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Como é um iPad feito na Fabrica da Foxconn?

Serão as polémicas realmente verdade?

Esta semana recebi o novíssimo The New iPad da Apple, e fiquei fascinada. A simplicidade, rapidez de manuseio e fácil integração entre serviços que o iOS 5 proporciona são, na verdade, os pontos que mais me surpreenderam na utilização deste novo dispositivo da Apple. No entanto, a maioria das críticas feitas à empresa de Cupertino são acerca das fábricas Foxconn, ver aqui, aqui e aqui. Mas terão essas polémicas fundamento? Um jornalista do Marketplace visitou a Foxconn e tirou conclusões diferentes.

A ideia que se tem das fábricas Foxconn é que utilizam uma má prática no que respeita ao trabalho humano. Os trabalhadores executam tarefas durante longo tempo, com baixos rendimentos e recompensas, e as condições de trabalho também deixam muito a desejar. Mas será esta a realidade?

Após o jornalista Mark Daisey ter criticado as condições de trabalho da Foxconn, o jornalista Rob Schmitz, correspondende da Marketplace China em Shanghai, decidiu contrapor essa opinião e entrar no mundo da fábrica chinesa de forma a comprovar que as condições não são aquilo que se julga. Schmitz foi a segunda pessoa que até agora teve a oportunidade de estar para lá dos portões da Foxconn.

Para isso,  Schmitz elaborou um vídeo com essa realidade, onde constata várias diferenças do que o senso comum induz.

A versão completa da reportagem está disponível em audio:

[audio:https://pplware.sapo.pt/audio/como-e-um-ipad-feito-na-fabrica-da-foxconn-chinesa.mp3]

O jornalista capta momentos bastante interessantes, como o início do dia dos trabalhadores da Foxconn, pelas 7 horas da manhã, e podemos verificar uma vasta fila de pessoas que entram para o seu posto de trabalho. No entanto, antes de o fazerem ainda recebem recomendações e orientações de um supervisor.

Já na fábrica propriamente dita, Schmitz exporta momentos da construção do novíssimo iPad da Apple. Numa primeira fase, os trabalhadores montam a motherboard do aparelho, e o cenário onde é realizado aparenta ser bastante cuidado. O jornalista demonstra também que a Foxconn alberga várias máquinas e linhas de montagem que elaboram o trabalho mais minucioso, no entanto sempre com o olhar atento do humano.

Numa outra fase é a colocação e fixação da bateria no iPad 3. Schmitz ainda salienta que os trabalhadores da Foxconn, após alguns dias de trabalho, variam a tarefa realizada [de forma a não se adquirirem comportamentos automatizados, por estarem a fazer sempre a mesma acção].

 

Relativamente a salários, uma outra questão tão pertinente, o jornalista salienta que o valor é de 14 dólares por dia, podendo chegar aos 378 e 420 dólares/mês e que, após alguns anos esse valor duplica.

A colocação do ecrã LED é uma das últimas etapas para a montagem do iPad 3, e mais uma vez as condições parecem ser bastante aceitáveis. O vídeo mostra os funcionários com vestuário adequado e acessórios de segurança, um número máximo indicado de pessoas no mesmo local laboral, o espaço cuidado.. penso serem pontos chave para que as actividades fabris decorram com normalidade.

 

O iPad ainda é submetido a uma máquina que o faz rodar compulsivamente, de forma a testar o giróscopo, sistema importantíssimo no iPad, e outros sistemas móveis. Feito isso, são realizados mais alguns testes de ecrã, e o Novo iPad está pronto para ser embalado e distribuído pelo Mundo desenvolvido.

O vídeo ainda demonstra o espaço dedicado à selecção e recrutamento de pessoal para a empresa e, como se pode verificar, são muitos aqueles que querem obter um trabalho na Foxconn que, por sua vez, recebe centenas de candidatos todos os dias. Candidatos esses que chegam a viajar durante dias desde a sua localidade, na esperança de um emprego. Não é por acaso que, comparativamente a outras fábricas na China, a Foxconn é considerada pelos próprios trabalhadores, como a melhor de todas.

E a pensar no bem estar dos seus trabalhadores, a empresa investiu também vários milhões de dólares na construção de campos e espaços onde estes praticam exercício físico e actividades lúdicas ao ar livre. E ainda, contrariamente a outras empresas, a Foxconn demonstra-se responsável ao realizar o pagamento de salários no prazo estipulado.

Na perspectiva do jornalista, é claro que existem incidentes e são naturais uma vez que a fábrica lida com pessoas e num número consideravelmente grande. No entanto, quando essas situações ocorrem, são por vezes sensacionalistas.

Foxconn é uma empresa que desenvolve produtos de várias marcas, e uma grande fatia desses produtos pertence à Apple. Actualmente ocupa o 60º lugar no Global 500 e emprega quase 1,2 milhões de pessoas, dados actualizados até ao presente mês, no global dos vários países onde opera, China (Sede), Brasil, Hungria, Polónia, Eslováquia, Republica Checa, India, Malásia e no México, onde em cada uma, trabalham aproximadamente 200 mil pessoas (240 mil nas instalações em Shenzhen).

Schmitz considera a Foxconn mais que uma empresa, mas sim um estilo de vida, onde 240.000 pessoas trabalham e dessas 50.000 vivem em dormitórios partilhados e anexos à empresa. Na Foxconn existe ainda uma rua principal, revestida com ma variedade enorme de oferta comercial, como restaurantes de fast-food, bancos, cafés, mercearias, fotógrafos e bibliotecas.

Créditos de Imagem e Vídeo: Rob Schmitz/Marketplace

Qual a sua opinião acerca das práticas na Foxconn? Pensa que estas revelações podem promover a popularidade da Foxconn pela positiva?

Um agradecimento ao Hélder Ferreira pela colaboração neste artigo.
Homepage: MarketPlace

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