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Apple retira o fator humano do programa de melhoria da Siri

A Apple foi recentemente alvo de uma investigação que punha em causa a privacidade das nossas conversas com a assistente virtual, a Siri. Em causa estava o fator humano, os colaboradores que ouviam as gravações com o intuito de avaliar a prestação da assistente. Agora, a tecnológica suspendeu esta prática.

É utilizador Apple? Aceitaria que outra pessoa ouvisse, indiretamente, as suas conversas?


Há aqui várias tonalidades e diversas tónicas para o caso. Algo dá uma quase total liberdade dos media para moldar a investigação original do The Guardian aos seus propósitos. Portanto, recapitulemos em primeiro lugar o que realmente aconteceu, o que foi apurado, e se há motivo para tanto alarido.

As gravações das conversas pela Siri

Subjacente à assistente virtual da Apple, apelidada de Siri, estão os ditos algoritmos de inteligência artificial, ou IA. São números e fórmulas com a distinta capacidade de melhorarem a sua capacidade de resposta e precisão da mesma, se forem constantemente alimentados com nova informação, aprendendo com esta.

No entanto, a forma como interagimos com a Siri é mediante a nossa voz. Ora, até ao momento os algoritmos de IA são incapazes de processar diretamente essa informação. Portanto, cria-se aqui uma nova necessidade, chamando à cena os colaboradores humanos. Estes, por sua vez, são os prestadores de serviços.

Trabalhadores independentes, na maioria dos casos, que eram contratados por diversas empresas. Estas, por sua vez, eram contratadas pela Apple com uma tarefa sensível, a de ouvir as gravações das nossas conversas (pedidos) à assistente virtual Siri. Veja-se também que cada ativação da Siri dá início à gravação automática.

O elemento humano na melhoria da assistente virtual

Em seguida, uma ínfima fração dessas conversas e respetivas gravações eram selecionadas para efeitos de melhoria dos serviços. Um ponto que está precavido nos Termos e Condições, com a sua aceitação a significar que algumas das suas conversas podem ser utilizadas para este fim. Portanto, nada de anómalo ou ilícito.

Não obstante, o simples facto de termos outro ser humano a escutar a nossa voz é tudo menos universalmente aceite. É normal. O conceito de privacidade denota uma natural aversão ao que está fora do nosso círculo familiar, ou até mesmo pessoal. E mesmo que o fim seja a melhoria do serviço, não deixa de ser a nossa voz…

É uma temática intrinsecamente ligada à natureza humana, por conseguinte, sensível. Podemos ainda apontar que este mesmo tratamento de dados é levado a cabo pela Google e pela Amazon. Contudo, isto não alivia a sua carga pessoal, pois, ninguém gostaria de saber que um estranho ouviu a nossa voz, sabe-se lá onde.

A Apple suspendeu parte do programa de melhoria da Siri

Pouco depois de o caso ter sido trazido à luz do dia pela fonte supracitada, a Apple veio a público justificar os “quês” e “porquês” de tal prática. Ainda que todo o procedimento estivesse precavido, certo é que a imagem da empresa está fortemente associada à privacidade do utilizador.

Por conseguinte, dias após a pronúncia pública, a Apple deu a saber que o elemento humano foi agora retirado da equação. Isto é o mesmo que dizer que o programa de avaliação da Siri foi suspenso. Portanto, já não temos, para já, seres humanos a ouvir as nossas conversas e gravações para avaliar a prestação da assistente virtual.

 

 

Aliás, o fim para o qual as nossas conversas eram processadas pouco importa. Agora, de acordo com uma resposta à TechCrunch por parte da Apple, a empresa está a reformar todo este mecanismo, entretanto, suspendeu a avaliação feita por colaboradores humanos em todo o mundo.

A Apple deixará o utilizador escolher se quer participar no programa

De igual modo, também a Google anunciou uma revisão do seu programa equivalente. Até lá, também a gigante de Mountain View suspendeu, temporariamente e só na União Europeia, tal prática. A chave aqui a ser o caráter temporário de tal medida, bem como a sua aplicação apenas ao espaço comunitário.

Nós (Apple), estamos empenhados em proporcionar uma excelente experiência de utilização da Siri enquanto protegemos a privacidade do utilizador. Enquanto levamos a cabo uma revisão, estamos a suspender a avaliação da Siri globalmente. Adicionalmente, como parte de uma futura atualização de software, os utilizadores poderão optar por participar nesse mesmo programa.

Em síntese, vemos aqui uma clara preocupação da empresa com o utilizador e respetiva privacidade. Além disso, há aqui um cuidado em manter a transparência quanto às suas práticas. Algo que fica bem claro com a possibilidade de o utilizador aceitar, ou recusar, fazer parte do programa de melhoria da Siri.

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