Apesar da procura pela igualdade, os grandes nomes e rostos da tecnologia são, ainda, masculinos. A par do mérito que lhes deve ser atribuído, importa também dar a conhecer outras frentes, encabeçadas e direcionadas por e para mulheres. Já ouviu falar no termo FemTech?
Chama-se Ida Tin e, depois de se envolver em alguns negócios pouco relacionados, cofundou, em 2012, uma aplicação que reúne, hoje em dia, 11 milhões de utilizadores mensais: a Clue. A plataforma de saúde menstrual foi uma das primeiras a ajudar as mulheres com o acompanhamento do período, permitindo-lhes rastrear os seus ciclos, bem como os efeitos secundários relacionados com o humor, níveis de energia e hábitos alimentares.
Enquanto via a sua plataforma a crescer, Ida Tin foi percebendo uma lacuna: apesar de estarem a surgir cada vez mais no mercado, não havia uma comunidade que juntasse as pessoas que se dedicavam ao desenvolvimento de serviços e produtos relacionados à saúde das mulheres.
Eu estava a tentar perceber como falávamos de nós e dos nossos produtos… Por isso, queria mesmo algo que conseguisse juntar tudo sob um só guarda-chuva.
Revelou Ida Tin, à CNBC. Esta ânsia resultou, em 2016, no termo FemTech.
FemTech reúne a tecnologia e a inovação que é desenvolvida para as mulheres
Segundo a CNBC, o termo engloba todo o tipo de tecnologia e inovação concebido para abordar questões de saúde que “afetam unicamente, desproporcionalmente, ou de forma diferente” a saúde das mulheres, desde aplicações de rastreio do ciclo menstrual e produtos de bem-estar sexual, a dispositivos médicos cardiovasculares e terapias de saúde mental.
É um pouco mais fácil dizer que se está a investir na FemTech do que, sabe, uma empresa que ajuda as mulheres a não fazerem xixi nas calças… Fez uma espécie de ponte para os homens também, o que era importante, ainda é importante, porque muitos investidores são homens.
E tenho de dizer que fiquei surpreendida, mas vejo realmente como está a ressoar globalmente.
Disse Ida Tin, aplaudindo o termo.
De acordo com uma estimativa calculada por uma organização sem fins lucrativos focada na FemTech, o mercado terá um valor estimado de 1,186 biliões de dólares, até 2027. Esse inclui produtos e serviços concebidos para enfrentar 97 condições de saúde que “afetam unicamente, desproporcionalmente, ou de forma diferente” a saúde das mulheres, abrangendo 23 subsecções da saúda feminina, como menopausa, saúde óssea, aborto, saúde cerebral, saúde cardiovascular e reprodutiva, entre outras.
Apesar disso, Ida Tin acredita que o setor não está a receber o investimento ideal:
Ainda estamos a receber “peanuts to play” quando se vê a quantidade de dinheiro que foi investido em, sabe, e-scooters, partilha de carros… Eles apenas têm tanto dinheiro para construir empresas muito impressionantes. Ainda não vi esse tipo de financiamento.
Temos de nos esforçar tanto para provar o nosso valor ao longo desta viagem. Conseguimos angariar muito dinheiro e, comparativamente, temo-nos saído bem. Mas penso que sempre fomos subfinanciados, honestamente.
Conforme demonstra a evidência, as empresas fundadas por mulheres recebem menos financiamento e, segundo a Ultra Violet Futures, mais de 80% das startups da FemTech foram fundadas por mulheres.