Associação de software diz que Magalhães são uma “fábrica de piratinhas” Os portáteis Magalhães, que estão à venda nas lojas e a ser distribuídos nas escolas do ensino básico, são “uma fábrica de piratinhas”. A crítica é de Manuel Cerqueira, presidente da Associação Portuguesa de Software (ASSOFT), um grupo que reúne as subsidiárias em Portugal de grandes multinacionais como a Microsoft e a Adobe, e do qual faz parte a própria JP Sá Couto, empresa responsável pelos Magalhães.
Manuel Cerqueira argumenta que o Estado não está a fazer com que as crianças sejam sensibilizadas para o problema da pirataria informática, que há pouca supervisão na utilização dos portáteis e que há o risco de as crianças aprenderem desde cedo a instalar aplicações informáticas sem pagar por elas.
Cerqueira nota que Portugal já tem taxas de pirataria acima das médias mundial e europeia. Um relatório da analista IDC, publicado em Maio a pedido da Business Software Alliance (de que a ASSOFT é parceira), estima que, em 2008, 42 por cento do software instalado em computadores em Portugal era ilegal, resultando numa perda de 142 milhões de euros para a indústria. A média global é de 41 por cento e na Europa Ocidental este valor fica-se pelos 33 por cento, com a Islândia, Malta, Grécia, Chipre e Itália a estarem acima de Portugal na taxa de software pirateado.
A Europa Ocidental é a segunda região do mundo com menor percentagem de software pirata — fica atrás apenas da América do Norte, onde só uma em cada cinco aplicações é ilegal. O topo deste ranking é ocupado pela Europa de Leste e Central e pela América Latina, regiões onde dois terços do software são piratas.
Para avaliar a percentagem de software pirateado, a IDC faz uma estimativa do número total de aplicações adquiridas legalmente num país. Depois, estima o número de computadores e, através de inquéritos a consumidores e empresas, procura determinar quantos computadores receberam software novo num determinado ano. A diferença entre o software que os inquiridos dizem ter instalado e aquele que foi vendido legalmente permite obter um valor aproximado da taxa de pirataria.
Segundo o documento, a percentagem de software pirateado em Portugal tem-se mantido relativamente estável ao longo dos últimos quatro anos. Manuel Cerqueira, contudo, lembra que no início da década de 1990 o software pirata representava mais de 90 por cento do total de aplicações instaladas. E diz estar confiante em que a nova Lei do Cibercrime, que entrou em vigor esta semana, dê mais instrumentos para combater a pirataria nas empresas. Público