Muitas pessoas fazem exercício porque precisam da estar numa boa forma física e até porque traz vantagens em termos de saúde. Ainda bem que se faz exercício mas… e se com um comprimido pudesse ajudar a melhorar essa forma física, a manter o corpo tonificado sem sacrifício e sem encharcar a camisola de suor?
Esse cenário não é uma fantasia ridícula, mas sim um objectivo científico sério. Tão sério ao ponto dos investigadores terem já publicado um grande avanço nesta área: vamos conhecer o modelo das reacções moleculares para o exercício.
A tecnologia está em todo o lado com o objectivo de melhorar os processos, acções e comportamentos… tudo pode ser melhorado ou reformulado. Assim, o exercício, tal como o conhecemos, pode um dia ser reformulado!
Uma droga vale por horas de exercício
Esta surpreendente e, provavelmente, até escandalosa realidade foi publicada no site Cell Metabolism no passado dia 2 de Outubro. Os resultados mostram que o exercício faz com que aconteçam 1.000 alterações moleculares nos músculos esqueléticos.
Dr. Nolan Hoffman, um dos autores do estudo e investigador associado da Escola de Biociências Moleculares da Universidade de Sydney, diz que o objectivo é identificar as alterações mais importantes, para que estas possam ser replicadas usando medicamentos.
Nós criámos um plano de exercícios que estabelece as bases para futuros tratamentos e o objectivo final é imitar os efeitos do exercício. Desde há muito tempo que se pensa haver muitos sinais induzidos pelo exercício, mas nós fomos os primeiros a criar este mapa e agora sabemos a sua complexidade.
Referiu Dr. Nolan Hoffman.
Espectrometria de massa
O trabalho em volta desta ideia, está já num estado bastante avançado. O grupo de investigadores da Universidade de Sydney e da Universidade de Copenhaga estão a trabalhar em conjunto recorrendo a uma técnica que se chama ”espectrometria de massa“, que visa estudar as alterações das proteínas no músculo esquelético após o exercício.
Assim, quatro homens saudáveis foram submetidos a uma biopsia muscular antes do exercício, de seguida, cada um deles teve de pedalar o máximo que conseguisse numa bicicleta ergométrica por um período de 10 minutos. Logo após o exercício foram, novamente, feitas biopsias para recolher tecido muscular e enviaram as amostras para o laboratório.
1000 alterações num único medicamento?
O facto de cada vez que fazemos exercício produzirmos mil alterações moleculares, torna este projecto muito complexo. Isto porque nenhuma droga terá a capacidade de entregar 1000 efeitos. Assim, os testes que estão a ser realizados têm como foco identificar as principais e mais importantes alterações biológicas e essas sim podem ser replicadas com um medicamento.
Para chegarem a esse patamar, os investigadores pretendem criar um plano de exercícios para indivíduos doentes, por forma a identificar as diferenças importantes relativamente às pessoas saudáveis.
Medicamento poderá estar disponível numa década
O modelo de exercício criado e com os vários cenários identificados, levou três anos a produzir-se. Contudo, a pílula capaz de replicar os efeitos do exercício físico no ser humano, poderá estar disponível somente daqui a 10 anos, como referiu Dr. Hoffman. No entanto, os investigadores estão afincadamente a trabalhar neste projecto.
Quem poderia beneficiar com este medicamento?
Claro que muita gente prefere fazer os exercícios para saborear tudo o que de bom a actividade física (outdoor ou indoor) proporciona tanto ao nível físico como mental. Mas este medicamento do exercício poderia trazer grandes benefícios aos idosos, assim como poderia ajudar pessoas com obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Não será um presente para os preguiçosos?
Sim, pode ser, mas como em todo o avanço medicinal na área dos químicos, há vantagens muito maiores que qualquer desvantagem social, este tratamento pode transformar a vida de milhões de pacientes com as mais variadas patologias.