Pplware

Análise The Outer Worlds (Nintendo Switch)

A Obsidian Entertainment é uma companhia americana de desenvolvimento de jogos que já apresenta um valente cartel no mercado. Basta, por exemplo, pensar que os estúdios já lançaram jogos como FallOut New Vegas, Alpha Protocol, Tyranny, Pillars of Eternity ou, mais recentemente, The Outer Worlds para ver que experiência não lhes falta.

Como referi, no ano passado lançaram The Outer Worlds para PC, Xbox One e Playstation 4 e agora, em 2020 e 8 meses sobre esse lançamento, eis que chega a versão Nintendo Switch.

O Pplware já a experimentou.


A história

The Outer Worlds é um RPG futurista, decorrendo num futuro distante no qual a Humanidade já ultrapassou a derradeira fronteira: o Espaço.

O jogador veste a pele de um colono (The Stranger) que segue em crio sono a bordo de uma nave espacial (a Hope) para a Colónia de Halcyon. Na Hope, seguem centenas de outros colonos com o mesmo sonho de uma vida melhor, mas, eis que algo acontece e a nave é deixada à deriva no Espaço.

Aparentemente, as mega-corporações na origem da viagem (e que controlam também Halcyon) consideraram que a iniciativa não era rentável e como tal, abandonaram-na.

O jogo começa quando o nosso personagem é resgatado pelo louco Dr. Phineas Wells. Wells pretende resgatar os restantes colonos e salvar a colónia daquilo que ele chama de incompetência corporativa que está a destruir Halcyon.

Tudo em Halcyon é controlado por essas mega-coorporações e até as próprias pessoas acabam por ser propriedade delas. Trata-se de um jogo que tem uma mensagem satírica em relação às grandes corporações e aos perigos para o cidadão comum do extremo poder destas organizações.

Devo confessar que com o decorrer do jogo, existem alturas em que a missão principal passa para segundo plano. Isto pois a Obsidian criou um tremendo universo para The Outer Worlds e repleto de personagens com que interagir e missões paralelas para resolver.

E aqui, convém deixar bem claro que a palavra-chave é precisamente “adaptação”. Refiro isto, pois o jogo apresenta algumas diferenças notórias em relação ao originalmente lançado para PC, PS4 e Xbox One. Não poderia deixar de referir este pormenor, em abono da clareza e porque nas restantes plataformas o jogo encontra-se Muito Bom jogo enquanto que, por alguns problemas que verão mais abaixo, na Switch não o poderei classificar como tal.

E isto, pois esse pormenor acaba por se repercutir de uma forma bastante grande em The Outer Worlds. Creio ser de fácil compreensão que numa adaptação dum jogo deste cariz para uma consola com menor capacidade de processamento, têm de ser feitos alguns sacrifícios. Isto em prol de um ‘bem maior’.

No caso de The Outer Worlds esse ‘bem maior’ é claramente o feito da Obsidian ter conseguido a fusão duma narrativa extremamente interessante, divertida e empolgante com uma tremenda riqueza de localizações e ambientes alienígenas populadas por alguns NPCs extremamente bem recheados de ‘conteúdo’.

The Outer Worlds é um RPG massivo repleto de localizações distintas e personagens extremamente interessantes.

Quando arrancamos com o jogo, temos um processo mais ou menos complexo de criação do nosso personagem (aspeto fisico e skills). É importante referir que em The Outer Worlds não existem classes, pelo que os pontos de Experiência adquiridos são distribuidos livremente em várias skills, dando assim a possibilidade ao jogador de ir evoluindo o seu personagem de acordo com a sua forma de jogar.

E, como RPG que se preze, o jogo leva-nos a investigar essas localizações espalhadas por alguns planetas que se encontram habitadas por alguns personagens extremamente interessantes (e cómicos). Aqui reside uma das riquezas do jogo. Isto pois, a maior parte desses personagens secundários traz efetivamente algo de útil e interessante ao jogo, seja na forma de missões paralelas, seja na forma de uma história ou simplesmente na forma como vê no que se tornou Halcyon.

O jogo decorre tanto em aldeamentos como em plenos espaços abertos, criando assim uma grande variedade de cenários por onde o jogador pode andar, com inúmeros pormenores que merecem a pena explorar. E realmente existem muitos motivos para explorar cada canto dos mapas. Seja pela existência de loots escondidas, seja pela existência de NPCs com missões secundárias…, seja apenas para observar o trabalho que a Obsidian fez na criação destes mundos alienígenas.

