A Internet das Coisas está a conquistar o seu espaço, está a moldar os dispositivos e a adaptar a forma como interagimos com a tecnologia. Há soluções atuais que estão desenquadradas e há novos conceitos que estão a aparecer.
Os cientistas da Universidade de Carnegie Mellon olham para o futuro e vislumbram um cenário caótico se nada for feito para gerir a enorme quantidade de dispositivos inteligentes. A ideia será esses próprios dispositivos, que irão controlar praticamente tudo nas nossas vidas, fazerem a gestão entre eles. É aqui que entre o conceito Deus EM Machina.
Mas o que é Deus EM Machina?
Vamos começar por perceber o conceito Deus EM Machina. Isto é, estamos a falar de programação de uma tecnologia que que detecta todo e qualquer electrodoméstico e dispositivo electrónico através da sua assinatura electromagnética.
Assim partimos para uma aventura que poderá ser a chave para a organização do futuro dos dispositivos ligados à Internet das Coisas.
Como funciona?
Deus EM Machina é um sistema que detecta as radiações electromagnéticas dos dispositivos, identifica o dispositivo em causa e lança automaticamente a app que gere esse aparelho. Dessa forma, não é necessário nada mais que aproximar o smartphone, por exemplo, para gerir a sua televisão ou um projector multimédia. Tudo o que está ligado ao mundo IoT estará no radar deste sistema.
Apple tentou chegar perto do conceito com o seu HomeKit
Em 2014 a Apple lançou a sua aplicação/plataforma HomeKit. Esta plataforma da Apple permite aos programadores desenvolver interfaces que possam ser agregadas a uma única app e esta poder gerir tudo. O problema desta plataforma é que todas as referências têm de ser avaliadas pela Apple e os produtos igualmente terão de ser aprovados pela empresa, tornando tudo muito mais lento a evoluir.
No fundo é uma “identificação manual dos equipamentos”, inserindo software que os identifica.
Assinatura das ondas eletromagnéticas dos equipamentos
Todos os dispositivos eletrónicos, mesmo estando em modo stand-by, emitem ondas eletromagnéticas, como tal a equipa da Future Interfaces Group da Universidade de Carnegie Mellon (NY) equipou um Moto G de 2015 com um sensor de ondas electromagnéticas que consegue captar as emissões dos dispositivos. Com este sensor o equipamento passou a conseguir detetar as diferentes assinaturas eletromagnéticas dos aparelhos, identificar cada um deles para poder lançar a app que gere esse dispositivo.
A equipa mostra que, com muita facilidade, se consegue controlar uma impressora, um computador, um termostato, TV, projector, entre muitos outros dispositivos.
Embora o sistema conseguisse detetar 98% das vezes o dispositivo, a equipa ainda identificou alguns problemas. Por exemplo, dois produto iguais irão produzir “assinaturas” eletromagnéticas muito similares, uma lâmpada inteligente do quarto irá transmitir praticamente a mesma assinatura que a da sala. Para tal a equipa continua a trabalhar de forma a contornar o problema e afinar o produto com base noutros parâmetros que possam distinguir com precisão os aparelhos identificados.
Facilidade de utilização e segurança
O ponto chave desta tecnologia, em jeito de resumo, consiste em eliminar uma camada de software de identificação do dispositivo, vai facilitar a identificação de todo e qualquer aparelho pela sua assinatura electromagnética, o que permite disparar logo a app que gere esse dispositivo sem que o utilizador a vá ter de procurar e abrir.
Como esta assinatura das ondas eletromagnéticas dos equipamentos existe de forma “nativa”, nasce com cada aparelho, haverá menos investimento na parte da criação dessa identificação, recursos libertados para o lado do software. Depois, recorrendo a um vasto leque de tecnologias de comunicação (NFC, bluetooth, Wi-Fi, entre outras) a ordem de comando é imediata. Além disso, há uma parte da identificação do indivíduo versus o dispositivo que quer usar.
Agora podemos imaginar as infindáveis possibilidades que esta tecnologia nos irá oferecer para gerir tudo à nossa volta.