A tecnologia é uma aliada gigante da medicina e temos conhecido alguns avanços muito curiosos, nomeadamente no ramo da obstetrícia. Agora, um grupo de cientistas criou uma placenta artificial, destinada aos bebés muito prematuros.
Durante a gravidez, por forma a proporcionar nutrientes e oxigénio para o desenvolvimento do bebé, é formada a placenta, um órgão fundamental para a geração de uma nova vida. Aquando de um nascimento prematuro, conhece-se uma imaturidade dos órgãos e sistemas, uma vez que as últimas semanas de gestação são cruciais para o correto desenvolvimento destes.
Foi na vizinha Espanha, em Barcelona, que um grupo de cientistas criou uma placenta artificial, por forma a recriar o ambiente protetor para o bebé, semelhante ao que encontra na barriga da gestante.
A placenta artificial está equipada com um recipiente translúcido feito de material biocompatível, no qual os pulmões, os intestinos e o cérebro podem continuar a desenvolver-se. Este recipiente, por sua vez, está ligado a um sistema de circulação de líquido amniótico, permitindo que o bebé permaneça isolado dos estímulos externos.
Uma vez que a ideia é simular, aproximando-os o mais possível, o ambiente da placenta humana, o da artificial tem um sistema de circulação extracorporal, composto por uma membrana de oxigenação, bem como outras peças especificamente concebidas para facilitar a circulação e a oxigenação do sangue.
🆕 El projecte #PlacentaArtificial aconsegueix una supervivència de 1⃣2⃣ dies: una solució disruptiva per als nounats prematurs.
🔬 La iniciativa l’ha liderat @BCNatalResearch (@SJDbarcelona_ca–#CLÍNIC), amb l’impuls de @CaixaResearch.
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— Hospital CLÍNIC (@hospitalclinic) June 19, 2023
Além disso, o projeto da placenta artificial ainda é apoiado por protocolos, que incluem a administração de nutrientes, hormonas e outros medicamentos.
Para as famílias de bebés extremamente prematuros, um momento que deveria ser de máxima felicidade torna-se uma viagem cheia de incertezas e angústias.
Lamentou Antoni Vila Bertrán, diretor-geral da Fundação “la Caixa”, num comunicado de imprensa.
O diretor-geral acrescentou que a placenta artificial será “uma solução que ajudará a salvar vidas e a reduzir as graves sequelas de desenvolvimento que alguns destes recém-nascidos apresentam”.
O projeto é uma iniciativa do BCNatal, um centro de referência mundial em medicina fetal e neonatal, e contou com a presença do Hospital Sant Joan de Déu Barcelona e do Hospital Clínic Barcelona. A viabilidade desta placenta artificial já foi avaliada por um painel de peritos de cinco países e o projeto foi aprovado.
Ainda há muito caminho a percorrer, mas a placenta artificial já esteve mais longe
O protótipo foi testado em animais e, recentemente, conseguiu fazer com que um feto de ovelha sobrevivesse durante 12 dias. O objetivo da fase seguinte, a ser desenvolvida nos próximos três anos, passa por alargar o tempo de sobrevivência para mais de três semanas, marco que a equipa espera atingir, em 2024.
A Fundação “la Caixa” vai investir mais 4,3 milhões de euros, além dos 3,35 milhões que direcionou para a primeira fase.
Aos cientistas, falta definir como é que o bebé nascerá da placenta artificial para a vida exterior. Mais ainda, esperam realizar experiências em animais maiores, como porcos, por forma a demonstrar a viabilidade do projeto nas diferentes espécies, bem como avaliar os efeitos a longo prazo no desenvolvimento do cérebro, do coração, dos pulmões e do metabolismo do bebé.