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Cerca de 1 em cada 127 pessoas em todo o mundo está no espetro do autismo

Nos últimos anos, registou-se um aumento significativo do número de pessoas diagnosticadas com perturbações do espetro do autismo (PEA). Agora, os especialistas apelam a um melhor acesso a apoio médico, uma vez que esta doença está entre as 10 principais causas de doença não fatal.


Um novo estudo do Global Burden of Diseases revela novos números sobre a prevalência de PEA em todo o mundo, com uma em 127 pessoas afetadas pela condição, contra uma em 271 pessoas em 2019.

O último conjunto de dados, que decorre de 2021, sugere que o número pode ser ainda maior três anos depois.

Isso coloca o transtorno do espetro do autismo entre as 10 principais causas de problemas de saúde não fatais para indivíduos com menos de 20 anos.

Estes números realçam a importância crítica da deteção precoce e de sistemas de apoio adaptados para responder às diversas necessidades desta população ao longo da sua vida.

Observaram os investigadores, que estimam que existam 61,8 milhões de casos em todo o mundo.

 

Mais casos de perturbações do espetro do autismo – diagnosticados!

Apesar do aumento do número de casos, os investigadores acreditam que este não se deve ao aumento de casos da condição de neurodesenvolvimento, mas antes de uma melhor compreensão das PEA e das medidas de diagnóstico.

Esta conclusão reflete-se nos dados que mostram que os países mais ricos do mundo têm a taxa mais elevada de diagnósticos de perturbações do espetro do autismo.

De facto, as disparidades globais corroboram esta teoria, com uma em cada 63 pessoas no Japão diagnosticada com PEA, em comparação com uma em cada 170 no Bangladesh.

Além disso, as regiões apresentam disparidades significativas, sendo as PEA mais prevalente nos países de elevado rendimento da Ásia-Pacífico e menos prevalente na América Latina tropical.

O sexo masculino está sobre-representado em todo o mundo, com uma estimativa de um em cada 94 homens com a doença, em comparação com uma em cada 197 mulheres.

Estes valores devem ser acolhidos com cautela, pois estudos anteriores sugeriram uma desproporção: tal como a PHDA (Perturbação de Hiperatividade/ Défice de Atenção), o autismo tem sido frequentemente ignorado devido à forma diferente como se pode apresentar nas raparigas e nas mulheres.

Estas disparidades podem refletir diferenças nas práticas de diagnóstico, normas culturais e acesso aos cuidados de saúde, em vez de verdadeiras variações na prevalência do autismo.

Embora o fardo da perturbação do espetro do autismo seja mais elevado entre as crianças e os adolescentes, afetando o seu desenvolvimento social e a sua educação, persiste até à idade adulta.

Apesar disso, a investigação e os serviços centram-se desproporcionalmente nas populações mais jovens, deixando uma lacuna na compreensão e no apoio aos adultos autistas.

Escreveram os investigadores.

O aumento acentuado dos números está, também, relacionado com os métodos de diagnóstico, com os critérios a tornarem-se mais alargados e a incluírem doenças anteriormente excluídas, como a Síndrome de Asperger.

Os números não sugerem que as PEA sejam mais prevalentes nos países mais ricos, mas antes que é necessário um melhor acesso aos cuidados de saúde e ao apoio em muitas partes do mundo.

O estudo sublinha igualmente a necessidade de uma investigação mais aprofundada nos países mais pobres.

Os resultados reforçam a necessidade premente de uma resposta global à perturbação do espetro do autismo que vá além das intervenções na infância.

Desde o diagnóstico precoce até aos sistemas de apoio ao longo da vida, os cuidados de saúde e as políticas devem evoluir para satisfazer as necessidades desta população diversificada, garantindo um melhor acesso aos recursos e melhorando a qualidade de vida.

O estudo concluiu que as PEA foram responsáveis por 11,5 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade, o que evidencia o seu significativo peso na saúde.

A chamada DALY (disability-adjusted life years) é uma métrica que mede o peso da doença e é utilizada na saúde pública para quantificar o número de anos perdidos devido a doença, incapacidade ou morte prematura. Este estudo coloca as PEA no top 10 dos problemas com doenças não fatais.

Na perspetiva dos investigadores, “este estudo representa um avanço significativo na compreensão do verdadeiro alcance das perturbações do espetro do autismo; as estimativas revistas estão melhor alinhadas com os inquéritos epidemiológicos de alta qualidade e fornecem uma base mais precisa para o planeamento de políticas e cuidados de saúde”.

Conforme sublinham, o diagnóstico e a intervenção precoces são cruciais para as pessoas do vasto espetro do autismo, para que elas – bem como aqueles que estão à sua volta – tenham acesso ao apoio de que necessitam.

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