O desenvolvimento no campo da robótica tem sido admirável, com empresas a construírem máquinas verdadeiramente semelhantes aos seres humanos – fisicamente, claro. Num objetivo que parece estar a alargar-se, a China está a apostar em robôs humanoides, que substituirão os trabalhadores nas fábricas e armazéns.
Durante a World Robot Conference, esta semana, em Pequim, mais de duas dúzias de empresas chinesas mostraram robôs humanoides concebidos para trabalhar em fábricas e armazéns, segundo a Reuters. A par destas, outras exibiram as peças necessárias, fabricadas na China, para construí-los.
A indústria de robôs humanoides da China demonstra claras vantagens na integração da cadeia de abastecimento (e) nas capacidades de produção em massa.
Opinou Arjen Rao, analista do LeadLeo Research Institute, sediado na China.
À semelhança da estratégia que adotou com os carros elétricos há vários anos (e cujos resultados temos conhecido), o impulso da indústria da robótica, na China, está a ser concretizado por via de apoio governamental, uma concorrência implacável em matéria de preços e uma cadeia de abastecimento muito sólida.
Esta aposta na robótica conta com o apoio da política do Presidente Xi Jinping, que procura desenvolver “novas forças de produção” no domínio da tecnologia. Este terá sido, aliás, um aspeto referido nos panfletos da World Robot Conference.
O país está de tal forma comprometido com este objetivo que a cidade de Pequim lançou um fundo estatal de 1,4 mil milhões de dólares para a robótica em janeiro, enquanto Xangai anunciou, em julho, planos para criar um fundo de 1,4 mil milhões de dólares para a indústria.
De acordo com a agência noticiosa, os robôs humanoides mostrados durante a World Robot Conference desta semana pertencem a alguns dos mesmos fornecedores nacionais que aproveitaram para investir na indústria dos veículos elétricos, incluindo através de baterias.
Há uma grande margem para reduzir os custos. A China é especialista em iteração e produção rápidas.
Disse Hu Debo, diretor-executivo da Kepler Exploration Robotics, uma empresa que cofundou, no ano passado, tendo sido inspirado pelo robô humanoide Optimus da Tesla. A empresa chinesa está a desenvolver a quinta versão de um robô operário para fábricas. O preço de venda será, conforme esperado pela empresa, inferior a 30.000 dólares.
Em janeiro, a Goldman Sachs previu que o mercado global anual de robôs humanoides atingiria 38 mil milhões de dólares até 2035, com cerca de 1,4 milhões de encomendas para aplicações industriais e de consumo.
China já tem robôs humanoides a operar em fábricas
A UBTECH Robotics, cotada em Hong Kong, tem estado a testar os seus robôs em fábricas de automóveis. Começou com a Geely e anunciou, na quinta-feira, um acordo para testá-los numa fábrica chinesa da Audi.
Segundo Sotirios Stasinopoulos, gestor de projeto da UBTECH, “até ao próximo ano, o nosso objetivo é chegar ao fabrico em massa”, tendo 1000 robôs a trabalhar nas fábricas, num “primeiro passo para uma implantação em grande escala”.
Embora a UBTECH utilize chips da Nvidia nos seus robôs, mais de 90% dos componentes são provenientes da China.