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Análise Werewolf: The Apocalypse – Earthblood (Playstation 5)

Baseado num universo bastante rico e complexo, que inclusive dá origem a um jogo de tabuleiros, a Cyanide Studios lançou no início do mês, Werewolf: The Apocalypse – Earthblood.

Tal como temos vindo a acompanhar (ver aqui), Earthblood coloca o jogador na pele de um herói improvável: um Lobisomem.

E o Pplware já experimentou.


Não sou grande conhecedor do universo Werewolf: The Apocalypse nem da série World of Darkness, nem da sua envolvência narrativa, ou suas regras. Sei, no entanto, que ao pesquisarmos pela internet, conseguimos ter uma noção de que se trata dum universo extremamente rico e vasto, que tem um foco particular nas questões do meio ambiente e preservação do mesmo.

Segundo a sua narrativa e de uma forma geral, os Garou, são Lobisomens que se dividem em vários clãs e que maioritariamente são defensores da natureza e de todos os seus processos de criação e revitalização. Encontram-se numa luta intemporal contra os agentes do Wyrm, uma entidade superior responsável por forças destruidoras do meio ambiente. Esses agentes do Wyrm, tanto podem ser humanos, demónios, outras entidades sobrenaturais e até mesmo outros Garou.

A Cyanide Studios, responsável entre outros, por Call of Cthulu e Styx: Master of Shadows, meteu mãos à obra e desenvolveu este Werewolf: The Apocalypse – Earthblood.


Cahal, um Garou perturbado

Werewolf: The Apocalypse – Earthblood coloca o jogador no controlo de Cahal, um Garou que nos é apresentado durante um ataque do seu clã, a uma empresa extremamente nociva para o meio ambiente, a Endron. No entanto, quando a sua mulher é morta no decorrer do ataque, Cahal, cego pela fúria, acaba por matar um membro do seu clã.

Consumido pela culpa e remorsos, Cahal abandona o seu grupo, deixando para trás a sua filha adolescente e durante 5 anos mantém-se afastado, fazendo a sua luta longe dos que ama. Até agora…

Num ataque a umas instalações da Endron, Cahal descobre que a empresa se prepara para um ataque contra o seu antigo clã. Com a sua filha sob ameaça, Cahal engole a sua culpa e vergonha e decide entrar em cena para os ajudar.


Quem tem medo do Lobisomem?

Cahal, além de ser um membro de um clã Garou que é defensor do meio ambiente, tem ainda outras preocupações mais “humanas” para este seu regresso. Além do seu antigo grupo estar em perigo, a sua própria filha encontra-se ameaçada. A única forma de eliminar essa ameaça do horizonte é, destruindo a Endron que se encontra a crescer e ganhar poder a cada momento.

A empresa, desrespeitando completamente o meio ambiente e a Natureza, encontra-se a desenvolver um projeto (Protocol Earthblood) que promete vir a tornar-se numa ameaça ainda maior quando totalmente libertado.


Na pele de um Lobo Mau

A jogabilidade de Werewolf: The Apocalypse – Earthblood assenta numa perspetiva de terceira pessoa e apresenta algumas ideias extremamente interessantes.

No jogo, Cahal tem o poder de alternar entre a forma de Humano, de Lobo, ou de Lobisomem (nas secções de combate) o que, permite aos jogadores uma abordagem tática mais diversificada a cada cenário e situação.

Como Humano, Cahal consegue interagir com objetos, tais como portas e computadores (que desabilitam as câmaras de segurança, por exemplo). É ainda sob a forma humana que Cahal consegue eliminar inimigos de forma furtiva. Por fim, pode ainda usar uma besta para eliminar soldados à distância de forma discreta.

Quando na forma de Lobo, Cahal pode passar despercebido por salas grandes escondendo-se nas sombras. O lobo é ainda mais rápido que o humano, esgueirando-se rapidamente entre esconderijos e tem a vantagem de poder passar por condutas de ar, deslocando-se assim entre diferentes pontos estratégicos.

Por fim, enquanto Lobisomem, Cahal é uma besta de agressividade. Tem ao seu dispõr dois tipos de ataques: Leves (agilidade e rapidez) e Fortes (força bruta). Cada um tem as suas combinações e a transição entre as duas posturas durante o combate, flui naturalmente sendo uma arma estratégica que o jogador vai querer dominar.

Existem ainda algumas ações especiais, como Curar, Abrandar o tempo que são possíveis de realizar. Essas habilidades especiais consomem Rage (Raiva) que é uma barra que pode ser preenchida com mortes ou através do consumo de frascos que encontramos pelo caminho.

Quando a barra de Rage atinge o máximo o nosso Lobisomem, consegue entrar num estado Frenzy (Frenesim). Trata-se de um estado de grande agressividade no qual Cahal pode usufruir do melhor tanto dos Ataques Leves como dos Ataques Fortes do Lobisomem. A luta neste estado, que demora poucos segundos, é extraordinariamente gratificante.

