Se no passado a Apple tinha o ónus da inovação no segmento dos dispositivos móveis, actualmente a grandeza do mundo Android impera e obriga a Apple a redesenhar as suas políticas de “novidades” no iOS. Não é de estranhar neste segmento, até porque os seus “rivais” cresceram recorrendo a esta técnica: observar o sucesso, renomear e adaptar.
Depois de tanta pressão feita pelos utilizadores iOS, a Apple teve mesmo de introduzir funcionalidades que o Android, por exemplo, tem há muito tempo e que são muito úteis para o dia-a-dia. Vamos conhecer estas funcionalidades que poderão tornar o iOS 8 no melhor e mais completo sistema operativo do mercado mobile.
Se no passado todos foram atrás da Apple, agora a Apple tem necessidade de olhar para o lado e ver o que os outros têm que faz falta ao iOS. Estas 6 funcionalidades, embora algumas existentes nos repositórios Cydia, fazem parte do sistema nativo do Android.
Teclado com previsão de texto e suporte para teclados de terceiros
Esta era uma das funcionalidades mais pedidas pelos utilizadores do iOS. Se no início da utilização dos sistemas operativos mobile o teclado que a Apple possui (o mais preciso do mercado) chegava, com a actual conjuntura de serviços e apps sobre o ecrã este teclado nativo está já deficitário. É escasso, na verdade está mais que provado que “um tamanho não serve a todos”.
Como pudemos ver na apresentação, é já uma certeza que neste campo a Apple foi buscar as melhores funcionalidades para projectar no iOS 8 uma solução variada de teclados mas ocupando a qualidade que actualmente o teclado da Apple tem. Foi visto um mockup com o Swype e de certeza que o teclado SwiftKey deve já estar em preparação dentro do novo iOS. Mas há a preocupação da segurança!
“Full access allows the developer to transmit anything you type, including things you have previously typed with this keyboard. This could include sensitive information such as your credit card number or street address.”
É de salientar que a introdução dos teclados traz problemas de outra ordem, a segurança. É um dos pontos que tem levado a Apple a não disponibilizar o acesso de teclados de terceiros, ao seu sistema. Cada teclado se não for devidamente controlado, pode gravar e enviar a terceiros o que o utilizador digita, como por exemplo as suas palavras-passe bancárias, entre outra informação sensível. Ora, ao abrir o acesso a teclados de terceiros, a Apple mantém a convicção que não haverá saída de qualquer informação do próprio sistema, mas deixa essa advertência, como vimos na keynote de segunda-feira passada.
Opções de Partilha
Era e é um recurso imensamente aclamado pelos utilizadores. O podermos partilhar conteúdos para um números elevado de serviços, tal como podem desde há muito tempo os utilizadores Android, permite uma experiência de utilização mais rica a rapidez de utilização do próprio dispositivo.
Sem dúvida que, na keynote, esta foi das novidades mais audíveis na multidão que assistia ao evento, as reacções são o espelho da importância desta porta de oportunidades.
Siri sempre à escuta
Este é também um “piscar de olhos” à concorrência. Embora só o Motorola Moto X tenha esta funcionalidade, contudo é possível em qualquer dispositivo Snapdragon 800. A Apple matou assim a lacuna de ter nos assistentes pessoais uma acção pro-activa, em vez de reactiva ao comando por voz.
Mas a Apple foi ainda mais à frente, pois o Siri destacou-se do Google Now em funcionalidades muito úteis, como o identificar uma música, função potenciada pelo serviço Shazam. Esta nova acção “Hey Siri” apenas funciona, tal como está referido nas definições, com o iPhone ligado à corrente eléctrica.
PS: Na versão iOS 8 beta 1 que estamos já testar, esta funcionalidade ainda tem alguns bugs. Quando estiver numa versão final, esperamos que esteja mais estável. Teremos também mais 22 idiomas (esperamos que um deles seja o português).
A Google anunciou que esta funcionalidade, o “Ok Google”, estará em breve disponível no Google Search em qualquer dispositivo Android. Boa resposta.
Botão de acção nas notificações
Este é um aspecto que as marcas estão constantemente a melhorar, isto porque cada vez mais temos aplicações e serviços que requerem a nossa atenção e quanto mais eficazes forem as notificações menos tempo o utilizador perde atrás das várias informações disparadas pelas apps.
