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Cientistas preparam aterragem do drone Dragonfly da NASA na lua de Saturno, Titã

A lua Titã é o maior satélite natural de Saturno e o segundo maior de todo o Sistema Solar. É o único satélite que possui uma atmosfera densa e o único objeto estelar além da Terra onde já foram encontradas evidências concretas da existência de corpos líquidos estáveis na superfície. Portanto, poderá ser útil à humanidade. Muitas questões vão ser respondidas pelo veículo aéreo Dragonfly da NASA que pousará neste satélite.

Este drone, que pesa cerca de 450 kg, chegará ao solo da lua de Saturno lá para o ano de 2034. A aterragem está a ser preparada na região da cratera Selk. Então, qual a razão da escolha deste local?


Léa Bonnefoy da Universidade Cornell e a sua equipa estão a trabalhar para auxiliar a nave Dragonfly a aterrar no sítio mais indicado. Segundo as imagens captadas de Titã, o terreno caracteriza-se pela paisagem equatorial, montes e outeiros.

Estas imagens e características foram captadas pelo radar da nave espacial Cassini que durante os seus históricos 13 anos explorou o sistema de Saturno.

As imagens terão sido captadas utilizado a refletividade do radar e as sombras angulares para determinar as propriedades da superfície.

 

Paisagem de dunas de areia e solo gelado quebrado em Titã

A investigação foi publicada no dia 30 de agosto na revista The Planetary Science Journal.

Dragonfly – a primeira máquina voadora tendo como destino um mundo no Sistema Solar exterior – vai para uma área cientificamente notável. Vai aterrar numa região equatorial e seca de Titã – um mundo gelado, com uma atmosfera espessa de hidrocarbonetos. Por vezes chove metano líquido, mas é mais como um deserto da Terra – onde há dunas, algumas pequenas montanhas e uma cratera de impacto.

Estamos a examinar cuidadosamente o local de aterragem, a sua estrutura e superfície. Para isso, estamos a analisar imagens de radar da missão Cassini-Huygens, observando como o sinal de radar muda a partir de diferentes ângulos de visão.

Explicou Léa Bonnefoy.

Segundo a investigação, as imagens de radar que são usadas de Titã, foram captadas graças à Cassini. As fotos têm uma resolução máxima de cerca de 300 metros por píxel, e só permite observar menos de 10% da superfície a esta escala. Bonnefoy refere que há provavelmente muitos pequenos rios e paisagens que não conseguimos ver, dada a limitação do que foi captado.

Esquerda: mosaico da área que rodeia a cratera Selk em Titã. Direita: mapa geomorfológico da mesma área. Crédito: NASA/JPL-Caltech, Bonnefoy et al. (2022)

Para percebermos a tecnologia usada, temos de recuar ao início da missão da Cassini, em janeiro de 2005. Nessa altura a nave espacial libertou a sonda Huygens e esta aterrou no ambiente semelhante ao da Terra em Titã numa descida de duas horas, transmitindo imagens de vales de rios que são invisíveis nas imagens de radar.

Bonnefoy e o grupo utilizaram as imagens de radar para mapear seis terrenos no local, caracterizando a paisagem e medindo a altura da orla da cratera Selk. O conhecimento da forma da cratera ajuda tanto a compreender a geologia da região como a avaliar as expetativas para a exploração do veículo Dragonfly.

A missão Dragonfly da NASA tem lançamento previsto para 2027 e chegada a Titã em 2034, para uma missão de três anos. O veículo aéreo pesa pouco menos de 500 kg e a sua conceção final assemelha-se à de um helicóptero de transporte militar.

Os céus de Titã – na sua maioria azoto, com um pouco de metano e quatro vezes mais densos do que a atmosfera da Terra – permitem que o Dragonfly (do tamanho de um carro muito pequeno) funcione como um drone, realizando investigações químicas e astrobiológicas a fim de compreender a composição do planeta e de como a vida na Terra pode ter surgido.

Durante os próximos anos, vamos ver muita atenção prestada à região da cratera Selk. O trabalho da Léa fornece uma base sólida sobre a qual se pode começar a construir modelos e a fazer previsões para o Dragonfly testar quando explorar a área em meados de 2030.

Concluiu Alex Hayes, professor de astronomia em Cornell e líder do grupo a que pertence Bonnefoy.

Como cientista planetária, Bonnefoy está pronta para explorar esta grande lua de Saturno e o Dragonfly vai finalmente mostrar-nos como é a região – e Titã.

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