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A Terapia da Fala e a Internet…

Por Sónia Coelho para o Pplware O mundo da Internet está a cada dia mais enraizado na nossa sociedade. Esta mudança comportamental massificou as novas formas e comunicar: a voz  e a imagem pela Internet fazem parte de uma realidade onde o ser humano deixou de se deslocar para “estar” presente.

Quem não consome hoje em dia podcast e screencasts? Sim são os novos meios de propagação de informação que correm o mundo de forma instantânea. Cada um de nós pode agora ser um pivô da nossa estação de televisão, pode ser o locutor de rádio e pode ser um entertainer sem que os meios técnicos hajam como impedimento. Este é o novo mundo ao alcance de cada um.

Mas temos de ter alguns cuidados quando comunicamos, tem de haver algum rigor, é aqui que ao nível profissional se recorre à Terapia da Fala.


A Terapia da Fala é uma profissão ligada à área da saúde que abrange a prevenção, avaliação e intervenção de todas as situações de patologia da comunicação humana – fala, voz e linguagem oral e escrita, qualquer que seja a sua origem, na criança, no adolescente, no adulto ou no idoso.

A Internet e voz

Com um leque tão variado de patologias para intervir, o terapeuta recorre muitas vezes à internet para encontrar material de trabalho assim como para aumentar os seus conhecimentos. A internet também é muito útil na divulgação da profissão, pois ainda é nos meios não profissionais, uma área desconhecida.

Contudo é na área da voz que a Internet se tem mostrado mais útil para os terapeutas e profissionais desta área, principalmente ao serviço dos “profissionais da voz”.

A voz é uma característica humana intimamente relacionada com a necessidade do homem se agrupar e comunicar. É produto da nossa evolução, e é produzida pela vibração das pregas vocais, sendo modificada pela boca, lábios e a língua.

A voz está associada à fala, na realização da comunicação verbal e pode variar quanto ao volume, tom, inflexões, ressonância, dicção e muitas outras características.

Assim sendo, para poder avaliar correctamente um utente, o terapeuta faz inicialmente uma análise perceptiva – na qual é feita uma interpretação e percepção de forma subjectiva através da audição humana, consistindo, esta análise, na “apreciação” que cada ouvinte/ terapeuta faz da amostra de voz, de acordo com os vários parâmetros da qualidade vocal. Quando necessária uma avaliação mais rigorosa, recorremos à análise acústica – que permite quantificar os parâmetros acústicos que compõem o sinal sonoro, de forma não invasiva.


A análise acústica é feita, entre outros métodos, através de programas que permitem a gravação, a edição e a análise dos sinais acústicos, entre eles o Audacity, PRAAT Analyser, Wavesurfer, Dr. Speech, Speech Station, SFS (Speech System File), Speech analyser.

A oferta de programas digitais no mercado é diversificada e mais ou menos acessível, pelo que a internet se torna muito útil, fornecendo o download grátis de alguns destes programas, como é o caso do Audacity, do PRAAT ou do Wavesurfer.

Na intervenção directa com profissionais da voz – professores, locutores, jornalistas…, em que requerem características vocais óptimas – boa dicção, projecção vocal, ressonância, … de forma a que a mensagem seja perfeitamente transmitida e garantindo uma boa preservação do seu órgão fonatório, o terapeuta intervém directamente fazendo algumas sessões de aconselhamento e técnica vocal para modificar hábitos errados, assim como a aquisição de novos hábitos de saúde vocal.

Nos aconselhamentos para uma boa saúde vocal, salientamos sempre a importância de:

Para um melhor desempenho vocal é necessário um correcto aquecimento vocal, com um bom suporte respiratório – manter o corpo erecto, inspirar profundamente sentindo o abdómen e as costelas expandirem; assim como algum treino de relaxamento, ressonância e dicção, variando de caso para caso.

Alguns exercícios de relaxamento geral são os exercícios de rotação de ombros e pescoço; espreguiçar, tentando chegar com as mão ao tecto, etc…

Para o relaxamento do tracto vocal poderão ser feitos alguns exercícios, tais como: bocejar com e sem som; mastigar exageradamente com e sem som; fazer vibração da língua e de lábios, sem e com som.

Para aumentar a ressonância são geralmente trabalhados exercícios com sons nasais contínuos e modelados e a produção de palavras orais/ nasais (como por exemplo, vede/vende).

Quanto à dicção, podem ser feitos exercícios como, com um obstáculo entre os incisivos dizer destrava línguas ou sílabas como pa/ta/ka e fá/sá/chá.

Desta forma, permite-se a prevenção da fadiga vocal e futuras lesões; uma voz suave e “fácil”; a redução de edemas discretos das pregas vocais; uma maior flexibilidade das pregas vocais; e uma maior e melhor projecção da voz (Behlau, 2004).

Assim, prevejo que no futuro também na área da internet o terapeuta da fala seja um bom colaborador, por exemplo na produção de screencasts, para um melhor e mais aperfeiçoado mundo on-line!

Referências Bibliográficas
 Behlau, M.(2004). Voz: o livro do especialista (Vol.I, 2ªed.). Rio de Janeiro: Revinter.
 Guimarães, I., 2007, A ciência e a arte da voz humana, Alcabideche: Edição da ESSA.
 Moutinho, L. (2000). Uma Introdução ao Estudo da Fonética e Fonologia da Português. Lisboa: Plátano Editora.

 

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