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Confissões de um “Windows fanboy”! A inevitabilidade do Android

Quem me conhece sabe que sou o que há de mais parecido com um “Windows fanboy”. Não ao ponto de usar o Bing em vez do Google (posso ser um fanboy, mas não sou estúpido…), mas de evitar o mais possível qualquer coisa que não tenha a chancela da Microsoft.

Até hoje nunca me arrependi. Até hoje. Hoje foi o dia em que encomendei um smartphone Android. Sim, a sério. Mesmo. Palavrinha de honra.

Ainda não sei bem o que me espera, mas desconfio. A minha filha mais nova já tem um (apanhar Pokémon é uma tarefa dura), o meu filho também (upgrade direto de um feature phone Nokia) e acredito que a minha filha mais velha irá pelo mesmo caminho (o ginásio onde anda tem uma app… para iOS e Android, mas não para Windows Phone, claro). Falta a minha mulher, (ainda) super-satisfeita com o seu Nokia 515. E eu.

Resistir ao inevitável

No contexto do meu perfil de utilização de tecnologia, o que mais tenho que se aproxima a uma admiração pela Microsoft (e pela Nokia, já agora) é o desprezo pelo universo Apple. Que daria para outro artigo (ou para teses de psiquiatria…) e que agora não vem ao acaso.

Mas que ajuda a perceber algumas coisas. Por exemplo, que não gosto de pagar mais do que acho razoável por qualquer tecnologia nova (pagar “pela marca”, por exemplo, está fora de questão). E prefiro esperar um pouco do que pagar o custo de ser “early adopter”. Aplicada esta lógica aos smartphones isto significa que o meu primeiro smartphone (da geração “pré-apps”) foi um Nokia N80 Internet Edition; seguido – já quando o resto do pessoal andava fascinado com o iPhone – por um Nokia E75.

A primeira vez que peguei num smartphone e o utilizei por um período de tempo razoável foi na verdade um Android de uma marca que prefiro não nomear, com uma das primeiras versões do sistema operativo (e não gostei da experiência). A razão, na altura, foi simples: precisava de ter comigo mais de duas contas de email, que era o máximo que o Nokia E75 era capaz de gerir.

Do que tive mais saudades, ao mudar – ainda que brevemente – para Android foi do Nokia PC Suite, cuja sincronização com o PC ainda hoje não foi imitada. Aliás, na altura desta minha fase Nokia pré-Lumia, fazia coisas com o meu smartphone e notebook que a maioria dos meus amigos ficava a salivar: escrever SMSs no computador e enviá-los no telemóvel; usar o modem do Nokia para acesso 3G do notebook; sincronizar contactos e calendário com o Outlook. Um luxo.

Entretanto fui assistindo às dificuldades que a Microsoft tinha em acompanhar a concorrência com um sistema operativo móvel que fizesse sentido… até chegar o Windows Phone 7, no final de 2010.

Mas foi preciso esperar até 2012 e à junção de vontades entre duas das minhas empresas favoritas, por intermédio do Nokia Lumia 900, para o meu primeiro smartphone “a sério”. E para uma série de Lumias que tenho usado até hoje: 900, 820, 735, 830…

A situação das apps

Adoro o meu Lumia 830. Tirando a (péssima) autonomia da bateria, é uma máquina fantástica. O facto de possuir uma excelente câmara fotográfica e um botão dedicado a ela é algo que não entendo porque não foi imitado pelos restantes fabricantes. Coisas como o carregamento sem fios, o “double tap to wake”, o “glance screen”, o “flip to mute”, a resposta directa a um SMS a partir do ecrã de notificações…

Dizem-me que no Android podemos ter isso tudo e muito mais, através de apps. Concedo. Mas é óptimo poder ter tudo isso directamente (bem) implementado no hardware e no sistema operativo. Além disso, há algo que mais nenhuma plataforma possui e de que eu sou fã incondicional: a interface, nomeadamente a forma de personalizar o ecrã inicial e a facilidade com que encontramos as aplicações instaladas.

Então porquê mudar? Escrevi no meu blog sobre o chamado “app gap” no início de 2014  e aquilo que pensava então, mantém-se hoje: o problema, para mim, não é nem a funcionalidade do sistema operativo – antes pelo contrário – nem a falta das principais apps na plataforma (e já agora, quem tenha tido a paciência de ler o artigo, irá concluir que, em 2014, eu ainda tinha esperança de que o Windows Phone ganhasse massa crítica).

O problema é a falta de uma imensidade de pequenas apps. A app da Rede Expressos, a app do Banco “x”, a app do ginásio, a app do sistema multiroom, da smartTV, do…

O meu ponto de viragem foi uma reunião que tive há cerca de duas semanas com um cliente, um distribuidor de electrónica de consumo: dos quatro produtos novos que me mostrou, todos precisavam de apps para funcionar e… nenhum tinha app para Windows Phone.

Outra coisa que, não sendo específica do meu Lumia 830, é um problema real do Windows Phone, é a reduzida autonomia. Nas minhas mãos, uma carga esvai-se em cerca de 6 horas, o que não é aceitável. Ainda considerei comprar um Lumia 950, que agora estão muito baratos na Amazon, mas só iria resolver o problema da bateria e não o das apps. E, no final do dia, a falta de determinadas apps acaba por limitar o potencial do Windows Phone.

Agora, finalmente, percebo os fãs da Apple nos anos 90: adoravam o hardware e o sistema operativo, mas sofriam e invejavam os utilizadores do Windows e todas as suas aplicações.

No fundo, é nisso que o Android se transformou: no Windows dos dispositivos móveis. O sistema operativo que todos usam, um ecossistema que pode não ser tão polido como o da Apple mas que compensa isso pela vastidão das opções disponíveis, quer a nível de hardware, quer de software.

Tomada a (difícil) decisão, agora só faltava escolher a máquina que me irá acompanhar nesta nova aventura. O problema? Os meus requisitos são apertados: a máquina tem de ter “stock Android” ou perto disso, uma bateria que dure um dia inteiro (ou mais), ecrã de 5,5’’, processador Snapdragon (todos sabemos a situação dos MediaTek quanto a updates do Android…), leitor de cartões microSD e, se possível, botões físicos (troquei o meu Lumia 735 pelo 830 porque não consegui viver sem os botões físicos…). Apesar de, em tempos, insistir na necessidade de uma bateria removível, já cheguei à conclusão que, quando a bateria se for, também está na hora de trocar de smartphone.

Ah, e gostava de não gastar mais de 220/230 euros (ou cerca de 200€+IVA). Eu sei, eu sei – quero galinha gorda por pouco dinheiro. Mas até pode ser um modelo do ano passado, desde que o fabricante tenha garantido já a actualização para Nougat. Não vos disse que não faço questão em ser “early adopter”?

Apesar de já ter escolhido e comprado a máquina, fico curioso: o que comprariam vocês com esta “wish list”? Prometo que depois revelarei qual a minha compra nos comentários. E desejem-me sorte.

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