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Blogues nas empresas aumentam transparência

O guru da blogosfera Bruno Giussani defendeu que os blogues aumentam a transparência das empresas e a sua proximidade com o público, clientes e accionistas, dando-lhes a sensação de que conhecem, entendem e participam no funcionamento da companhia.

 

 

“A primeira [vantagem dos blogues] é o aumento da transparência para o público, para os clientes da empresa e para os accionistas. Mas a maior vantagem é mesmo fazê-los sentir que conhecem a empresa, entendem a cultura da companhia e participam de alguma forma no funcionamento da empresa”, disse Bruno Giussani, investigador, empresário e antigo director de estratégia do Fórum Económico Mundial de Davos.

O especialista falou à Agência Lusa da “revolução” dos blogues e dos novos desafios das empresas, tema que vai aprofundar hoje na terceira edição das Conversas da Unicer a decorrer no Museu da Electricidade.

Para Bruno Giussiani, o “Blogging” é “um desafio” que precisa de ser interiorizado, fomentado e aprendido pelas empresas, começando depois lentamente a entrar na rotina.

Considerando os cerca de 20 mil “bloguistas” existentes em Portugal um “número significativo”, Bruno Giussani salientou contudo que as empresas ainda são muito cépticas na sua utilização, um facto que atribui a uma relutância histórica e cultural quanto a um aumento da transparência.

Questionado sobre os riscos que as empresas correm ao utilizar os blogues como ferramenta de comunicação, Giussani admitiu existirem alguns riscos, mas não grandes.

“Há sempre risco, a beleza da Internet é que todas as pessoas estão ali, mas o perigo é também que todas as pessoas estão ali, boas e más pessoas”, disse o especialista.

Bruno Giussani explicou que o maior risco para as empresas surge quando o acesso ao seu blogue é livre e acessível a todos os funcionários, uma vez que estes “podem contar um segredo ou transmitir informação confidencial”.

Mas esta é uma situação rara, pois “na generalidade, as empresas que permitem que os seus funcionários ‘bloguem’ estabelecem regras orientadoras, têm de respeitar a lei e as regras do mercado”.

“Então, o risco não é assim tão grande”, resumiu.

Quanto ao uso dos blogues pelos utilizadores e clientes, já a situação é diferente. Segundo Giussani, têm um impacto significativo nas empresas, “porque de repente podem difundir uma mensagem que pode ser negativa para a empresa ou descobrir alguma coisa” e colocá-la no blogue.

“Podem ir para um hotel e descobrir um rato no restaurante, tirar uma fotografia e pô-la no blog, o que é uma forma de comunicação muito mais poderosa para o utilizador do que simplesmente enviar uma carta de reclamação para a empresa, porque qualquer pessoa pode vê-lo”, exemplificou.

Para Giussani, os blogs são uma ferramenta extremamente democrática, uma vez que qualquer pessoa com ligação à Internet pode “blogar”, publicar, discutir e comentar as ideias de outras pessoas, apenas por trás de um computador e gratuitamente.

Além dos blogues, o especialista destacou o importante papel dos telemóveis na vida actual, pelo “impacto directo” que têm na vida das pessoas e sua capacidade económica.

“A tecnologia que está hoje a fazer realmente uma grande diferença nos países em vias de desenvolvimento não é a Internet, mas sim os telemóveis. Isto é importante. Quase três mil milhões de pessoas em todo o mundo usam telemóvel, ou seja, uma pessoa em cada duas”, salientou.

Em regiões como África, acrescentou, existem 200 milhões de utilizadores de telemóvel, o que considera “incrível”, se se pensar que há apenas cinco anos existiam apenas 20 milhões.

A “revolução” dos blogues, a oportunidade que representam para as empresas e a sua fraca expressão no mundo empresarial português estão hoje em destaque nas Conversas da Unicer, consagradas ao tema “Blogosfera: inimiga das empresas ou um novo universo das relações públicas?”.

Bruno Giussani participa numa discussão sobre os efeitos da blogosfera na comunicação das empresas, durante uma sessão que conta com a presença do editor do Público Online, António Granado, do professor de gestão Eduardo Correia, do consultor de comunicação, Luís Paixão Martins, da responsável da plataforma dos blogues da Sapo, Maria João Nogueira, e do pioneiro da blogosfera em Portugal, o jornalista Paulo Querido.

Foi em 1994 que Justin Hall começou o primeiro diário na Internet, criando aquilo a que hoje se chama de blogue. Catorze anos depois, existem mais de 112 milhões de blogues no mundo. LUSA

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