Ao desenvolver um novo método para medir proporções isotópicas de água e dióxido de carbono, os cientistas descobriram que a água nos anéis e satélites de Saturno é semelhante à da Terra, contudo, a água analisada na Lua de Saturno Febe (ou Phoebe), mostra que esta é estranha, nada comum ao que se conhece no Sistema Solar.
Esta água poderá ter origem muito para lá de Saturno, no sistema solar frio e exterior. Então o que tem esta água de especial?
A água de Saturno é semelhante à da Terra
A água nos anéis e satélites de Saturno é como aquela que existe na Terra. Já a análise à água encontrada na lua bastarda, Febe, é estranha. Esta Lua, “que está fora deste mundo”, foi o primeiro alvo encontrado com a chegada da sonda Cassini no sistema de Saturno em 2004.
Febe é muito escura, refletindo apenas 6% da luz solar que recebe. A sua escuridão e a sua órbita irregular e retrógrada, sugere que Febe é provavelmente um centauro capturado do sistema solar externo.
Análise aos isótopos de deutério mostram essas diferenças
Num artigo publicado no passado dia 28 de novembro na revista Ícaro, os investigadores do Instituto de Ciência Planetária, da Universidade do Arizona, do Centro de Investigação Ames da NASA e da US Geological, reportaram as suas medições das razões de isótopos de deutério (D/H) dos anéis e dos satélites do gigante gasoso.
Os isótopos são átomos de um único elemento com o mesmo número de protões e eletrões, mas com diferentes números de neutrões. O estudo da abundância de certos isótopos ajuda os astrónomos a contar a história de um objeto.
Alguns isótopos eram mais ou menos comuns, particularmente em certas áreas da nebulosa solar, à medida que se formavam os planetas. Os investigadores descobriram que, com base em observações espectroscópicas ao planeta, pela Cassini, a água nos anéis e luas de Saturno é surpreendentemente semelhante à água na Terra – um resultado inesperado, dadas as suas localizações diferentes.
Ainda mais estranho, a água na lua de Saturno, Febe (e somente Febe) é diferente do resto da água no sistema de Saturno, sugerindo que ela se formou ainda mais longe na nebulosa solar, ao invés de estar no lugar ao redor do planeta circular.
A proporção D/H de Febe é o valor máximo medido já encontrado no Sistema Solar, o que significa que tem origem no sistema solar frio e exterior, muito para além Saturno.
Explicou Roger N. Clark, autor da investigação.
Água parecida com a da Terra
Para fazer estas descobertas, a equipa desenvolveu uma nova técnica de medir a abundância de isótopos nas leituras feitas pelo Espectrómetro de Mapeamento Visual e Infravermelho da Cassini (VIMS). Em particular, estudaram a proporção de deutério para hidrogénio (D/H) na água no sistema de Saturno.
O deutério é um isótopo de hidrogénio com um protão e um neutrão no seu núcleo; O D2O, que é água que contém deutério em vez de hidrogénio, é comummente conhecido como água pesada devido à massa adicionada dos neutrões extras.
Lua de Saturno que foi “roubada”
As conclusões que se tiram para já é que este satélite, Febe, que se encontra a 12 952 000 de quilómetros de Saturno, “nasceu” nas extremidades mais frias do Sistema Solar e foi depois capturado pelo gigante gasoso.