Pplware

Médicos curam pulmões humanos ligando-os a porcos vivos

Se há área que está no foco do planeta é a área médica e científica. No entanto, para lá do foco da pandemia, há avanços que podem ser muito importantes no combate a outras doenças que padecem os seres humanos. Assim, numa revelação surpreendente, médicos americanos conseguiram curar pulmões humanos ligando-os a porcos vivos.

Esta ação visa prolongar de forma totalmente segura este órgão para transplante. Além de se conseguir um avanço importante, os porcos não sofreram consequências físicas com este procedimento.


Técnica poderá revolucionar a medicina dos transplantes

Os pulmões para transplantes só podem sobreviver durante um curto período de tempo fora do corpo humano. De facto, apenas cerca de um quarto satisfaz os critérios de transplante, de acordo com a Associação Americana de Pulmões.

Como tal, uma equipa de investigadores da Universidade de Columbia em Nova Iorque decidiu encontrar uma alternativa. A ideia é prolongar a vida útil deste importante órgão na nossa respiração destinado a ser transplantado. A técnica usada levou os médicos a ligar os pulmões a porcos vivos, conforme detalha o artigo publicado hoje na Nature Medicine.

Segundo o que foi revelado, a investigação pode até um dia permitir que os pacientes humanos ajam como os seus próprios substitutos. Isto é, poderão curar os pulmões de transplante destinados ao seu próprio corpo através de um cateter no pescoço.

Atualmente, os profissionais de saúde tentam recuperar este órgão deteriorado utilizando equipamentos complexos, como, por exemplo, o EVLP (perfusão pulmonar ex vivo) que bombeia ar e fluidos através dos pulmões – mas apenas com sucesso limitado.

 

Porcos podem curar problemas dos pulmões humanos

Para melhorar esta ideia, uma equipa de investigadores da Universidade de Columbia questionou-se se ligar os pulmões danificados a porcos vivos poderia ajudar a remover toxinas e a adicionar nutrientes. Da teoria aos atos, a equipa ligou meia dúzia de pulmões humanos de pacientes com morte cerebral ao sistema circulatório de porcos anestesiados durante períodos de 24 horas.

Ao bombear ar para os pulmões dentro de caixas de plástico e ao adicionar medicamentos imunossupressores que garantiam que os sistemas imunitários não rejeitariam o pulmão “alienígena”, a equipa constatou que a capacidade do órgão para fornecer oxigénio melhorou consideravelmente. Mesmo um pulmão que passou 48 horas fora do corpo tinha recuperado.

Antes de implantar os pulmões resultantes em humanos, a equipa quer repetir a experiência com mais pulmões, uma vez que o procedimento vem com muitos riscos. As células brancas do porco que passaram para os pulmões podem desencadear reações imunitárias perigosas nos recetores humanos, por exemplo.

Alguns pulmões, dado o seu estado, podem ser irrecuperáveis, apesar de os ligar aos porcos. Contudo, conforme diz a coautora Gordana Vunjak-Novakovic, “se conseguir salvar dois em cada quatro que são rejeitados, pode aumentar em três vezes o número de pulmões disponíveis para os pacientes”.

 

Uma alternativa ao método atual com resultados superiores

A equipa espera que a técnica possa “servir como uma abordagem complementar ao EVLP clínico para recuperar pulmões de dadores feridos que de outra forma não poderiam ser utilizados para transplante”, tal como notam no seu trabalho.

Felizmente, nenhum porco foi ferido durante as experiências. De acordo com os investigadores, os porcos não sofreram efeitos duradouros. Alguns foram mesmo capazes de brincar com brinquedos enquanto recuperavam da experiência a decorrer.

É uma ideia transformadora que permitiria um salto em frente neste campo.

Concluiu ao Times Zachary Kon, diretor cirúrgico do centro de transplante pulmonar do Centro Médico da Universidade de Langone, em Nova Iorque.

Exit mobile version