A obesidade é uma doença que constitui um problema de saúde pública e representa um fator de risco para o desenvolvimento e agravamento de outras doenças crónicas. As conclusões de um novo estudo abrem caminho para o tratamento desta doença, bem como de outras associadas ao peso.
Quando o tema é a obesidade – uma doença crónica caracterizada pelo excesso de gordura acumulada no organismo, que resulta de um desequilíbrio entre as calorias ingeridas e a quantidade de calorias gastas – e ao aumento de peso, a ciência alarga cada vez mais a abordagem, indo além da nutrição e do desporto. A par desses fatores, as hormonas, que estão envolvidas na saciedade e noutros processos fisiológicos, também desempenham um papel fundamental.
Para a ciência, não é novidade que a combinação hormonal de grelina e leptina influencia diretamente a regulação do apetite e os processos metabólicos de perda ou acumulação de gordura. No entanto, até agora, não havia evidência detalhada sobre o mecanismo pelo qual a leptina é produzida e atua, especialmente, em pessoas obesas.
Um mecanismo que regula relógio biológico e saciedade que pode ajudar no tratamento da obesidade
Tendo em conta essa lacuna, o Grupo DIAMET (Diabetes and Associated Metabolic Diseases Research Group) do Pere Virgili Institute for Health Research (IIPSV), ligado ao Hospital Universitario de Tarragona Juan XXIII, em Espanha, descobriu o mecanismo que regula a hormona responsável pela saciedade, a leptina.
Os investigadores perceberam como é que os adipócitos, que são as células responsáveis pela sintetização e o armazenamento da gordura corporal, produzem a hormona leptina, e concluíram que é o mesmo mecanismo que regula o famoso relógio biológico dessas células adiposas (ou gordas).
Quando estes processos funcionam corretamente, o tecido adiposo produz leptina, que, por sua vez, envia sinais ao sistema nervoso para produzir sensações de saciedade e reduzir ou limitar a ingestão de alimentos.
No entanto, as pessoas obesas produzem mais leptina, ao mesmo tempo que registam uma resistência à hormona, provocando uma reação desadequada. O resultado é um mecanismo de saciedade alterado, porque, apesar de os níveis de leptina no sangue estarem elevados, o organismo não responde eficazmente ao sinal.
A equipa espera que as suas conclusões contribuam para o progresso do tratamento da obesidade e sejam o primeiro passo para o desenvolvimento de novos tratamentos para outras doenças metabólicas resultantes de problemas associados ao peso.
O estudo recebeu cerca de um milhão de euros de apoio da CaixaResearch, um projeto da Fundação “la Caixa” dedicado a investigação no domínio da saúde.