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Fenómeno “misocinesia” pode afetar 1 em cada 3 pessoas. Sabe o que é?

Uma investigação revelou que o fenómeno de “misocinesia” (em inglês, Misokinesia) pode afetar 1 em cada 3 pessoas. Sabe do que se trata?


De acordo com a investigação, as sensações de stress causadas por ver os outros a mexerem-se são um fenómeno psicológico incrivelmente comum, que afeta uma em cada três pessoas.

Chamado misocinesia, que significa “ódio aos movimentos”, este fenómeno tinha sido pouco estudado pelos cientistas até há poucos anos. Contudo, foi observado no contexto de uma doença relacionada, a misofonia: uma perturbação em que as pessoas ficam irritadas ao ouvir certos sons repetitivos.

A misocinesia é algo semelhante, mas os fatores que a desencadeiam são geralmente mais visuais do que sonoros, dizem os investigadores.

A misocinesia é definida como uma forte resposta afetiva ou emocional negativa à visão de movimentos pequenos e repetitivos de outra pessoa, como ver alguém a mexer a mão ou o pé sem pensar. No entanto, surpreendentemente, falta evidência científica sobre o assunto.

Explica a equipa de investigadores, liderada por Sumeet Jaswal, autor e psicólogo, num estudo publicado em 2021.

Para melhorar a compreensão sobre o fenómeno, Jawal e outros investigadores conduziram o que eles disseram ser a “primeira investigação científica aprofundada” sobre a misocinesia.

Os resultados indicam que a sensibilidade elevada à inquietação é algo com que um grande número de pessoas tem de lidar.

 

Misocinesia: uma fobia pouco conhecida, mas comum

Através de uma série de experiências que envolveram mais de 4100 participantes, os investigadores mediram a prevalência da misocinesia numa amostra de estudantes universitários e de pessoas da população em geral, avaliando o impacto que tinha sobre eles e explorando as razões pelas quais as sensações se podiam manifestar.

Descobrimos que cerca de um terço dos inquiridos declararam ter algum grau de sensibilidade à misocinesia em relação aos comportamentos repetitivos e agitados dos outros, tal como acontece na sua vida quotidiana.

Estes resultados apoiam a conclusão de que a sensibilidade à misocinesia não é um fenómeno restrito a populações clínicas, mas sim um desafio social básico e até agora pouco reconhecido, partilhado por muitos na população em geral.

De acordo com a análise, a misocinesia ocorre a par da sensibilidade ao som da misofonia, mas nem sempre.

O fenómeno parece variar significativamente de indivíduo para indivíduo, com algumas pessoas a reportarem apenas uma baixa sensibilidade a estímulos de agitação, enquanto outras se sentem altamente afetadas.

– São afetadas emocionalmente de forma negativa e experimentam reações como a raiva, a ansiedade ou a frustração, bem como um menor prazer em situações sociais, no trabalho e em ambientes de aprendizagem.

Alguns até procuram menos atividades sociais devido a esta condição.

Explicou o psicólogo Todd Handy, numa publicação, segundo o Science Alert.

 

Porque achamos a inquietação tão irritante?

No estudo, os investigadores realizaram testes para verificar se a misocinesia das pessoas poderia ter origem numa maior sensibilidade visual de atenção, o que equivale a uma incapacidade de bloquear eventos de distração que ocorrem na periferia visual.

Os resultados das primeiras experiências foram inconclusivos, não tendo os investigadores encontrado provas concretas de que os mecanismos de atenção visual reflexiva contribuam substancialmente para a sensibilidade à misocinesia.

Embora ainda estejamos apenas no início da exploração da origem da misocinesia a nível cognitivo, os investigadores têm algumas pistas hipotéticas para investigação futura.

Uma possibilidade que queremos explorar é que os seus “neurónios-espelho” estejam em jogo. Estes neurónios são ativados quando nos movemos, mas também são ativados quando vemos os outros a moverem-se… Por exemplo, quando vemos alguém magoar-se, podemos também estremecer, pois a dor dessa pessoa é espelhada no nosso próprio cérebro.

Por extensão, é possível que as pessoas propensas à misocinesia possam estar a empatizar inconscientemente com a psicologia dos agitadores. E não no bom sentido.

Uma das razões pelas quais as pessoas se inquietam é porque estão ansiosas ou nervosas, por isso, quando os indivíduos que sofrem de misocinesia veem alguém a inquietar-se, podem espelhar-se nisso e sentir-se ansiosos ou nervosos também.

Quanto a saber se é isso que realmente se passa com a misocinesia, só uma investigação mais aprofundada sobre o fenómeno poderá dizer com certeza.

O psicólogo Todd Handy descansou todos os que sofrem com misocinesia, pois “não estão sozinhos”: “O vosso desafio é comum e é real”. Existe, inclusivamente, um website dedicado.

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