, o número de telefone deixou de estar atribuído e da conta de e-mail Sara também não recebia resposta.
Confirmado pela mesma fonte de informação, que alega não ter recebido respostas ao e-mail enviado à empresa para obter esclarecimentos, o número não está atribuído.
Ao aceder à página da Forall Phones no Portal da Queixa constata-se um índice de satisfação razoável de 58/100, considerando os últimos 12 meses, a par de queixas de atraso no reembolso e falha na entrega dos equipamentos. Também noutros portais, como o da Google, é possível detetar desagrado.
Forall Phones: “podemos estar perante uma burla”
À SÁBADO, Diogo Martins, do departamento jurídico da associação de defesa do consumidor DECO, referiu que “existem muitas camadas” nos episódios narrados e que, apesar de poderem constituir crime, não há garantia que assim seja.
Quando os clientes fazem uma encomenda a uma empresa e esta não cumpre o estipulado, depois de os clientes voltarem ao contacto a pedir o reembolso, a empresa tem 14 dias para devolver o dinheiro. Se essa devolução não acontecer no prazo de 15 dias, a lei estipula que os clientes têm direito a receber o valor em dobro.
Explicou o advogado, acrescentando que “se os clientes contactam de toda a forma que podem e a empresa não responde, podemos estar perante uma burla”.
Os lesados podem agir de várias formas, nomeadamente apresentar uma reclamação junto da PSP: “quantas mais pessoas reclamarem contra a mesma entidade, mais força ganham essas queixas”. Além disso, podem fazer uma queixa no livro de reclamações digitais, pois as empresas são forçadas a responder sob pena de a ASAE ser notificada.
Selo de confiança expirado permanece no website da marca
A Forall Phones mantém, no seu website, a indicação de que recebeu o selo de confiança emitido pela União Europeia. Este assegura aos utilizadores que podem confiar num determinado serviço online.
A SÁBADO contactou a Confio – uma iniciativa que resulta de uma parceria entre a ACEPI, Associação da Economia Digital, a Associação DNS.PT (.PT) e a DECO – e descobriu que o selo atribuído está expirado desde março de 2023.
O Selo foi atribuído a 12 de janeiro de 2021, após realização de uma auditoria ao website, e confirmação que, à data, cumpria com o Código de Conduta e Regulamento aplicáveis.
Informou a assessoria de imprensa da Confio, referindo que “uma segunda auditoria teria lugar caso o Selo fosse renovado em 2023, o que não aconteceu”.
Conforme citado pela SÁBADO, “a empresa foi contactada em 2023 e 2024 com a indicação de que o selo havia expirado, solicitando a sua consequente remoção do site”, pois “não havendo intenção de o renovar, deveria ser o mesmo retirado de imediato”.