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Infarmed aprova o primeiro psicadélico para ser usado em adultos com depressão grave

O Infarmed aprovou o financiamento público de um psicadélico. Este deverá ser usado em meio hospitalar em adultos com depressão grave.


Num comunicado de 12 de maio, o Infarmed informou que o medicamento Spravato (escetamina) obteve autorização para ser utilizado em meio hospitalar.

Especificamente, o medicamento destina-se a “adultos com Perturbação Depressiva Major resistente ao tratamento, que não responderam a pelo menos três tratamentos diferentes com antidepressivos”.

Mais do que isso, em associação com outros dois antidepressivos, o Spravato procurará ser uma solução para adultos “que tenham realizado previamente psicoterapia e tenham resistência à terapêutica com eletroconvulsivoterapia, contraindicação, não tenham acesso ou que tenham recusado esta terapêutica”.

Isto, “com estratégias de combinação ou potenciação oral, no episódio depressivo atual moderado a grave”.

 

Psicadélicos de uso clínico

A informação pelo Infarmed surgiu no mesmo dia em que um grupo de trabalho apresentou um conjunto de recomendações para o uso clínico de psicadélicos, defendendo que sejam enquadrados como medicamentos. Nele integram-se as ordens dos médicos, farmacêuticos e psicólogos, bem como o Conselho Nacional de Ética.

Sem exceções, “a forma de aceder a eles [medicamentos] exige que haja um prescritor e que, após a emissão da prescrição, o doente recorre a um sistema médico, clínico e farmacêutico que lhe permite aceder àquela substância”, segundo Albino Oliveira Maia, diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Champalimaud e membro do grupo de trabalho.

Os psicadélicos não são um caso único em relação a substâncias em que pode haver interesse de consumo fora do sistema médico e dentro do sistema médico.

Explicou Albino Oliveira Maia, à Lusa, acrescentando que “a circunstância que é específica neste caso é que estamos a fazer um movimento de transformação em medicamentos de substâncias que existem fora do mundo médico, farmacêutico e clínico”.

Em declarações, Albino Oliveira Maia sublinhou que este grupo de trabalho não quer substituir os reguladores, mas apenas dar um contributo, sobretudo nos casos em que não há ainda regulamentação aprovada.

Exemplificando, o diretor da Unidade de Neuropsiquiatria da Champalimaud mencionou o uso da cetamina, que está aprovado como anestésico, mas também está a ser usado (off label) para alguns casos de depressão.

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