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HTC Magic – A magia negra da HTC

O Android veio agitar o mercado até agora disputado entre plataformas proprietárias móveis. Depois do sucesso protagonizado pelos primeiros modelos do sistema operativo móvel criado pela Google um pouco por todo o mundo, chegou recentemente ao nosso país o primeiro dispositivo com a plataforma open source. A TMN disponibilizou-se para nos emprestar uma unidade para testes do novo HTC Magic. Enfrentámos então o desafio e eu tive a tarefa árdua (ou talvez não) de o testar por uma semana.

O HTC Magic está disponível actualmente no nosso país na sua versão preta reluzente. É um smartphone que não deixa ninguém indiferente à primeira vista, pelo seu desenho atractivo e linhas elegantes. Além do seu aspecto, outro pormenor que facilmente transparece neste dispositivo são as suas 116 gramas de peso que quase não se sentem no bolso.

Mas não é só de aspecto e leveza que este dispositivo vive, os seus pergaminhos permitem dar cartas em outras áreas. Confira para já as características de uma das pérolas de orgulho da HTC:

Das características anteriores destaco o suporte do formato áudio livre de patentes OGG (nativo do próprio Android), que infelizmente tantas vezes é negligenciado em outros smartphones.

De salientar ainda uma excelente bateria com uma carga de 1340 mAh, bastante superior ao que é habitual vermos em dispositivos da plataforma Windows Mobile. O que leva a crer que, com um pouco de cuidado e algumas configurações, juntamente com boas práticas, se poderá obter um tempo razoável de autonomia. Mas já que falamos em bateria justifica-se referir que dos testes superficiais que foram feitos em relação à autonomia deste aparelho, o equipamento revelou um comportamento bastante aceitável.

As condições de uso implicaram uma utilização ocasional de wireless, navegação em aplicações originais do dispositivo ou descarregadas do Google Market e claro, receber e efectuar chamadas. O HTC Magic durou cerca de 3 dias, nestas condições, sem recarregar. No entanto quando o receptor GPS embutido no HTC Magic é activado a autonomia é consideravelmente reduzida para bem menos que isso.

Devido a questões de tempo não tive a possibilidade de verificar se a autonomia melhora ao longo das primeiras duas semanas de cargas regulares sempre que o indicador da bateria vai abaixo dos 50%, como é sugerido por alguns utilizadores no fórum da HTC. Contudo, a julgar pela experiência descrita pelos mesmos tudo leva a indicar que sim.

Quanto à câmara fotográfica com 3.2MP está a um nível aceitável sendo equivalente à de outros modelos da marca como o HTC Touch Diamond, podendo tirar fotografias com resolução até 2048 x 1536 pixeis.

Dispositivo e acessórios

Como é natural quando compra qualquer aparelho, vêm associados a este acessórios. Embora a caixa que serve de invólucro ao HTC Magic seja de pequenas dimensões, verá que além do HTC Magic contém todos os acessórios a que está habituado em smartphones do género. Verifique a lista de acessórios que lhe apresentamos de seguida:

Navegabilidade

O telefone em si tem seis teclas que podem (e em alguns casos têm que) ser usadas na navegação do HTC Magic para interacção com o sistema Android.

Principal > Atalho directo para o ecrã principal do Android (Home). Quando este botão se mantém pressionado, são mostradas todas as aplicações a correr em segundo plano, ao estilo de um gestor de tarefas.

Menu > Tecla essencial numa navegação no Android, dá acesso quando se estiver a navegar na Home (ecrã principal), a um menu de opções para configurar vários aspectos do Android. Quando se encontrar a correr uma aplicação no Android, esta tecla é da máxima importância para ter acesso a outras opções da aplicação, bem como a opção para ajustar configurações próprias da aplicação.

Anterior > Como o próprio nome diz, esta tecla é útil numa navegação Android permitindo-lhe voltar facilmente ao ecrã anterior e, quando pressionada múltiplas vezes, vai até ao ecrã Home.