É, sem dúvida, o momento alto do jogo e pelo qual esperamos enquanto vagueamos pelos corredores e salas meio chatas.

E se adicionarmos a isto o facto de praticamente tudo nos cenários ser destrutível, então já estão a ver, certo? São raras as salas que não ficarão completamente destruídas após a nossa passagem.

No estado Frenzy, Cahal liberta uma agressividade e destruição brutal, extraordinariamente satisfatórias

No calor do combate é possível fazer eliminações aos guardas (e não só) da Endron, e os finishes estão brutais sendo um dos pontos fortes do combate. Não existe nada mais libertador que pegar num guarda da Endron, parti-lo ao meio ou arrancar-lhe a cabeça e atirar o corpo aos restantes.

Ao avançarmos pelo jogo, vamos ainda reparando que a relevância da componente furtiva perde-se um pouco. Seja pelas mecânicas furtivas serem simples (andamos agachados atrás de paredes e caixas, ou avançamos em modo Lobo até perto de um inimigo), ou pela IA obtusa, apesar do jogo nos impulsionar a ser furtivos, na maioria dos casos, parece não haver uma real razão para isso.

De referir ainda o modo de visão que Cahal possui: a Penumbra Vision. Trata-se de uma forma importante de ver o meio circundante e preparar as nossas estratégias. Ao permitir ver os inimigos e as suas posições numa sala adiante, podemos antecipar qual a melhor forma de os derrotar, por exemplo.

Permite-nos ainda identificar os items com os quais podemos interagir, como, por exemplo, terminais de controlo de portas e câmaras de segurança, ou postos de reforços.


A falta de liberdade e estupidez da IA

Conforme indiquei mais acima, as ideias de Cahal poder usar 3 posturas distintas durante o jogo são extremamente bem-vindas e só não ganham ainda mais esplendor, muito devido a alguns aspetos menos bem conseguidos.

Um deles consiste na pobre construção dos cenários em grande parte do jogo. Passamos muito tempo dentro de instalações da Endron, onde temos de chegar a determinado local e fazer algo. No entanto, o caminho a percorrer para lá chegar não é totalmente livre, percorrendo corredores e salas pré-definidos, o que retira um pouco a urgência de usar várias estratégias.

Por outro lado, a IA dos NPCs é muito obtusa e as sequências de assassinatos furtivos perdem espetacularidade por isso mesmo.

No entanto, quando em combate aberto, as coisas melhoram e os soldados tentam alguns tipos de flanqueamento, evitando proximidade. Existem ainda alguns soldados da Endron que usam armas com balas de prata para atacar Cahal.

A habilidade de cura, não tem efeito sobre os danos das balas de prata, por isso, os soldados que as usam são fortes candidatos a serem os primeiros a cair


O jogo apresenta ainda um sistema de evolução da nossa personagem. É um sistema simples no qual ganhamos pontos de experiência, através de completar objetivos consumo de plantas medicinais e que podem ser usados para desbloquear novas habilidades e melhorias dos ataques, nas 3 posturas de Cahal.

É um sistema simples e eficaz, apesar de grande parte das habilidades não se fazerem sentir como uma real evolução no decorrer do jogo.

Werewolf: The Apocalypse – Earthblood, apresenta ainda algumas secções de diálogo com outros personagens que disponibilizam sistema de escolha de resposta. Contrariamente ao que se poderia espera, esses diálogos não se encontram chatos ou monótonos e transportam bem a história do jogo à medida que vamos evoluindo.

Dado ser um jogo passado numa perspetiva de terceira pessoa, a câmara e o seu posicionamento, adquire grande importância. Apesar de acontecerem algumas ocasiões menos bem conseguidas, na maior parte das vezes não compromete a ação.

Quanto a performance, o jogo corre a uns 60 fps sem tremores ou interrupções, mas, tenho de confessar que o grafismo parece um pouco datado.


Veredicto:

Não é todos os anos que são lançados jogos que têm como protagonista principal um heroi tão improvável: um Lobisomem. Werewolf: The Apocalypse – Earthblood pega levemente na história do universo Werewolf: The Apocalypse e cria um jogo de acção divertido com bons momentos de combate.

O jogo apresenta algumas ideias muito boas, como a possibildiade de alternarmos entre 3 posturas (humano, lobo e lobisomem) cada qual com as suas mais-valias. Peca, no entanto, por não aprofundar a vertente mais tática que isso oferece.

Quem gosta deste universo e pretende um jogo de ação com momentos de destruição bastante empolgantes, pode querer experiementar Werewolf: The Apocalypse – Earthblood.

The Apocalypse – Earthblood

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