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Ameaça invisível sob os nossos pés: super formigas invadem a Europa e causam estragos

Supercolónias de formigas Tapinoma magnum estão a espalhar-se pelo continente, destruindo infraestruturas, deslocando espécies nativas e afetando a vida urbana. Estas formigas invasoras, com origem na bacia mediterrânica, mostram-se altamente adaptáveis e difíceis de controlar. Portugal pode estar na mira deste inseto!

 


Tapinoma magnum: uma ameaça com milhões de patas

Na sombra das nossas cidades, esconde-se uma ameaça inesperada: colónias gigantes de uma espécie de formiga invasora, Tapinoma magnum, que têm provocado perturbações sérias em várias regiões da Europa.

Apagões elétricos, falhas na internet e danos em infraestruturas são alguns dos impactos registados. Com populações que chegam a atingir 20 milhões de indivíduos por colónia e uma impressionante tolerância ao frio, estas super formigas representam um desafio crescente para autoridades e cientistas.

Uma espécie pequena, mas com impacto colossal

A Tapinoma magnum é uma espécie de formiga nativa da região mediterrânica, presente naturalmente em Espanha, Itália e países do norte de África, que tem vindo a expandir-se agressivamente para norte e leste da Europa.

A sua propagação deve-se em grande parte ao comércio hortícola, especialmente à importação de plantas em vasos e árvores ornamentais, como explica Niall Gallagher, gestor técnico da British Pest Control Association (BPCA), citado pelo MailOnline.

Ao contrário de muitas formigas invasoras, a T. magnum não causa picadas dolorosas, mas o seu comportamento altamente social e territorial faz com que substitua rapidamente espécies nativas, destruindo o equilíbrio ecológico local.

A sua capacidade de formar “super-colónias”, comunidades onde várias rainhas coexistem pacificamente, permite-lhe cobrir áreas de até 24 hectares. Quando duas colónias se encontram, não se atacam; fundem-se numa aliança contínua que acelera a expansão da espécie.

A espécie, oficialmente denominada Tapinoma magnum, já chegou ao norte da Europa, incluindo França, Alemanha e Suíça. Espanha conta também com a sua presença e Portugal poderá estar também no seu radar.

Estragos nas cidades e nos campos

As super formigas escavam túneis por debaixo do solo, muitas vezes sob pavimentos e estradas. Esta movimentação de terra causa abatimentos e fissuras em infraestruturas urbanas, levando, por exemplo, ao encerramento de zonas públicas como parques infantis.

Casos documentados em cidades alemãs, como Kehl, mostram que estas formigas roem cabos elétricos e de fibra ótica, interrompendo serviços essenciais.

Na Suíça, onde foram identificadas pela primeira vez em 2018, o avanço das T. magnum foi particularmente impressionante.

Em Oetwil an der Limmat, uma única colónia infestou uma área agrícola equivalente a sete campos de futebol, com tal densidade que já não se via o solo, segundo o canal SRF.

Em zonas urbanas, os trilhos de formigas são visíveis ao longo de passeios, muros e edifícios, sinais de que a presença está longe de ser discreta.

A Tapinoma magnum forma supercolónias com até 20 milhões de formigas, ocupando cerca de 243.000 metros quadrados. Quando duas colónias se encontram, fundem-se em aliança em vez de se atacarem.

Um desafio para a ciência e para o controlo de pragas

Estas formigas medem cerca de 3 mm e apresentam coloração negra, o que as torna visualmente semelhantes à Lasius niger, a formiga preta de jardim comum na Europa.

Contudo, a T. magnum pode ser distinguida pelo seu comportamento organizado: forma longas procissões coordenadas, que se tornam evidentes à vista desatenta. Outro sinal curioso é o odor que exala quando esmagada, descrito como “manteiga rançosa”.

Do ponto de vista científico, esta espécie destaca-se pela sua resiliência ao frio e pela rápida adaptação a ambientes urbanos.

Segundo estudos publicados em revistas especializadas em entomologia e ecologia urbana (ex.: Insectes Sociaux, Urban Ecosystems), as supercolónias de T. magnum representam um modelo de comportamento cooperativo extremo, quase comparável a redes distribuídas, em que a descentralização das rainhas acelera a colonização de novos territórios.

E em Portugal?

Apesar de não haver ainda registos oficiais da presença da T. magnum em território português, o risco não deve ser desvalorizado.

Portugal alberga quatro espécies endógenas do género Tapinoma: T. erraticum, T. ibericum, T. madeirense e T. simrothi.

A vigilância nos centros de jardinagem e a monitorização de importações hortícolas são medidas cruciais para evitar a chegada desta espécie invasora ao nosso país.

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