Pesquisar > Permite-lhe independentemente do recurso que esteja a utilizar, invocar a caixa de pesquisa do Google para poder procurar qualquer combinação de palavras-chave na Internet (precisará obviamente de acesso Wireless ou 3G ligado).

Chamar (tecla verde) > Tecla padrão para poder efectuar chamadas ou poder aceder à lista de números recentemente utilizados em chamadas telefónicas.

Terminar/Energia (tecla vermelha) > Tecla padrão para poder desligar/rejeitar chamadas; é também a tecla utilizada para ligar o HTC Magic. Quando mantida pressionada poderá ter acesso a configurações como o modo “avião” ou poderá ainda desligar o smartphone.

Tem ainda ao dispor mecanismos adicionais para controlar pequenas funcionalidades do HTC Magic, a bola direccional do Android fornece de uma forma fácil, um mecanismo de navegação pelas várias opções do Android, dispensando em algumas situações o toque no ecrã táctil.

Lateralmente e do lado esquerdo do HTC Magic tem ainda um controlador de volume (por omissão também) para que possa ajustar o volume de som quando se encontra por exemplo a atender uma chamada. E por falar em som, nada a dizer neste aspecto, emite um som bastante amplificado e nítido; nesta área está claramente ao nível de qualquer outro smartphone topo de gama.

Continue a ler e veja o vídeo de demonstração na próxima página…

Ecrã e interacção com o Android

Ao nível do ecrã a HTC deu-se ao trabalho de desenvolver um display resistente ao toque e, esperemos, a outras adversidades do dia-a-dia. Isto porque só poderá interagir com o Magic através dos seus dedos. Canetas para input que os dispositivos Windows Mobile já nos habituaram não entram, pois o Android foi concebido para aceitar o input dos seus dedos de uma forma quase perfeita.

Reparou que referi “quase perfeita”? Sim, porque um dos fortes do HTC Magic é também o seu calcanhar de Aquiles, o seu teclado virtual. Passo a explicar, a HTC desenvolveu para o Android um teclado virtual (o Smart Dialer) absolutamente soberbo. Ao tentar marcar o número de telefone, devido ao teclado ser bastante grande permite-lhe realizar esta tarefa tecla a tecla facilmente com o seu dedo polegar. Neste aspecto não sentirá falta de um teclado físico.

O calcanhar de Aquiles reside no outro teclado virtual de sistema em que, embora seja fácil de usar, as reduzidas dimensões das teclas, a meu ver, são susceptíveis a enganos e de uso quase impossível por parte do polegar (e eu nem tenho os dedos muito largos). Claro que com um pouco de treino e tendo-se ao dispor um teclado QWERTY, será um bónus bastante apetecido pelos utilizadores de chat, sms ou micro-blogging.

Descrição da versão incluída do Android

Embora a HTC tenha feito algumas pequenas alterações no Magic, a plataforma mantêm-se com um aspecto e funcionalidade praticamente igual ao Android padrão do projecto da Open Aliance Handset fundado pela Google.

Talvez por não possuir uma camada superior e pesada de software para a interface com o utilizador, se note uma invulgar rapidez e fluidez na invocação dos menus e aplicações nativas do Android. Aliás, não o poderia deixar de ser, devido ao facto de ser baseado numa solução de sucesso GNU/Linux + Java.

Os Google “fan boys” irão com toda a certeza vibrar de alegria, devido ao facto de terem ao seu dispor serviços como Gmail, Maps, Picasa, Talk e YouTube. Este serviços são presenças obrigatórias em qualquer sabor do Android (não tivesse este originalmente sido concebido pela Google) e esta versão personalizada pela HTC não é excepção.

Destes serviços destaco em especial a magnífica integração do Google Maps na plataforma Android, especialmente a sua integração com o serviço de geo-referenciação disponibilizado pelo sistema de navegação GPS.

Gostei particularmente da funcionalidade de geo-referenciação pessoal, que aliás é bastante útil e permite, para efeitos de segurança, que qualquer pessoa possa facultar os seus dados referenciais, de forma a ser facilmente localizada caso suceda algum imprevisto.

