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Aperta-se o cerco ao teletrabalho: Amazon manda toda a gente de volta para o escritório

Apesar de parecer ter vindo para ficar, o teletrabalho ainda não é pacífico em todas as empresas. A Amazon já avisou que no início de 2025 todos os trabalhadores de escritório regressam cinco dias por semana ao seu posto de trabalho. Mas a questão não é pacífica.


Cada vez mais empresas estão a torcer o nariz a modalidade laborais como o teletrabalho ou mesmo o modelo híbrido. Agora foi a gigante Amazon a informar os seus trabalhadores de escritório que a partir de 2 de janeiro do próximo ano não será permitido o teletrabalho, exceto em circunstâncias extraordinárias.

Esta decisão marca o retorno à política de trabalho pré-pandemia, que exigia a presença no escritório cinco dias por semana, salvo situações especiais, como doença, emergências domésticas ou viagens de trabalho.

O CEO da Amazon, Andy Jassy, afirmou que a empresa acredita que a presença no escritório é mais benéfica para os negócios, referindo que “as vantagens de estarmos juntos no escritório são significativas”, como a melhoria do trabalho em equipa, da aprendizagem e da cultura organizacional. Jassy ainda referiu que os últimos 15 meses, em que os funcionários já voltaram ao escritório pelo menos três dias por semana, reforçaram essa convicção.

A GMB, sindicato que representa trabalhadores da Amazon no Reino Unido, criticou a medida, considerando-a mais um exemplo da má reputação da empresa como empregadora, dizendo mesmo que está ao nível “das piores do mundo desenvolvido”.

Os funcionários da Amazon na sede da empresa em Seattle protestaram contra o regresso parcial ao mandato no ano passado. | Crédito… Grant Hindsley para o The New York Times

Pandemia acelerou teletrabalho

A verdade é que, nos últimos anos, o teletrabalho tornou-se uma prática comum, especialmente impulsionada pela pandemia de COVID-19, que forçou muitas empresas a adotar modelos de trabalho remoto.

No entanto, à medida que a situação pandémica foi melhorando, várias empresas começaram a reconsiderar as suas políticas de teletrabalho e, em alguns casos, estão a recuar nas permissões de trabalho remoto. Esta tendência tem gerado debates sobre a eficiência, produtividade e o impacto no bem-estar dos colaboradores.

Durante a pandemia, a medida permitiu que milhares de trabalhadores mantivessem as suas atividades a partir de casa, garantindo a continuidade dos negócios em tempos incertos. Para muitos, foi uma oportunidade de melhorar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, reduzir o tempo de deslocação e até aumentar a produtividade.

Mas com o gradual regresso à normalidade, muitas organizações começaram a reavaliar os benefícios do trabalho remoto. Não só a Amazon, mas também empresas como a Google têm tomado medidas para limitar o teletrabalho, exigindo que os colaboradores regressem ao escritório pelo menos alguns dias por semana.

Motivos para o recuo no teletrabalho

Existem várias razões pelas quais as empresas estão a recuar no trabalho remoto. Um dos principais argumentos apresentados pelas organizações é a diminuição da colaboração e inovação.

Empresas como a Meta e a Apple sublinharam que a interação presencial entre equipas é essencial para a criatividade e para a resolução de problemas complexos, algo que o ambiente digital não consegue replicar completamente.

Outra razão apontada é a necessidade de manter a cultura corporativa. Quando os funcionários trabalham de forma remota, pode ser mais difícil manter um sentido de comunidade e propósito comum. Para muitas organizações, a cultura de empresa é um fator fundamental na retenção de talentos e na criação de um ambiente de trabalho positivo.

Além disso, o controlo e avaliação do desempenho são outros fatores que levam as empresas a reverter a permissão de teletrabalho. Embora muitos estudos indiquem que os trabalhadores remotos são, em média, mais produtivos, algumas empresas acreditam que é mais fácil monitorizar e avaliar o desempenho dos funcionários quando estão no local de trabalho.

Repercussões para os trabalhadores

O recuo no teletrabalho não tem sido bem recebido por todos. Muitos trabalhadores adaptaram-se ao teletrabalho e consideram que esta forma de trabalhar oferece benefícios tangíveis, como a redução do stress relacionado com as deslocações e a melhoria do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Aliás, algumas empresas que tentaram reverter as políticas de teletrabalho enfrentaram resistência por parte dos seus colaboradores.

Mas a verdade é que o teletrabalho, total ou parcial, parece ter vindo para ficar em várias indústrias. Setores como a tecnologia e os serviços financeiros, por exemplo, continuam a oferecer uma maior flexibilidade, permitindo que os trabalhadores escolham o modelo que melhor se adapta às suas necessidades.

Encontrar um equilíbrio

No entanto, se algumas empresas recuam nas suas políticas de teletrabalho, outras continuam a apostar na flexibilidade como uma estratégia de atração e retenção de talentos.

Num mundo cada vez mais competitivo, oferecer opções de teletrabalho pode ser um diferenciador importante para atrair trabalhadores qualificados, especialmente aqueles que valorizam um maior controlo sobre o seu tempo e espaço de trabalho.

O futuro do teletrabalho será moldado por um equilíbrio entre as necessidades empresariais e as expectativas dos trabalhadores. E esta já mostrou ser uma ferramenta poderosa e flexível, com impactos significativos na forma como trabalhamos e vivemos.

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