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Placenta artificial pode ser a solução para bebés muito prematuros

A tecnologia é uma aliada gigante da medicina e temos conhecido alguns avanços muito curiosos, nomeadamente no ramo da obstetrícia. Agora, um grupo de cientistas criou uma placenta artificial, destinada aos bebés muito prematuros.


Durante a gravidez, por forma a proporcionar nutrientes e oxigénio para o desenvolvimento do bebé, é formada a placenta, um órgão fundamental para a geração de uma nova vida. Aquando de um nascimento prematuro, conhece-se uma imaturidade dos órgãos e sistemas, uma vez que as últimas semanas de gestação são cruciais para o correto desenvolvimento destes.

Foi na vizinha Espanha, em Barcelona, que um grupo de cientistas criou uma placenta artificial, por forma a recriar o ambiente protetor para o bebé, semelhante ao que encontra na barriga da gestante.

© Fundación ”la Caixa”

A placenta artificial está equipada com um recipiente translúcido feito de material biocompatível, no qual os pulmões, os intestinos e o cérebro podem continuar a desenvolver-se. Este recipiente, por sua vez, está ligado a um sistema de circulação de líquido amniótico, permitindo que o bebé permaneça isolado dos estímulos externos.

Uma vez que a ideia é simular, aproximando-os o mais possível, o ambiente da placenta humana, o da artificial tem um sistema de circulação extracorporal, composto por uma membrana de oxigenação, bem como outras peças especificamente concebidas para facilitar a circulação e a oxigenação do sangue.

Além disso, o projeto da placenta artificial ainda é apoiado por protocolos, que incluem a administração de nutrientes, hormonas e outros medicamentos.

Para as famílias de bebés extremamente prematuros, um momento que deveria ser de máxima felicidade torna-se uma viagem cheia de incertezas e angústias.

Lamentou Antoni Vila Bertrán, diretor-geral da Fundação “la Caixa”, num comunicado de imprensa.

Apresentação dos resultados da primeira fase do projeto da placenta artificial. © Fundación ”la Caixa”. Da esquerda para a direita: Josep Maria Campistol, CEO do Hospital Clínic Barcelona, Manel del Castillo, CEO do Hospital Sant Joan de Déu, Antonio Vila Bertrán, CEO da ”la Caixa” Foundation, Eduard Gratacós, diretor da BCNatal e project leader, Elisenda Eixarch, senior specialist na BCNatal e senior scientific coordinator do projeto, e Ignasi López, diretor do ”la Caixa” Foundation’s Office of Relations with Research and Health Institutions.

O diretor-geral acrescentou que a placenta artificial será “uma solução que ajudará a salvar vidas e a reduzir as graves sequelas de desenvolvimento que alguns destes recém-nascidos apresentam”.

O projeto é uma iniciativa do BCNatal, um centro de referência mundial em medicina fetal e neonatal, e contou com a presença do Hospital Sant Joan de Déu Barcelona e do Hospital Clínic Barcelona. A viabilidade desta placenta artificial já foi avaliada por um painel de peritos de cinco países e o projeto foi aprovado.

Ainda há muito caminho a percorrer, mas a placenta artificial já esteve mais longe

O protótipo foi testado em animais e, recentemente, conseguiu fazer com que um feto de ovelha sobrevivesse durante 12 dias. O objetivo da fase seguinte, a ser desenvolvida nos próximos três anos, passa por alargar o tempo de sobrevivência para mais de três semanas, marco que a equipa espera atingir, em 2024.

© Fundación ”la Caixa”

A Fundação “la Caixa” vai investir mais 4,3 milhões de euros, além dos 3,35 milhões que direcionou para a primeira fase.

Aos cientistas, falta definir como é que o bebé nascerá da placenta artificial para a vida exterior. Mais ainda, esperam realizar experiências em animais maiores, como porcos, por forma a demonstrar a viabilidade do projeto nas diferentes espécies, bem como avaliar os efeitos a longo prazo no desenvolvimento do cérebro, do coração, dos pulmões e do metabolismo do bebé.

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