Um grande inconveniente que eu creio que apenas se irá manter durante os primeiros modelos de dispositivos Android, é a ausência de tradução dos menus e principais aplicações para o Português. O mesmo acontece na escrita de mensagens usando o teclado virtual, que actualmente não suporta o dicionário de Português para escrita inteligente de mensagens, dotando as mesmas com a capacidade de auto-complete.

Aliás, por omissão o auto-complete é usado para palavras em Inglês, o que irrita um pouco devido à tentativa constante do sistema auto-complete tentar substituir uma palavra correcta em Português por uma em Inglês. Claro que este mecanismo pode ser desactivado através das opções gerais disponíveis na tecla Menu e por isso, foi algo que fiz logo no início e que aconselho vivamente aos nossos leitores que comprarem este dispositivo, pelo menos enquanto não estiver disponível um dicionário em Português.

Deixo para o fim a cereja no topo do bolo: refiro-me ao Market. É um recurso precioso, para poder personalizar o seu Magic ou completar o leque de funcionalidades das aplicações existentes no Android.

Poderá encontrar um leque variado de jogos, puzzle, arcade ou jogos de acção, a escolha é grande, embora haja um caminho a percorrer ao nível da qualidade e quantidade dos títulos disponíveis. Um dos jogos que marcou logo presença no HTC Magic foi uma variante do clássico FPS, Doom (das várias existentes).

Ao nível das aplicações disponíveis, o leque é enorme, a selecção de aplicações vai desde a categoria de aplicações do ramo financeiro, até ao entretenimento passando pela obrigatória categoria de produtividade. Poderá encontrar em algumas destas secções widgets, toques polifónicos, leitores multimédia, clientes de IM, redes sociais ou Twitter, a lista arrasta-se por aí em diante.

O seguinte vídeo permite-lhe demonstrar algumas das características que referi anteriormente.

Vídeo de demonstração:

Considerações finais

Existe de facto uma certa magia por detrás do HTC Magic, ora vejamos:

Contém também aspectos menos positivos:

Depois de pesar os prós e contras vale a pena adquirir este dispositivo em relação aos outros dispositivos que não possuam o Android? Vale… A questão é… quando?

Sem dúvida, o utilizador padrão ficará muito bem servido com Android e com a sua integração com os serviços Google; neste ponto por exemplo o Android é imbatível em relação a outras plataformas. Mesmo ao nível tecnológico e de tarefas passíveis de serem realizadas, quando comparado com os seus rivais nas plataformas móveis, o Android não fica atrás. O hardware do HTC mostra-se também capaz de correr fluidamente esta plataforma open source. Deste ponto de vista vale bem a pena comprá-lo brevemente…

Caso o utilizador não consiga viver sem o seu sistema em português e tenha necessidade de um dicionário da mesma língua para a ajuda na troca de mensagens e mesmo assim queira um smartphone Android, o melhor será mesmo esperar até que sejam lançados os Language Packs e dicionários de Língua Portuguesa (mais dia menos dia isso irá acontecer) de forma a que possa adquirir na altura este ou outro smartphone Android devidamente “localizado”.

Independentemente da sua situação e de quando pretende adquirir um dispositivo Android, saiba já que a navegação moderna que se repercute no arrastar do dedo em qualquer aplicação para fazer scroll, ou a possibilidade de ter uma “área de trabalho” alargada na Home (paradigma idêntico ao da Home usado em Linux), trazem de uma forma inteligente alguns dos princípios dos ambientes gráficos presentes nos computadores pessoais aos dispositivos móveis, concebendo-lhes uma navegação moderna e em alguns aspectos inovadora.

Embora o HTC Magic não seja o smartphone mais caro do mercado quando comparado com outros dispositivos semelhantes sem Android, não estará certamente ao alcance da carteira de todos os portugueses.

Esperamos assim que outros modelos como o Samsung Galaxy e HTC Hero venham vulgarizar, e por consequência baixar o preço, de dispositivos móveis com Android no nosso país e corrigir pequenas arestas que este ainda tenha por limar. Até lá não deixamos de saudar a grande aposta da TMN em trazer o primeiro telefone Android a Portugal.

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