Pplware

Análise Railway Empires Console Edition (Xbox One)

Foi no mês passado o lançamento, pela mão da Kalypso Media, de um jogo que fará as delícias de todos os amantes de comboios, ferrovias e gestão de companhias ferroviárias. Desenhado para as consolas Playstation 4, Xbox One ou Nintendo Switch, o Railway Empire Console Edition pode ser o jogo que estava à espera.

Sim, o Pplware já apanhou o comboio e deixamos as dicas para entrar nesta viagem.


Railwoad Tycoon, o viciante jogo de comboios

Uma das brincadeiras favoritas quando éramos pequenos, muitos de nós, era a de criar trajetos com um pista de comboios. No meu caro era uma pista que um primo tinha. Apesar de ser uma pista apenas com um único carril, aquele pack até já tinha modelos de edifícios e de pessoas (em cartão) para dar envolvência. Portanto, era simplesmente delicioso ver o comboio (movido a pilhas) a avançar pelas pradarias, vales, montanhas e cidades que inventávamos.

Ao crescer esse gosto esmoreceu um pouco até surgir Railwoad Tycoon. Assim, este torna-se naquele jogo que faz relembrar aquilo tudo e muito mais do passado de criança. Devo confessar que foram mais horas passadas a jogar Railroad Tycoon que as que devia, mas o jogo era simplesmente viciante… na tentativa de criar a melhor e mais rentável companhia ferroviária e que satisfizesse as necessidades das cidades por onde passava.

Este ano, as consolas receberam um seguidor espiritual de Railroad Tycoon: Railway Empire. O Pplware já experimentou a versão para Xbox One.

Tal como em Railroad Tycoon, Railway Empire tem o mesmo objetivo: gerir uma companhia ferroviária. Mas, claro está, com muito mais sofisticação e complexidade.

Modo Campanha

O jogo apresenta vários modos de jogo. Por um lado existe o Modo Campanha que nos coloca na mão uma companhia ferroviária em crescimento. No decorrer da campanha, o jogo vai-nos apresentando vários objetivos e desafios (como por exemplo o clima) enquanto nos vai lançando também com vários obstáculos.

O equilíbrio financeiro entre o gasto e a receita é ténue e as nossas decisões terão de ser bem ponderadas.

O jogador vai construindo a sua rede ferroviária (rails e estações) e criando rotas para os seus comboios o que parece simplista em demasia. E acaba por ser, pois cada cidade, cada quinta, cada fábrica por onde a linha de comboio passa tem necessidades específicas assim como produz algo. Dessa forma, para tornar a nossa companhia como a mais rentável e mais respeitada, teremos de ter as necessidades e produções de cada local em conta.

O jogo tem uma componente de gestão financeira bastante simplista, o que ajuda o jogador a focar-se na parte engraçada que é a construção de estações, e rotas e de comboios. Não existe uma micro gestão mais profunda das finanças e transações comerciais, o que poderia vir a revelar-se mais empolgante e exigente.

Um aspeto a ter em conta com o passar dos anos é o fato de, à medida que as nossas rotas vão chegando mais longe, as cidades vão também evoluindo (em população, indústria e comércio) e isso faz com que as suas necessidades e capacidade de produção também vão evoluindo.

Sinto, no entanto, que o jogo ganharia mais se o diagrama de importação e exportação de cada cidade fosse mais explicito.

Com a evolução do jogo, vamos também desbloqueando novas tecnologias e locomotivas que ajudam a tornar o negócio ainda mais profícuo.

Um dos principais problemas de Railway Empire, seja em que modo for, é (para os mais impacientes) o tempo que demora a rede a gerar lucro a sério. Entre a construção de linhas, estações e a criação de rotas para os comboios, ainda demora algum tempo até que o dinheiro comece a rolar e isso pode afastar alguns jogadores.

Modo SandBox, Cenários e Free Mode

O Modo Cenários coloca o jogador, tal como o nome indica, perante um certo cenário, para o qual tem objetivos concretos a alcançar.

Por outro lado, existe um modo SandBox no qual o jogador se pode sentir livre das amarras financeiras. Neste modo, o dinheiro é infinito assim como a maior parte das construções e locomotivas se encontram desbloqueadas. É quase como se voltasse a casa do meu primo e pudesse construir a minha rede ferroviária sem qualquer restrição.

Por fim, o modo Free Mode é semelhante ao SandBox, mas com a diferença de apresentar objetivos que o jogador terá de alcançar.

Dito isto, nenhum jogador que aprecie este género de estratégia, se pode queixar de falta de diversidade. Especialmente se tivermos em conta as diferenças entre cada DLC que vem com o Console Edition.