Vimos isso claramente no Android, até porque era um sistema muito pobre em termos de notificações, ainda hoje é muito completo mas ainda um pouco “feio”. Não é uma área muito fácil de trabalhar, vimos que a Google na versão Android 4.0 (Ice Cream Sandwich) deu passos largos para trás e só melhorou mesmo o sistema na versão Android 4.3 Jelly Bean.
A Apple não mexe muito, acrescenta funcionalidades ao Centro de Notificações, modelo que melhorou no iOS 5, pois não pode cair na tentação de ser intrusiva demais no ecrã, onde a organização desse ecrã é uma das chaves mestras do seu sistema, nem pode ser minimalista ao ponto do utilizador não ver proveito algum nessas notificações. O acrescentar um botão de acção, que permite por exemplo responder logo a partir da notificação ao emissor da mensagem, vai um pouco ao encontro da dinâmica que a Google incluiu no seu sistema, tornando-o mais veloz.
Consumo de energia da bateria por aplicação
Este é mais um daqueles “mimos” que a Apple colocou nas definições do iOS 8. No iOS 7 tinha colocado o “peso” por aplicação e conteúdo dentro do sistema, nomeadamente quanto é que ocupavam. Agora e de maior importância, permite que o utilizador saiba quais são as aplicações que mais consomem energia à bateria e qual gasta mais no seu funcionamento.
Esta é outra das funcionalidades que os utilizadores Android se podiam gabar de ter, mas agora já não são os únicos. Se faz falta? Eu diria que faz muito mais que outras informações anteriormente colocadas. Esta informação, se bem gerida, poderá ser extremamente útil.
Vamos imaginar que temos uma aplicação que usamos quando fazemos desporto que numa carga completa da bateria consumiu cerca de 50% dessa energia. Podemos remover essa e substituir por outra que tenha um melhor desempenho e menor impacto na autonomia da bateria.
Widgets
Este assunto nem sei bem se pode dizer que é uma inspiração no sistema operativo Android. Isto porque já em 2007, Steve Jobs, anunciava o iPhone e acrescentava essa possibilidade, esse “nome” a determinadas funções.
Deixo-vos o vídeo de Keynote de 2007 para perceberem o que realmente apareceu no iPhone OS e que mais tarde apareceu no Android com outra roupagem. Não se trata de cópia ou usurpação de funcionalidades, são inclusões de módulos que embora tenham o mesmo nome, são estruturalmente diferentes, assim como os Widgets agora a aparecer no iOS 8 o serão.
Nesta altura, os Widgets são bem mais elaborados, mais abrangentes e polivalentes. Estas características, a meu ver, são o que a Apple puxou ou puxará para o iOS 8 inspirado no Android.
Os Widgets da Apple não serão colocados no ecrã principal, não, isso não faz muito sentido visto o iOS ser muito rápido a abrir as aplicações ou os serviços, mas poderá fazer sentido colocar dentro do Centro de Notificações e foi esse o desafio feito pela Apple aos developers.
Em resumo…
De muitas novidades apresentadas, a Apple conseguiu trazer novamente o iOS para a modernidade, incluindo inovações e algumas funcionalidades que são muito utilizadas no Android. Facto que “forçou” a Apple a ouvir e aceitar os pedidos dos seus utilizadores.
Agora o iOS 8, com estas inspirações e com muitas novidades em conjunto com um iPhone ou iPad desenhado à medida, com um conjunto de serviços novos e outros já muito optimizados, com uma interacção maior com o OS X, no mais poderoso sistema operativo móvel. Ainda não será o mais flexível e não terá a tal “abertura e liberdade” que o Android ainda goza, mas tem outros pergaminhos, como a segurança e a permanente actualização dos seus dispositivos móveis do passado. Este novo iOS 8 irá ainda dar suporte ao iPhone 4S e ao iPad 2!
Há depois muitas novidades que a Apple foi “buscar” ao seu repositório favorito, o Cydia, e muitas mais que já existiam nas apps que povoam a App Store tal como já referimos aqui.
Mais uma vez vemos que o mercado dos 3 principais sistemas operativos móveis se aproxima, vemos que as plataformas partilham necessidades e oferecem soluções muito parecidas e que, não havendo uma cópia, todas se inspiram nas concorrentes, adaptando à sua realidade e oferecendo serviços nativos com mais qualidade.