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Descobertos restos de uma placa tectónica no Pacífico… mas há algo estranho!

Há décadas que temos uma ideia aproximada do aspeto do interior do nosso planeta. No entanto, não é raro os geólogos descobrirem aspetos novos e únicos do que está coberto pela superfície que pisamos. Agora, foi descoberto algo que está a intrigar a comunidade científica.


Uma placa tectónica escondida

A última descoberta anunciada por estes cientistas é a de uma nova placa tectónica. Uma que, ao contrário das placas conhecidas em que se divide a superfície do nosso planeta, está escondida debaixo de outra placa maior, sob as águas do Oceano Pacífico.

O mais intrigante desta placa é a sua localização, não por estar debaixo de outra placa, mas por estar longe das zonas de subducção conhecidas. Para perceber porquê, talvez seja útil recordar o que são as zonas de subducção.

Diagrama da zona de subducção existente sob a cordilheira dos Andes.

A subducção é uma forma de interação entre duas placas tectónicas. Ocorre quando as duas placas se empurram uma contra a outra. Como resultado deste empurrão, uma das placas acaba por deslizar sob a outra. A placa superior move-se ao longo da superfície, enquanto a placa inferior se afunda no manto terrestre.

A área através da qual a placa que se afunda se desloca é designada por zona de subducção. Não seria invulgar encontrar vestígios de uma placa tectónica nestas áreas. No entanto, a equipa responsável pelo novo estudo deparou-se com estes detritos numa zona do Pacífico ocidental, longe de qualquer uma das zonas de subducção conhecidas.

Estudo das ondas sísmicas

Estudar o que se passa dezenas ou centenas de quilómetros debaixo dos nossos pés é uma tarefa complexa. Não podemos levantar as placas tectónicas como se fossem um tapete. As escavações mais profundas da humanidade mal conseguem arranhar os limites da crosta terrestre.

Uma das ferramentas mais comuns para estudar o interior do planeta baseia-se na propagação de ondas sísmicas. As ondas viajam de forma diferente consoante as caraterísticas do material que atravessam: a sua temperatura, densidade e composição química são variáveis que afetam a propagação destas ondas.

A análise utiliza um novo modelo de alta resolução para estudar estas ondas, o que deverá permitir-nos conhecer melhor o que se encontra sob a superfície da Terra. Neste caso, foram encontrados os restos de uma placa tectónica afundada longe das zonas de subducção, longe de onde “deveria” estar.

Os pormenores do estudo foram recentemente publicados num artigo da revista Scientific Reports.

Distribuição global de estações sísmicas, localizações de receptores e anomalias de velocidade de ondas sísmicas utilizadas para construir o modelo FWI REVEAL. Crédito: T.L.A. Schouten et al.

Descoberta que está a intrigar os cientistas

A descoberta suscita mais perguntas do que respostas. Segundo a equipa responsável, os conhecimentos atuais sobre a tectónica de placas não conseguem explicar como é que o material pode ter chegado ao local onde foi encontrado, num local onde a história geográfica recente não viu zonas de subducção que pudessem explicar a presença destes restos.

Não se sabe ao certo que tipo de materiais estão envolvidos neste processo, nem quais são as dinâmicas geológicas que levaram ao aparecimento dos restos no local remoto onde foram encontrados.

É esse o nosso dilema. Com o novo modelo de alta resolução, podemos ver estas anomalias em todo o manto terrestre. Mas não sabemos exatamente o que são ou que material está a criar os padrões que descobrimos.

Explicou a equipa num comunicado de imprensa.

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