A aproximação do final do verão traz consigo o início de uma nova época de tempestades extratropicais na Europa. A cada dia 1 de setembro, uma nova lista de nomes torna-se efetiva em diferentes grupos europeus. No “grupo sudoeste”, em que Portugal se insere através do IPMA, a lista para a temporada 2024/2025 já foi aprovada e partilhamos aqui.
Quando se pensou em dar nomes às tempestades?
O conceito de nomear tempestades tropicais e furacões começou no início do século XX, mas foi formalizado e padronizado na década de 1950. No início do século XX, as tempestades eram frequentemente nomeadas de forma informal por meteorologistas e marinheiros. Costumavam usar nomes de santos cujos dias eram comemorados na data da tempestade, nomes geográficos ou até mesmo números.
Há, contudo, no passado, alguns factos interessantes. Na década de 40, durante a Segunda Guerra Mundial, os meteorologistas militares americanos começaram a nomear tempestades nos oceanos Pacífico e Atlântico, usando nomes femininos para facilitar a comunicação.
Posteriormente, em 1950, o uso de nomes femininos para tempestades tropicais e furacões foi formalizado pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC).
O objetivo era tornar a comunicação mais clara e evitar confusão, especialmente para facilitar alertas e avisos à população.
Em 1979, após críticas sobre o uso exclusivo de nomes femininos, a prática foi modificada e nomes masculinos também foram incluídos nas listas. Atualmente, as tempestades tropicais e furacões são nomeados por centros regionais especializados (como o NHC para o Atlântico) com listas pré-estabelecidas de nomes para cada ano.
Estas listas são cíclicas e são reaproveitadas, exceto quando uma tempestade é particularmente devastadora, caso em que o seu nome é retirado e substituído.
Assim, o nomear das tempestades foi sistematizado entre 1940 e 1950, mas ganhou o seu formato atual a partir dos anos 1970.
A lista para a próxima época que se aproxima
A nomeação de tempestades tem-se mostrado eficaz na comunicação da ocorrência destes fenómenos meteorológicos que trazem associadas situações de risco potencial para as vidas e bens dos cidadãos. Esta prática traz igualmente fluidez na comunicação entre os diferentes Serviços Meteorológicos Nacionais e as estruturas de Proteção Civil. Este procedimento facilita também a identificação e o estudo das depressões ao longo do seu percurso sobre a Europa.
Deve notar-se que uma tempestade tropical que se forme no Atlântico e seja nomeada pelo National Hurricane Center (NHC), dos EUA, se sofrer uma transformação nas suas características termodinâmicas, tal que se converta numa tempestade extratropical, irá manter o nome original atribuído pelo NHC na comunicação do IPMA.
O critério para a nomeação de tempestades está diretamente relacionado com os impactos e com a emissão de avisos de nível laranja ou vermelho no sistema internacional de avisos meteorológicos.
O principal parâmetro meteorológico que define a nomeação de uma tempestade é o vento, mas tem-se considerado a nomeação de tempestades com outros parâmetros desde que o seu impacto tenha potencial para ser severo.
A atribuição de nomes a tempestades é um projeto conjunto dos serviços meteorológicos da Europa, sob os auspícios da rede EUMETNET, que reúne os 33 serviços meteorológicos europeus.
O IPMA pertence ao “grupo sudoeste”, no qual se incluem os serviços meteorológicos de Espanha (AEMET), de França (Météo-France), da Bélgica (RMI) e do Luxemburgo (MeteoLux).