A tecnologia ao serviço das pessoas, da saúde e bem estar, é sem dúvida a melhor aplicação possível. Afinal, para que serve a tecnologia sem as pessoas?
Para diagnosticar alguns tipos de cancros, foi desenvolvida uma tecnologia que apenas precisa de um smartphone e de uma gota de sangue. Vamos conhecer melhor este equipamento inovador.
Actualmente, as pessoas só depois de terem sintomas é que se apercebem que algo está errado e mesmo assim, ainda há milhões de pessoas que não têm acesso a métodos de detecção precoce do cancro, mesmo estando o mundo médico ciente que detectar o cancro numa fase precoce é a coisa mais favorável para determinar a sua cura.
Actualmente já existem tecnologias capazes de interpretar os sinais do nosso corpo de forma eficaz, há conhecimento e há conceitos testados. Segundo o grupo de investigadores por trás deste projecto, actualmente a biotécnica está a avançar seis vezes mais depressa do que o ritmo de crescimento do poder de processamento dos computadores. Mas o progresso na biotécnica, além de estar acelerado, também está a ser democratizado.
Há cada vez mais facilidade de usar os progressos biotécnicos pois estes, tal como o segmento dos smartphones ou dos computadores, estão cada vez mais nivelados. Isso permite uma visão mais abrangente e determinada para usar novas abordagens.
Miroculus, o milagre para a detecção precoce do cancro
Chama-se Miroculus e é um dispositivo que apenas necessita da ajuda de um smartphone e de um mililitro de sangue para poder identificar casos de doença.
Uma equipa de cientistas e tecnólogos, de origens bem diferentes como o Chile, Panamá, México, Israel e Grécia, crêem ter descoberto uma forma rigorosa e segura de detectar vários tipos de cancro, em fases muito precoces, através de uma amostra de sangue.
Esta análise é possível recorrendo a detecção de um conjunto de moléculas muito pequenas que circulam livremente no nosso sangue chamadas microARNs.
O que são as microARNs?
São pequenas moléculas com um papel importante no desenvolvimento do cancro. Quando o tumor (cancro) está presente no nosso corpo, dá-se uma alteração da proteína em todas as células cancerígenas. As proteínas são grandes moléculas biológicas que têm vários papeis dentro do nosso corpo. Há vários tipos de proteínas, umas por exemplo que respondem aos estímulos, outras catalizam reacções biológicas e há também as que reproduzem o ADN.
Estas últimas, antes de se reproduzirem, parte relevante do seu código genético, presente no ADN, são copiadas para o mensageiro ARN. Este mensageiro fica com as instruções de como reproduzir uma especifica proteína. Potencialmente, o mensageiro ARN pode produzir centenas de proteínas, mas são os microARNs que dizem como reproduzir e quanto reproduzir.
Estas moléculas têm um comportamento variável, ao contrario do DAN que é fixo, dependendo das condições internas e ambientais em qualquer momento e é isso que torna os microARNs tão especiais e um elemento fundamental na detecção de alterações que indiquem a existência de um cancro em formação, mesmo que seja numa fase extremamente inicial.
Como funciona o Miroculos?
Facilmente é usado o dispositivo, pois quem está a operar o Miroculus apenas necessita de extrair uma gota de sangue do paciente. Essa amostra é depois colocada numa placa que está dentro de um cilindro de plástico que foi feito numa impressora 3D.
Como podemos ver na imagem, na parte super superior há um encaixe para colocar o smartphone. Este é colocado e uma app que usa a câmara do smartphone, o Miroculus consegue identificar a presença de 96 diferentes tipos de microRNAs. Estes, como vimos em cima, podem apontar a presença de cancro de fígado, na mama, pâncreas e pulmão. Para já a amostra do paciente só poderá indicar estes tipos de cancro, mas o desenvolvimento da tecnologia irá ajudar a detectar muitos outros.
O diagnóstico demora cerca de 1 hora e isso também é outra das vantagens desta nova tecnologia. Em uníssono, o mundo da investigação aponta como um sucesso a presença de materiais simples, baratos e eficazes. Fabricar este sistema custa 50 vezes menos que os actuais sistemas de detecção de cancro.