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CEO ganharam quase 200 vezes mais do que os seus funcionários no ano passado

O inquérito anual da Associated Press concluiu que os diretores-executivos de empresas do S&P 500 ganharam quase 200 vezes mais do que os seus funcionários, no ano passado.


O estudo publicado pelo Associated Press sobre a remuneração dos diretores-executivos incluiu dados sobre as remunerações de 341 executivos de empresas do S&P 500 que trabalharam pelo menos durante dois anos fiscais consecutivos nas suas empresas, e apresentaram declarações de procuração entre 1 de janeiro e 30 de abril.

Segundo os dados analisados pela Equilar para a Associated Press, o pacote de remuneração típico dos diretores-executivos que dirigem as empresas do S&P 500 aumentou quase 13% no ano passado, ultrapassando facilmente os ganhos dos funcionários. O pacote salarial médio dos diretores-executivos aumentou para 16,3 milhões de dólares, mais 12,6%.

Os diretores-executivos foram recompensados pelo facto de a economia ter demonstrado uma resiliência notável, sustentando fortes lucros e impulsionando os preços das ações. Após superarem a pandemia, as empresas enfrentaram desafios decorrentes da persistência da inflação e do aumento das taxas de juro. Cerca de duas dúzias de diretores-executivos incluídos no inquérito anual da Associated Press receberam um aumento salarial de 50% ou mais.

Conforme partilhado por Kelly Malafis, sócia fundadora da Compensation Advisory Partners, em Nova Iorque, “neste mercado pós-pandémico, o desejo dos conselhos de administração é recompensar e manter os diretores-executivos quando sentem que têm um bom líder”. Segundo disse, “tudo isso combinado leva a um aumento da remuneração”.

Uma grande parte dos pacotes salariais consiste em prémios em ações, que o diretor-executivo recebe, quando a empresa cumpre determinados objetivos, normalmente um preço ou valor de mercado mais elevado das acções ou melhores lucros operacionais.

Em 2023, o diretor-executivo da Broadcom, Hock Tan, ocupou o lugar de executivo mais bem pago, com um pacote salarial de 162 milhões de dólares. Outros diretores-executivos com pacotes salariais consideravelmente chorudos foram William Lansing da Fair Isaac (66,3 milhões de dólares); Tim Cook da Apple (63,2 milhões de dólares); Hamid Moghadam da Prologis (50,9 milhões de dólares); e Ted Sarandos, co-CEO da Netflix (49,8 milhões de dólares).

 

Diferenças salariais existem. Será que desmotivam funcionários?

Numa altura em que a inflação exercia uma pressão considerável sobre os orçamentos dos americanos, os salários e benefícios líquidos dos funcionários do setor privado aumentaram, apenas, 4,1% em 2023.

Em metade das empresas incluídas no inquérito salarial deste ano, o funcionário que se encontra a meio da escala salarial da empresa demoraria quase 200 anos a ganhar o mesmo que o seu diretor-executivo.

Escreveu o Associated Press.

Na perspetiva de Sarah Anderson, que dirige o Global Economy Project no Institute for Policy Studies, o fosso nos rendimentos entre os executivos de topo e os funcionários contribui para a insatisfação geral dos americanos com a economia.

Assim como em Portugal, “a maior parte do foco aqui é a inflação, que as pessoas estão realmente a sentir, mas elas estão a sentir mais a dor da inflação, porque não estão a ver os seus salários a subir o suficiente”.

Recorde-se que, em maio, Pedro Soares dos Santos, diretor-executivo do Grupo Jerónimo Martins, foi manchete por auferir 288 vezes mais do que o que paga, em média, aos funcionários, segundo o Relatório e Contas da Jerónimo Martins.

O CEO do Pingo Doce voltou a ser considerado o executivo mais bem pago do país entre as empresas do PSI, o principal índice bolsista. Em 2023, recebeu cinco milhões de euros, o equivalente a 400 mil euros por mês e a mais de 13 mil euros por dia. Segundo a imprensa nacional, o bolo salarial dividiu-se em remuneração fixa (1,4 milhões de euros), variável (2,5 milhões) e planos de pensões (um milhão).

 

Mulheres no mundo da direção-executiva

O inquérito do Associated Press incluiu mais mulheres do que nos anos anteriores. Contudo, o número de mulheres que ocupam cargos de chefia continua a ser ínfimo, em comparação com os seus homólogos masculinos. Dos 341 diretores-executivos incluídos nos dados da Equilar, 25 eram mulheres.

Lisa Su, diretora-executiva e presidente do conselho da Advanced Micro Devices (AMD)

A diretora-executiva e presidente do conselho da Advanced Micro Devices (AMD), Lisa Su, foi a CEO mulher mais bem paga na pesquisa AP pelo quinto ano consecutivo no ano fiscal de 2023.

As outras CEO mais bem pagas incluem Mary Barra, da fabricante General Motors (27,8 milhões de dólares); Jane Fraser, do gigante bancário Citigroup (25,5 milhões de dólares); Kathy Warden, da empresa aeroespacial e de defesa Northrop Grumman (23,5 milhões de dólares); e Carol Tome, da UPS (23,4 milhões de dólares).

Veja a análise completa à remuneração dos diretores-executivos que dirigem as empresas do S&P 500 aqui.

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