Muitas vezes certas palavras ou expressões entram no nosso vocabulário do dia-a-dia sem sabermos muito bem porquê. Às vezes começamos a dizer certas coisas porque simplesmente outros dizem e como sociedade concordamos quanto ao seu significado.
No mundo dos computadores estas situações também acontecem. Neste artigo vamos contar-lhe a história por detrás da razão pela qual chamamos bug a uma falha no computador.
Uma extraordinária cientista de computadores…
Grace Hopper nasceu a 9 de dezembro de 1906 e morreu a 1 de janeiro de 1992. Foi uma cientista de computadores muito talentosa cujas contribuições para a área foram bastante significativas. Depois de ter concluído a licenciatura em matemática e física pela Universidade de Yale fez também o mestrado. Em 1934, terminou o seu doutoramento em matemática.
Grace Hopper fez parte de uma pequena equipa responsável pela criação do primeiro computador programável: o Harvard Mark I, colaborou na criação do primeiro compilador para linguagens de programação e também influenciou a criação da linguagem de programação COBOL.
Para além disso, foi a primeira mulher a receber a Medalha Nacional de Tecnologia. Atualmente, é relembrada na Celebração Anual Grace Hopper de mulheres programadoras e continua a inspirar várias raparigas e mulheres a aprender a programar.
A sabedoria popular diz-nos também que Grace Hopper foi a responsável pela criação do termo bug para nos referirmos a uma falha no computador.
Grace Hopper e uma traça esmagada…
Quando algum programa não funciona devidamente no nosso computador costumamos dizer que existe um bug. Em inglês, a palavra bug traduz-se por bicho ou percevejo.
De acordo com a história o termo bug apareceu no círculo dos cientistas de computadores em 1943. Na altura Grace Hopper estava a trabalhar na marinha norte americana durante a segunda guerra mundial. Era uma época difícil em que estava muita coisa em jogo e havia uma falha no computador Mark I que era utilizado para realizar operações militares.
Eventualmente, Grace Hopper encontrou uma traça metida no meio das peças do computador e decidiu esmagá-la com o seu caderno. Depois, removeu a traça do computador com uma pinça, colou-a no caderno e ao lado da traça escreveu:
9 de setembro – Primeiro caso em que um bug é encontrado
Mas o termo já tinha sido utilizado?
De acordo com o Oxford English Dictionary o termo bug foi utilizado em primeiro lugar por Thomas Edison e apareceu num jornal em 1889 para referir a um problema que existia num dos aparelhos do inventor.
O uso do termo bug implicava a presença de um bicho no interior do aparelho que estava a causar problemas no seu funcionamento.
No entanto, bug aparece em vários diários privados e cartas de Edison desde 1876. Ao que parece, Thomas Edison inventou o termo bug e passou-o ao repórter que depois o divulgou no artigo que escreveu.
Mas como é que Grace Hopper ficou com o crédito?
Este artigo não tem como objetivo levar a discussões acerca de quem inventou o quê nem se pretende incentivar debates do tipo Edinson vs Tesla. No entanto, ao longo da história existiram disputas deste género.
No caso do bug de Grace Hopper, o mais provável é ela ter ficado com os créditos da invenção e popularização do termo bug por culpa própria. No anos que se seguiram, Grace Hopper contou esta história da traça no computador várias vezes e chegava a um ponto em que dizia:
A partir desse momento, sempre ocorria algum problema no computador, dizíamos que tinha bugs no interior.