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Análise ao Kobo Touch by Fnac

Por Rui  para o Pplware

Já está aqui em casa o Kobo Touch, o equipamento que em Portugal é vendido pela Fnac e que traz para o mercado nacional uma biblioteca de ebooks em português bem maior do que aquela que a Amazon possui para os Kindle.

Para muitos, o apego ao papel, ao cheiro, à textura e até ao formato dos livros ainda faz crer que não é por estes equipamentos que passa o futuro das publicações. Quem está atento às notícias vindas dos Estados Unidos e Reino Unido sabe que não é assim. Lá, os leitores de ebooks já dominam o mercado.

Em Portugal, o Kobo Touch é a primeira tentativa séria de juntar o nosso país a essa tendência global.

Depois de alguns dias de utilização, aqui fica um pequeno teste a este equipamento. Para ficar a conhecer melhor o Kobo by Fnac, os seus prós e contras…

Aspecto

Em termos de design não há muito a dizer. Se a ideia é que estes equipamentos tenham um ar quase espartano, então este está no bom caminho. Há modelos em branco, roxo, azul, prata e este que escolhi, o preto.

No plano frontal, para além do ecrã touch, este Kobo tem um botão que serve para ir para o menu inicial. Depois disto, é só nos rebordos laterais que tem mais qualquer coisa para mostrar.

Kobo Touch (em cima) vs. Amazon Kindle (em baixo)

No topo está o botão que serve para ligar e desligar o equipamento. Mesmo ao lado desse botão está um pequeno LED que indica o estado da bateria.

Já no fundo do Kobo o que se vê é a porta miniUSB que tem duas funções: é por ali que se carrega a bateria do equipamento e é também ela que permite ligar o Kobo a um computador.

É ainda no rebordo, mas no lado esquerdo que está o slot para cartões microSD, o que permite expandir ainda mais o espaço disponível no Kobo.

Na parte de trás: não há nada. A cobertura traseira, aparentemente não-removível tem um efeito estético que lhe dá um ar distinto mas que não serve para coisa alguma.

Kobo Touch vs Kindle

Comparado com um Kindle (com teclado) é um pouco mais pequeno, mas não há surpresa aí, é perfeitamente natural que assim seja. Em termos de espessura, o Kobo é um pouco mais largo, mas nada de especial. É essa comparação que aparece nas imagens em cima.

Quanto ao plástico que serve de corpo ao Kobo, a fabricante optou por uma mistura que se, por um lado, é agradável ao toque e permite que escorregue pelas mãos, por outro, é muito sensível a dedadas e depois de algum uso não fica muito bonito.

Utilização

É muito mais rápido do que eu estava à espera

A mudança de página, por exemplo, acontece num instante. Também reage com precisão aos toques, embora de vez em quando o utilizador tenha a sensação que está a carregar no sítio certo e afinal nada acontece.

Quando ligamos o Kobo somos recebidos por uma página que inclui os cinco títulos mais recentes. Clicando num deles começa imediatamente o modo leitura.

Antes de entrar de cabeça nos livros, talvez seja boa ideia passar pelas “opções” cujo ícone está no canto superior direito do ecrã. É aí que se activa o WiFi  e que se tem acesso ao estado da bateria. É também atrás desses ícones que está a “configuração” mais pormenorizada.

Aqui não há muito a apontar, apesar disso chamo a atenção para o “ajustes de leitura”. Quem conhece os ecrãs e-ink sabe que normalmente, de x em x páginas, eles ficam com uma sombra das páginas anteriores. Ora, para resolver isso, resolvi mudar a “actualização de de página” que estava definido para actualizar (ou seja refrescar o ecrã totalmente) a cada seis páginas. Passei para duas e essas sombras de páginas anteriores desapareceram.

Quanto a outros pormenores interessantes, chamo a atenção para as estatísticas. Quem gosta de saber por onde tem andado e o que tem feito aos livros vai gostar de espreitar esse menu de vez em quando.

Leitura

De facto, os ecrãs e-ink são absolutamente espantosos. No Kobo, como nos rivais equipados com esta tipo de ecrã, tanto se lê debaixo de um candeeiro como sob o Sol escaldante, coisa que não é possível no melhor dos smartphones/tablets que actualmente existem no mercado.