DLCs

Raillway Empire Console Edition traz consigo todas as 8 principais expansões que o jogo recebeu para PC. Refiro-me aos DLCs do México, Os Grandes Lagos (Estados Unidos), Crossing the Andes (América do Sul), Great Britain & Ireland, France, Germany, Northern Europe e Down Under (Austrália). Todos estes DLCs, representam uma quantidade muito generosa de cenários distintos e se tivermos em conta que cada um abrange várias épocas, então este pack tem um fabulosa quantidade de conteúdos diferentes para os jogadores darem largas à sua imaginação.

Escusado será dizer que em cada um desses DLCs surgem desafios diferentes, que seja pela época em que os visitamos, quer seja pela própria localização que origina obstáculos e necessidades distintas.

A época abrangida pelo jogo, corresponde aos séculos XIX e XX. A Gaming Minds Studios teve um particular cuidado nesse capitulo na recriação das locomotivas, carruagens, cidades, cidadãos, quintas, …

O jogo está bastante cuidado no aspeto gráfico e retratando muito bem a época, transportando-nos de imediato para esses tempos.

É até possível fazer zoom quase ao nível da rua e ver as carruagens a vaguearem pelas cidades e as pessoas à espera nas estações. Consegue-se mesmo perceber a evolução visual das cidades ao longo dos anos e a forma como vão crescendo em população e industria/comércio.

Aliás, tal como referi atrás, este aspeto é importante, pois à medida que as cidades vão crescendo as suas exigências em relação a transportes vão aumentando também, pelo que uma estação pequena pode, a certo ponto, deixar de ser o suficiente e  ter de ser ampliada.

No entanto, é pena que seja apenas aí que se vê essa vida e no resto da paisagem, existem muitas zonas despidas de vida (à exceção de um ocasional pássaro a voar).

Na minha opinião, sinto que faz falta ao jogo, um pouco mais de opções de customização. Seja das locomotivas, das carruagens, ou mesmo das estações. Seja como for, não é nada de outro mundo e não ofusca em nada a experiência de ter a nossa companhia ferroviária (até é possível viajar num dos nossos comboios).

Problemas na linha

Ao longo da operação normal da companhia, existem ocasiões em que surgem problemas. Comboios que avariam, linhas construídas defeituosamente e que originam engarrafamentos… e por aí fora.

A manutenção das linhas é uma preocupação a ter em conta ao longo dos anos.

Sempre que há um problema, o jogo dá-nos uma dica visual do obstáculo encontrado o que nos ajuda a descortinar a solução para ele. No entanto, surgem situações em que as dicas dadas não são concretas o suficiente o que nos faz perder tempo com experiências.

Por exemplo, 3 comboios parados na mesma linha porque nos esquecemos de colocar um Sinal de trânsito numa bifurcação e o jogo não é explicito a esse ponto.

Tenho, no entanto, de ser justo em relação ao tutorial e sistema de ajudas de Railway Empire que se encontra robusto e na maior parte das vezes, consegue mesmo dar-nos dicas e sugestões úteis de apoio. Os tutoriais são úteis e convém tomar atenção aos ensinamentos que o jogo nos dá neles, pois vão ser úteis ao longo de todo o jogo.

E para ser ainda mais justo convém referir que o sistema de colocação das linhas e estações se encontra irrepreensível e extremamente intuitivo, ajudando claramente os jogadores a usufruírem mais das questões centrais do jogo.

No decorrer do jogo, o menu de opções é acedido através do R2 e, tal como noutros jogos (por exemplo, Tropico 6), abre uma roda de opções: construção de estações, aquisição de comboios, construção de rails, informação sobre as cidades,…é um sistema que, não sendo propriamente um teclado e rato, se encontra funcional.

Quanto ao controlo de opções para cada objeto, os controlos de Railway Empire são, por vezes confusos, pois existem várias opções em cada objeto e nem sempre estão bem descritas.

No capítulo sonoro, nada a apontar, também porque o tipo de jogo que é, não exige muito.

Veredicto:

Para quem, como eu, tinha (e ainda tem) o gosto de montar sistemas ferroviários com várias linhas, de construir estações, de montar comboios e de atribuir-lhes rotas, então Railway Empire é uma escolha acertada. Isto porque consegue trazer aquelas emoções de criar uma pista, de criar as estações, por os comboios a andar e ver tudo a desenrolar-se diante dos nossos olhos.

No entanto, quem procure uma simulação mais complexa com componentes de gestão mais profundos vai sentir o jogo, algo incompleto.

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