Conforme já vimos muitas vezes, os cientistas estão empenhados na investigação de Alzheimer. Por isso, vamos conhecendo avanços constantes. Desta vez, foi descoberta uma mutação genética que pode reduzir o risco da doença.
Apesar do tanto que já foi gasto, em termos de tempo e de dinheiro, com a doença de Alzheimer, esta continua a ser estranha e teimosamente misteriosa. Aliás, embora melhores, os meios e os tratamentos são limitados.
Agora, em mais um passo, os investigadores descobriram o funcionamento biológico de mutações nas células imunitárias anteriormente associadas à doença de Alzheimer. Uma das mutações parece desempenhar um papel protetor no cérebro.
Há uma mutação que pode reduzir o risco de Alzheimer
O neurocientista da Universidade de Stanford, Andy Tsai, e os seus colegas testaram diferentes variações do gene da fosfolipase C-gama-2 (PLCG2) em ratinhos para confirmar e descobrir o mecanismo subjacente à associação previamente identificada com a doença de Alzheimer.
Este gene é conhecido por ser expresso nas células imunitárias da microglia do cérebro. Estas identificam e destroem os invasores ou outras células que tenham falhado no nosso cérebro.
O PLCG2 está envolvido na sinalização entre as micróglias e na indução de uma resposta inflamatória, sendo ativado quando as micróglias encontram placas cerebrais de amiloide, uma caraterística comum da doença de Alzheimer.
A resposta da microglia afeta os neurónios, o que, por sua vez, afeta a capacidade de aprender e formar novas memórias.
Explicou Gary Landreth, bioquímico da Universidade de Indiana.
Quando Tsai e a sua equipa eliminaram totalmente o gene, os ratinhos passaram a ter maior probabilidade de desenvolver Alzheimer.
Os investigadores observaram que a microglia com mutações no PLCG2 parece reagir de forma diferente às placas amilóides. Estas mutações alteram a capacidade das células imunitárias para alterar e compactar as placas.
Uma das mutações, a M28L, deixou a microglia incapaz de desempenhar corretamente a sua tarefa.
Não conseguem mobilizar eficazmente uma resposta robusta ao amiloide depositado.
Escreveu a equipa de investigadores no artigo.
Mas uma outra versão do gene, P522R, foi capaz de manter a memória de trabalho de ratinhos afetados por um modelo de doença de Alzheimer com atividade aumentada da proteína PLCG2.
Tsai e os colegas suspeitam que, ao permitir que a microglia reduza as placas de forma mais eficaz, a mutação ajuda a abrir caminho para que os neurotransmissores atinjam os seus alvos nos cérebros dos ratinhos com características semelhantes às da doença de Alzheimer.
Globalmente, a equipa concluiu “que a promoção de uma resposta neuroprotetora da microglia à patologia amiloide pode limitar a progressão da doença de Alheimer”.
O trabalho sobre a doença tem de continuar…
Esta teoria requer mais testes para ser confirmada e, embora a mutação protetora tenha sido observada em humanos, não existem dados, alé, de uma associação genética entre a M28L e a doença de Alzheimer em humanos, uma vez que esta mutação parece ser rara.
O novo estudo alinha-se com sugestões recentes de que a doença de Alzheimer é uma doença imunitária e de que não são as placas amilóides em si que estão a funcionar mal.