A diferença entre eles está no software.

o Kobo há coisas (não muitas) que desiludem. Uma delas é o facto de, estranhamente, não ter um dicionário de português-português, ou português-outros idiomas. Uso a expressão “estranhamente” porque o equipamento até inclui este tipo de dicionários, mas infelizmente nenhum deles é o de português. É uma pena porque quando não se sabe o significado de uma palavra, basta dar um toque no ecrã onde essa palavra aparece para o Kobo abrir uma janela com os vários significados dessa expressão.

Quanto ao funcionamento, como o ecrã é touch, o leitor fica com vontade de folhear para trás e para a frente as páginas. Não é, no entanto, assim que a coisa funciona. Para passar para a folha seguinte basta dar um toque no lado direito do ecrã. Um toque no lado esquerdo faz-nos regressar à página anterior.

Um toque no centro do ecrã e surge um menu no fundo da página que dá acesso a uma série de coisas. A mais importante, é a da configuração da página. É ali que o leitor pode escolher o tipo de letra, o seu tamanho, bem como o espaço entre-linhas e a distância entre o texto e suas margens.

Quando se está com o livro aberto, o leitor pode também sublinhar, com os dedos, uma qualquer parte do texto e depois escrever uma nota sobre isso.

Como o touch não tem teclado físico, as teclas aparecem no ecrã. A velocidade da escrita não se equipara à dos telemóveis, mas é que o que há. De notar que aqui, não há novidade face a outros e-readers, mas para quem é novo nestas coisas, convém chamar

Loja online: Kobobooks.pt

É este um dos pontos em que o Kobo ganha em relação ao competidor Kindle. Já é famoso o fraquíssimo catálogo de ebooks em português oferecido pela Amazon e a Kobo pretende aproveitar-se dessa lacuna para cimentar uma posição, a meias com a Fnac, no mercado português. Por mim nada contra!

Esse ataque aos ebooks em português é feito pela kobo em duas frentes. Ou através da Kobobooks.pt, que pode ser acedida num qualquer browser, ou através do próprio Kobo Touch, como se pode ver na imagem acima.

Quanto ao leque de títulos disponíveis, este é ainda mais alargado do que o que está disponível na loja da Kobo. Como o equipamento é compatível com o Adobe Digital Editions, o formato de ebooks usado pela LeyaOnline e pela Wook, todos os livros digitais vendidos por estas lojas, podem ser lidos no Kobo Touch.

Em todas estas lojas, como seria de esperar, o preço dos livros em formato ebook é inferior ao mesmo título, mas em papel. Normalmente fica por menos 4 ou 5 euros.

Mas há mais coisas boas. Não só são bastantes os títulos disponíveis na kobobooks.pt (a Kobo fala em cinco mil) como o processo de aquisição inclui coisas a sinopse do livro e ainda o “ler amostra”.

Clicando no “ler amostra” o eventual comprador tem acesso às primeiras páginas dos ebooks e assim, com mais sustento, decidir se avança ou não com a compra

Mas não há bela sem senão. Uma crítica para a loja de ebooks dentro do Kobo vai para a forma como se tem acesso ao preço dos ebooks. Parece que a livraria aposta em manter o custo dos livros escondido. O problema é que muito antes de ser possível ver esse preço, aparece a opção “Comprar Já”. Aliás quase fica a impressão que só clicando no “Comprar Já” é que se chega a descobrir o valor a pagar. Não faz sentido! É o velho caso de pôr a carroça à frente dos bois.

Conclusões

Feitas as contas, e apesar de um ou outro ponto menos bom, estamos perante um excelente leitor de livros digitais. Arrisco mesmo dizer que, neste momento, o Kobo Touch by Fnac não tem quem lhe faça frente em Portugal.

O mais forte concorrente é o Kindle Touch, mas o custo da compra a partir dos Estados Unidos aliado ao facto da loja da Amazon ter poucos títulos em português, é o suficiente para recomendar o Kobo.

Quanto à loja de livros Kobobooks.pt é fácil perceber que começa a ter uma boa dose de títulos disponíveis, mas melhor do que isso, é o facto do Kobo Touch ser compatível com  outras lojas/editoras nacionais. Assim, qualquer ebook comprado na Wook.pt, ou na leyaonline.pt, pode ser livro sem qualquer complicação no Kobo Touch by Fnac.

Uma nota final e comparativa:

Ou seja, se ficou com dúvidas, talvez o preço ajude a tirar a teima.

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