…analisadas e enviadas para a polícia!
As suspeitas são mais do que muitas e as notícias começam a circular pela net: tanto o Facebook como outras redes sociais estão a monitorizar as conversas dos utilizadores com propósitos de vigilância criminal. No caso de ser considerado algo suspeito ou criminoso, nesta invasão de privacidade, os próprios gestores das plataformas sociais encarregam-se de notificar a polícia.
Tudo começa com um fino processo de triagem, ou seja, através das conversações estabelecidas nas redes sociais há um software que analisa esse conjunto de conversas e detecta se existem determinados comportamentos ou palavras-chave que despoletam os alarmes daquilo que pode ser, ou não, uma actividade criminal.
Este software de reconhecimento high-tec foi orientado para dar mais atenção aos utilizadores que tenham já uma conexão menos própria ou estável e mesmo se o seu perfil mostra alguma anomalia que à partida pode levar a um crime, como por exemplo, as conversas entre pessoas de idades muito diferentes, no caso do assédio sexual de menores.
Dentro dos parâmetros estabelecidos, se o programa encontrar algum relevo anormal de imediato os funcionários de segurança são alertados para analisar o eventual crime (ou pré-crime). Caso se justifique, segundo os critérios sabe-se de lá quem, chama-se a polícia.
Esta situação deixa algumas questões, como pode ser o caso de não se saber se APENAS esse tipo de comportamento é analisado ou se todas as conversas, mesmo aquelas privadas e confidenciais, são auscultadas. Mas pior, ninguém sabe se as conversas são mantidas nalgum registo, por quanto tempo e se acabam por ser eliminadas…
Esta informação da monitorização dos chats do Facebook chega pela mão de uma entrevista feita pela Reuters ao Delegado Chefe de Segurança, Joe Sullivan. Segundo o próprio, pelo menos um suspeito predador sexual de crianças foi levada a julgamento como resultado destas análises ao mensageiro do Facebook.
Em comunicado sobre a questão o Facebook informa “Nunca quisemos definir um ambiente onde temos funcionários que vêem as comunicações privadas, por isso é realmente importante que nós usarmos a tecnologia que possui uma taxa de falsos positivos muito baixa”.
É público que o próprio Facebook trabalha no sentido de, em especial, desmascarar agressores sexuais condenados, como aliás se pode ver NESTA página. Também segundo o Facebook existem mais intimações e ordens judiciais na calha a serem divulgadas aos olhos da lei. Mas em comunicação vão mais à frente afirmando “Podemos partilhar informações quando acreditamos que a mesma pode evitar fraudes ou outras actividades ilegais, para evitar danos corporais iminentes, ou para proteger a nós mesmos e das pessoas que violem a nossa Declaração de Direitos e Responsabilidades. Isso pode incluir a partilha de informações com outras empresas, advogados, tribunais ou outras entidades governamentais. ”
Com tanto zelo e boa vontade em desmascarar supostos criminosos, o Facebook pode cair num grave erro de invasão abusiva da nossa privacidade, deixando assim de fornecer um serviço público para passar a ser mais um polícia cibernético. E vocês, gostariam que as vossas conversas fossem monitorizadas à força?