Contudo, é também nesses pormenores que se nota a adaptação feita para a Switch. Isto pois, nota-se claramente uma baixa qualidade nas texturas os objetos, meio ambiente e edifícios. Não é nada que torne o jogo insuportável, mas dá ao jogo um grafismo um pouco ao nível da Playstation 3.

Mas o maior problema surge com as quebras de fluidez (quebra de fps) que ocorrem quando avançamos em terrenos abertos (onde há mais objetos). É notório um esforço enorme do jogo para renderizar todos esses objetos o que se traduz por um ratio de fps com quedas abruptas. Por exemplo, são frequentes os momentos em que exploramos uma zona exterior e de repente o jogo para, como que a fazer loading de algo…

Ocasionalmente, o jogo apresenta tempos de loading demorados

Só por si, não seria nada de grave, não fosse o caso dessas perdas de fluidez interferirem com os combates, quando defrontamos inimigos e é crucial conseguir apontar a arma.

Ao nivel do combate o jogo apresenta-se bastante bom e empolgante. Ao nosso dispor temos um vasto arsenal de armas (e respetivos upgrades e melhorias). Shotguns, snipers, pistolas, espadas… é só escolher.

No entanto, um dos aspetos mais importantes (e interessante) no combate é o Tactical Time Dilation. Esta opção, despoletada pelo gatilho R1, permite uma espécie de bullet time que lhe dá alguns segundos valiosos para avaliar o inimigo. É bastante interessante, pois permite até prever o que um tiro provocaria caso fosse disparado em determinada zona de um inimigo.

O Tactical Time Dilation, que permite abrandar o tempo e os inimigos, é um sintoma causado pelos anos de crio-sono.

Ao nível do armamento existe ainda outra outra classe de armamento, deveras interessante: Science Weapons.

Mas o que são as Science Weapons? Tratam-se de armas pouco efetivas em poder de fogo, mas os efeitos que provocam estão extremamente interessantes. Como o nome indica, são Armas da Ciência e, na prática, tratam-se de dispositivos que permitem atingir os inimigos com novas formas de ataques. Por exemplo, a Anti-Gravity que, tal como o nome indica, é uma arma anti gravidade e que provoca que o inimigo atingido perca a gravidade e seja projetado pelos ares. O Shrink-Ray por seu lado permite minimizar um inimigo.

O verdadeiro potencial destas armas acaba por ser a possibilidade de ver os seus efeitos que alteram a física dos inimigos.

Como em qualquer RPG que se preze, The Outer Worlds tem um sistema de progressão do nosso personagem. Trata-se de um sistema de pontos de experiência adquiridos durante as missões e exploração das diferentes localizações e que permite a melhoria das habilidades do personagem em diferentes categorias e respetivas subcategorias.

As categorias pelas quais iremos gastar pontos são:

Com as subcategorias, acaba por ser uma ‘árvore’ bastante grande e que terá impacto real no jogo em diferentes ocasiões. Não há um caminho certo, apenas há o caminho que o jogador decida e como tal, o gasto dos pontos de experiência terão de ser bem gastos de acordo com os nossos objetivos (se preferimos combate à distância, se preferimos um diálogo mais persuasor, etc.).

Existem ainda os Perk Points, obtidos através de subida de 2 níveis do nosso personagem e que nos permitem desbloquear certas Perks (melhorias) no nosso personagem. Tratam-se de melhorias passivas que permitem, por exemplo, uma maior barra de vida, uma maior capacidade de transporte de items, uma recarga do Tactical Time Dilation mais rápida…

Uma última palavra para o facto de a Obsidian ter pensado nos jogadores da Switch e na possibilidade de jogarem Thw Outer Worlds em modo handheld. Dado ser um jogo que foca a maior parte da interação com outros personagens através de caixas de texto, poderia ser problemático o uso da consola em modo mobile. Dessa forma a Obsidian disponibilizou uma forma de gerir o tamanho das letras dos diálogos.

Veredicto

Tendo em atenção que The Outer Worlds para a Switch é uma adaptação daquilo que foi feito (e muito bem) para as restantes plataformas, não podemos dizer que seja um mau jogo.

O valor principal do jogo, encontra-se intocável, ou seja, a narrativa, os personagens ricos em conteúdo, a quantidade e diversidade de missões, a exploração de mundos alienígenas, o Tactical Time Dilation. Esse é o valor acrescentado que The Outer Worlds apresenta.

No entanto, os sacrifícios técnicos que foram feitos para o port para a consola da Nintendo, acabaram por retirar-lhe muito do brilho que deveria ter.

The Outer Worlds

Exit mobile version