O ser humano é muito curioso e, conforme teorizou Charles Darwin, vamos conhecendo adaptações impressionantes. Hoje, falamos-lhe dos Bajau, um povo asiático que faz do mar casa e da água oxigénio (mais ou menos…). Conheça-o!
Apesar da maior ou menor capacidade de aguentar debaixo de água, a verdade é que os seres humanos, por natureza, não conseguem evitar a superfície durante muito tempo. No entanto, aparentemente, a evolução genética preparou um povo para conseguir fazê-lo.
Tradicionalmente nómadas do mar, os centenários Bajau vivem no sul das Filipinas, Indonésia e Malásia, tendo evoluído para conseguir fazer da água casa.
Apesar de ser naturalmente possível ao ser humano comum permanecer apenas cerca de dois minutos debaixo de água (em apneia), este povo aguenta muito mais tempo, cerca de 10 minutos. Afinal, os Bajau alimentam-se de crustáceos do fundo do mar e apanham-nos sem recorrer a qualquer equipamento de mergulho moderno.
Bajau evoluíram para fazer da água casa
Por não recorrer a equipamentos modernos, o povo depende exclusivamente do próprio fôlego. Curiosamente, equipas de investigadores descobriram que o baço dos Bajau é maior do que o habitual, servindo de “garrafa de mergulho biológica“.
O baço é um reservatório de glóbulos vermelhos oxigenados e, por isso, quando é contraído, dá à pessoa um reforço de oxigénio.
Quando comparado a outros povos, cujo estilo de vida envolve, por exemplo, atividades agrícolas, o baço dos Bajau era em média 50% maior. Esta diferença de tamanho representa uma grande vantagem, pois assim consegue filtrar uma quantidade maior de sangue e, consequentemente, permite segurar o fôlego e mergulhar por mais tempo.
Há possivelmente milhares de anos, eles vivem em barcos-casa, viajando de um lugar para outro nas águas do sudeste asiático e parando em terra firme só de vez em quando. Então, tudo o que precisam, eles obtêm do mar.
Explicou Melissa Ilardo, líder de um estudo da Universidade de Copenhaga, na Dinamarca, à BBC.
Segundo a investigadora, os Bajau mergulham a uma profundidade de mais de 70 metros, por mais ou menos oito horas por dia. O povo passa cerca de 60% do seu tempo debaixo de água, em diversos mergulhos que podem durar entre 30 segundos e “vários minutos”.
Curiosamente, dentro do povo, o baço dos membros que mergulham não é maior do que o dos restantes, levando a crer que o seu tamanho resulta de uma potencial evolução daquele grupo de seres humanos nesse sentido.