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Férias: passeio à torre fortificada de Ucanha e paragem para comer os milhos

Ucanha é um daqueles locais que parece ter parado no tempo. Mas tem segredos a descobrir, desde a fantástica gastronomia até aos espumantes que borbulham nas redondezas. Ligue o GPS e faça-se à estrada com a família ou amigos.


Pagar portagens nunca foi um exercício agradável. No entanto, esta é uma prática muito antiga, como se pode comprovar em Ucanha, uma aldeia cujas origens centenárias contam histórias de mosteiros, frades e nobres.

Ucanha é uma pequena joia, incrustada no Douro Vinhateiro, uma aldeia secular dominada por uma ponte fortificada cujos primórdios remontam ao século XII, época em que D. Afonso Henriques fazia a vida negra aos castelhanos em busca da plena independência de Portugal.

Há quem defenda que a travessia sobre o rio Tarouca foi lançada pelos romanos, mas a sua mais conhecida história radica dos alvores da nacionalidade, designadamente com a doação dos territórios envolventes a Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz, aio de confiança do nosso primeiro rei.

O bucólico cenário que envolve os visitantes faz desta aldeia um destino imperdível e que merece uma vista demorada. Até porque para quem por lá calcorrear aqueles caminhos, pode contar com uma esmerada recompensa gastronómica. Pode ver de cima, mas o importante é ver no local. Mas vamos lá.

Ucanha: uma história secular

A história de Ucanha, pousada no Vale do Varosa, junto às águas do rio com o mesmo nome, está intimamente ligada à ponte e à imponente torre que se destacam na paisagem.

Acredita-se que a primeira edificação no local remonta aos alvores do século XII, altura em que aqueles terrenos estavam adstritos ao couto do Mosteiro de Salzedas. O que agora podemos observar é de uma época posterior (por volta do século XIV), com a ponte suportada por cinco arcos, sendo o central o mais extenso, precisamente para vencer o leito do Varosa.

A torre surge associada à ponte como forma de proteção e controlo de pessoas e bens. Na época medieval, as travessias sobre os rios não abundavam, pelo que a cobrança de uma portagem constituída um rendimento adicional às tradicionais rendas cobras sobre os terrenos.

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Implantada do lado do Mosteiro de Tarouca, a torre de Ucanha é de planta quadrangular, com três pisos, dispondo ainda de dispositivos militares para a defesa do território. Durante largos anos, foi o ponto de pagamento pela passagem.

Esta portagem só foi suprimida em 1504, o que levou ao desleixo com a manutenção do conjunto. Só nas primeiras décadas do século XX se levaram a cabo obras de restauro, para a forma com que chegou aos nossos dias.

Ucanha: o que visitar

Há muito para visitar em Ucanha e, principalmente, na envolvente. Para além de subir à torre (e ter um vislumbre da magnífica região vinícola envolvente), há testemunhos históricos que não deixam de causar admiração.

As ruínas românicas de Salzedas, na Abadia Velha, a Igreja Paroquial e a Judiaria antiga, são imperdíveis, num passeio que pode muito bem fazer em pé e sem grande esforço. É que só há mesmo uma rua.

Depois, pode ir até à aldeia vizinha e admirar o Mosteiro de Santa Maria de Salzedas (com a sua imponente nave central da igreja) e de seguida dar um pulo até ao Convento de Santo António de Ferreirim.

Imperdível neste roteiro de Ucanha é uma visita, ali pelas redondezas, às Caves da Murganheira, um complexo escavado em rochas de granito azul, que constituem o ambiente ideal para a conservação de um dos mais celebrados espumantes nacionais.

Desta forma pode observar in loco o processo de fabrico de uma bebida cuja maturação leva qualquer coisa como três anos.

O que deve comer

Quando o assunto é comer em Ucanha, há um nome que salta logo à vista. A Tasquinha do Matias é uma verdadeira instituição da região, um restaurante que é a continuidade da pequena tasca, como o mesmo nome, que a família que o explora já possuía no local.

Os tradicionais Milhos (uma das 7 Maravilhas Gastronómicas de Portugal) são de comer e chorar por mais, mas há muitas outras opções, todas elas de qualidade superior.

Não perca a Marrã à Matias, o Cordeirinho em Forno de Lenha (só ao fim de semana), as Moelas Grelhadas, os fabulosos Secretos de Porco Preto ou o Bazulaque à Abade de Cister, um prato com miudezas de porco e vitela e que também tem a sua origem em tempos antigos. De fazer crescer água na boca. Literalmente.

Onde pode ficar

Ucanha é uma aldeia pequena, pelo que a oferta hoteleira não é extensa. Mas é de grande qualidade.

Há algumas unidades de Alojamento Local, como a Casa da Botica. Mas ali à volta há outras referências, como o fantástico hotel Douro Cister ou várias unidades de turismo rural.

 

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