Após semanas de confinamento, as pessoas anseiam a hora de sair de casa livremente. Além disso, o bom tempo motiva a ideia de dar uns passeios pela praia e, quem sabe, os primeiros mergulhos no mar. O que os cidadãos da Califórnia não sabiam é que o mar estava prestes a presenteá-los com ondas bioluminescentes.
A natureza parece que fez um “soft reset” neste tempo de pandemia. São já muitos os exemplos de como poderia ser a natureza se o ser humano respeitasse mais o planeta.
Ondas bioluminescentes: Um presente noturno pós-quarentena
O fenómeno ocorre no sul da Califórnia, de tempos a tempos. Trata-se do bater de ondas que espumam com uma luz dita sobrenatural. Embora seja um acontecimento frequente naquela zona, os moradores acreditam que o brilho do mar, este ano, está especialmente vibrante.
Além de mais cintilante, possivelmente justificado pelas chuvas históricas que inundaram a região e provocaram um boom de algas, os moradores revelam que o fenómeno, este ano, foi mais especial. Isto, porque estavam em casa há muito tempo e a natureza presenteou-os desta forma.
Ando a surfar há 20 anos e nunca vi nada igual a isto.
Disse Dale Huntington, de 37 anos, pastor numa igreja no sudeste de San Diego. Levantou-se às 3h, depois da reabertura das praias para surfar as ondas iridescentes.
A natureza tratou da receção dos cidadãos da Califórnia
As ondas néon devem as suas cores às plantas microscópicas chamadas fitoplâncton, que têm estado com mais abundância naquelas águas. Durante o dia, esses organismos recolhem-se na superfície, dando à água um tom avermelhado. Todavia, durante a noite, as algas proporcionam o espetáculo de luz a que os californianos assistem. Este torna-se mais incrível se a maré estiver agitada.
Este fenómeno encantou de tal forma os habitantes que estes quebraram as restrições de entrada nas praias para observar o cenário. Aliás, um morador de um bairro, situado ao longo da costa, queixou-se às autoridades das multidões que o mar estava a atrair.
Amantes do mar estão literalmente na sua praia
Para os surfistas, que têm o mar como segunda casa, o espetáculo proporciona alegria acrescida e uma sensação de alívio, em meio de pandemia.
A minha parte favorita era remar pela onda, era quase como se houvesse uma vara brilhante à volta da minha mão. A minha prancha deixou um rasto bioluminescente. Havia alguns de nós a rir, homens adultos a gritar ‘isto é tão fixe’ e a chapinhar como crianças na banheira.
Revelou o surfista Huntington.
Califórnia é casa de um mar brilhante desde o século XIX
As marés que se estendem pela costa da Baixa Califórnia até Los Angeles têm sido observadas desde o século XIX e podem durar, tanto alguns dias, como alguns meses.
Os cientistas do Scripts Institution of Oceanography of University of California San Diego afirmam que os espetáculos são mais intensos, pelo menos duas horas depois do pôr do sol. Ainda assim, os cientistas não sabem quanto tempo vai durar a maré este ano. Para Huntington o espetáculo, desta vez, foi duplamente bem-vindo.
Acho que estamos todos à procura da luz em tempos de escuridão e este momento foi uma oportunidade de encontrar alegria no meio da dificuldade.
Disse Huntington.
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