Apesar de ser a aplicação de conversa mais popular do mundo, com cerca de dois mil milhões de utilizadores ativos mensais, o WhatsApp está cada vez mais em desuso entre os jovens americanos. Eles preferem usar o iMessage (Mensagem em português), a app da Apple. Mas por que razão?
É rara a pessoa que não tem WhatsApp em Portugal. Este serviço de mensagens tornou-se indispensável no país, tanto para mensagens pessoais como para trabalho. É também o caso em muitos países, mas não nos Estados Unidos.
No país de Biden, Trump, Zuckerberg e afins, é o iMessage que está em vantagem. Até afeta o nível social, com os jovens americanos a julgarem a “qualidade” dos seus contactos apenas pela cor das bolhas na aplicação. Mas porque é que isto só acontece nos EUA e o que é que tornou o iMessage (Mensagens) tão poderoso nos EUA?
É uma questão de preço?
Não há consenso sobre a razão exata, mas em vários cantos das redes fala-se dos preços antigos dos SMS como uma possível causa.
Se o nosso leitor já tem uma idade adulta, a partir dos 40, então deve lembrar-se da era “pré-histórica” dos telemóveis. Quando a norma era ter um Nokia onde se telefonava, enviava mensagens de texto e jogava o jogo da cobra. O SMS de 140 caracteres era o mais parecido com as mensagens instantâneas que tínhamos na altura, e enviar um SMS custava alguns “escudos“.
Nos Estados Unidos, mesmo antes de Portugal, o envio de SMS era muito mais barato ou até vendiam planos com mensagens SMS ilimitadas. Isto significa que, enquanto noutros países se economizava no envio de mensagens SMS, nos Estados Unidos o público habituou-se a enviar mensagens SMS.
É talvez por isso que o aparecimento do WhatsApp, uma aplicação que consumia dados móveis (e nos EUA inicialmente eram muito caros) teve na Europa maior tração.
Outra razão que alguns americanos referem tem a ver com o facto da app iMessage (Mensagens) vir nativamente instalada nos iPhones, e o iPhone é o smartphone mais popular do país. Não é necessário descarregar nada da App Store para começar a enviar mensagens aos seus contactos, está simplesmente lá. Esta é a vantagem que a Apple obteve ao integrar o seu serviço de mensagens com o próprio SMS tradicional.
UE quer mudar tudo com a interoperabilidade exigida
No entanto, esta diferença histórica pode mudar muito num futuro próximo. Tal como o iOS 17.4 oferecerá lojas de aplicações alternativas à App Store, os serviços de mensagens terão de se adaptar aos novos regulamentos europeus.
E este regulamento pode ser resumido numa palavra: interoperabilidade. A União Europeia quer que possamos enviar mensagens para vários serviços a partir da aplicação da nossa escolha: se quisermos enviar um WhatsApp a partir do Telegram, podemos fazê-lo. E vice-versa, claro. Deve ser o consumidor a escolher o cliente a utilizar.
Além disso, o iMessage vai integrar-se na norma RCS para poder enviar conteúdos multimédia para telemóveis Android. Assim, é possível que, dentro de algum tempo, o cliente que utilizamos para conversar a partir do nosso iPhone deixe de ter tanta importância.
A UE, ao exemplo de outras mudanças, está aqui também a obrigar a Apple a ser “igual” às demais. Isto levanta uma importante questão: mas o que irá diferenciar depois as várias ofertas? Serão todas iguais e copiam-se umas pelas outras dentro das regras da UE?
Fica a questão que os próximos anos irão responder.