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ONU alerta para o perigo dos implantes cerebrais de IA: “Podem manipular as pessoas”

A corrida tecnológica está a acontecer em várias frentes e serão poucas as que não representam riscos e perigos. Hoje, falamos dos implantes cerebrais, na sequência de um alerta da Organização das Nações Unidas (ONU).


É ambição de algumas empresas desenvolver chips para serem implantados no cérebro das pessoas. Ainda que o objetivo apregoado seja notável e, diga-se, louvável, há riscos associados. Afinal, embora impressionante, estamos, literalmente, a entrar na cabeça das pessoas.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) organizou uma conferência, em Paris, para debater as preocupações éticas que surgem com o desenvolvimento de neurotecnologia. O evento alerta para o risco que este tipo de tecnologia representa para a liberdade e a privacidade dos pensamentos das pessoas.

 

Conferência explora os riscos dos implantes cerebrais

Do leque de empresas que está a desenvolver implantes cerebrais baseados em IA, há muitas a preocupar a ONU. A mais recente chamada de atenção está relacionada exatamente com a sua aplicação na neurotecnologia. Especificamente, com o risco de implantar chips de IA no cérebro dos seres humanos.

Segundo Mariagrazia Squicciarini, economista da UNESCO, utilizar a IA “é como colocar esteroides na neurotecnologia”. A agência organizou a conferência, abrindo espaço para o debate sobre as implicações éticas da tecnologia no tratamento de problemas neurológicos.

A conclusão é que existe uma total falta de proteção; de facto, não se pode imaginar menos proteção para os dados do cérebro.

Disse, durante a conferência, Rafael Yuste, investigador do Centro Nacional de Neurotecnologia de Espanha e da Universidade de Columbia, que participou num estudo no qual foram analisados os acordos entre consumidores e utilizadores de 18 das principais empresas de neurotecnologia do mundo.

De facto, a neurotecnologia pode ajudar a resolver muitos problemas e a melhorar, de forma considerável, a vida das pessoas. No entanto, “também pode aceder e manipular o cérebro, produzindo informação sobre as nossas identidades e emoções”, conforme recordou Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO.

Em 2021, a UNESCO desenvolveu um manual de recomendações sobre a ética da IA. O documento, que foi adotado por 193 Estados-membros, centra-se em quatro pilares: direitos humanos, garantia da paz, diversidade e inclusão, e ambiente. A UNESCO defende que este poderia ser o ponto de partida para a criação de um quadro regulamentar internacional.

Por sua vez, a ONU partilhou que apela à expansão e diversificação da investigação sobre neurotecnologia e inteligência artificial. Afinal, para já, mais de 80% das publicações no domínio da neurociência foram produzidas por apenas 10 países, e apenas seis detêm 87% das patentes de neurotecnologia.

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