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Análise: Pocophone F1 by Xiaomi… um caso “grave” de sucesso?

Enquanto marcas como a Apple, a Samsung ou a Huawei lançam os seus smartphones mais caros de sempre e têm os seus compradores garantidos, há marcas que surgem no mercado para aqueles que não ligam a marcas, mas para quem o desempenho ao melhor preço é o essencial.

O Pocophone F1 chega ao mercado como o atual “Flagship Killer”. Este foi o conceito com que a OnePlus se apresentou pela primeira vez ao público e pelo qual tem vindo a reger a sua posição cada vez mais forte no mercado. Mas agora é a vez da Xiaomi, através desta sua nova marca Pocophone, mostrar aquilo que se pode criar com alguma da melhor tecnologia a um preço realmente competitivo.


O Pocophone está nas bocas do mundo e tem razões para isso. A Xiaomi, sem grande alarido, lançou no mês passado uma nova marca com uma linha de smartphones completamente diferente daquilo que já fez e, de certa forma, diferente daquilo que o mercado hoje oferece.

O Pocophone F1 surge com algumas características que o colocam no topo ao nível do desempenho, mas com pormenores capazes de o tornar bastante acessível.

Hoje, uma pequena pesquisa leva-nos a encontrar smartphones com processador Snapdragon 845 acima dos 450 euros no mercado nacional… com algumas promoções é possível encontrar mais barato que isso, mas estamos a falar de modelos com o melhor processador da atualidade.

O Pocophone está noutro nível. O Pocophone F1, com Snapdragon 845, com 6 GB de RAM, com 64 GB de armazenamento interno, com uma câmara dupla de 12 + 5 MP, com Bluetooth 5.0 e Wi-Fi ac, com suporte da banda 20 da rede 4G e uma enorme bateria de 4000 mAh, custa apenas 300 e poucos euros. Sim, estas são as especificações base de smartphones como OnePlus 6, Zenfone 5Z e equivalentes aos Samsung Galaxy S9 ou Huawei P20 Pro.

É evidente que um preço destes tem que ser justificado e a Xiaomi justifica-o com a construção. Ao invés do vidro e do metal, que trazem aos modelos de topo um toque premium, este Pocophone é de policarbonato, ou seja, plástico. Mas… quantas pessoas conhecem que têm um smartphone de 600/700€ em vidro, com uma capa em plástico a cobrir a traseira?

Construção e design

O Pocophone F1 remete-nos visualmente aos modelos de gama média e o mesmo acontece quando o agarramos. Apesar do material utilizado, o policarbonato, a sua qualidade de construção não foi descurada. Tem bons acabamentos, os botões não têm folgas e os mais distraídos até poderão confundir alguns pormenores com metal.

Nas laterais tem o slot híbrido para cartões à esquerda; em baixo a grelha de áudio e a porta USB tipo-C; à direita os botões de volume e power; e em cima o jack de áudio de 3,5mm e um segundo microfone.

Na frente há o ecrã IPS de 6,18 polegadas, com resolução FullHD e proporção de 18,7:9. O seu notch é evidente e as molduras também não são muito estreitas, principalmente a de baixo. No notch estão colocados o sensor infravermelhos de desbloqueio por reconhecimento facial (disponível desde hoje para algumas regiões), os sensores de luminosidade e proximidade, o altifalante e a câmara de 20 MP.

Na segunda imagem é visível que o recorte da imagem do ecrã não corresponde exatamente ao recorte do próprio ecrã. O mesmo acontece na zona superior, mas não é nada que coloque em causa a perfeita visualização dos conteúdos.

Na traseira está posicionada a câmara dupla, com flash LED e o sensor de impressões digitais. Abaixo, espelhado, encontra-se a inscrição da marca.

O Pocophone F1 faz-se acompanhar de uma capa protetora em silicone que quase passa despercebida quando está colocada. O smartphone foi usado com e sem capa durante o período de testes e não sofreu qualquer dano.

Ecrã

O ecrã é IPS com 6,18″ e tem uma resolução FullHD. A visualização de conteúdos é boa e apresenta um bom contraste de cores e saturação equilibrada. Ao sol, a intensidade de brilho é boa e não causa problemas de visualização, ainda que com óculos polarizados não é possível ver conteúdos na vertical.

Agora, sobre o notch… A interface simplesmente não está preparada para a existência do notch, o que provoca alguns problemas ao nível da exibição de conteúdos perto dessa zona.

Os ícones das notificações não aparecem à esquerda do notch e não é possível sabermos se há ou não notificações sem puxar a barra para baixo. Ao assistir a vídeos ou a ver fotos, nota-se um corte mal feito junto à barra que oculta o notch… E é claro, toda a zona superior não tem qualquer utilidade e tudo seria melhor sem o notch.

Interface

O Pocophone vem com Android 8.1 de base, com a interface de utilizador MIUI 9.6 customizada com o launcher Poco, que já aqui demos a conhecer no Pplware. Aliás, qualquer smartphone Android pode ter este launcher, tal como explicamos aqui.

O Poco altera essencialmente os ícones da MIUI e traz ao smartphone as aplicações em gaveta. Na área das definições é quase tudo igual à MIUI.

Tudo é muito fluido, muito intuitivo, com possibilidade de substituir os botões de navegação por gestos. Mas sabem o que é que era mesmo bom neste smartphone? Era termos o Android One, isso sim, era interessante, mas isto é a minha opinião porque não gosto da interface MIUI.

Desempenho

O Pocophone não tem absolutamente nenhum aspeto negativo a apontar em relação ao seu desempenho. Aliás, em algumas tarefas, como navegar na web, redes sociais e jogos ainda se mexe melhor que alguns com preço 3 vezes maior. É um desempenho de topo e é aí que os testes de benchmark o colocam.

Os resultados dos testes de benchmark são os seguintes:

Ao nível da segurança, o Pocophone conta com impressão digital e com reconhecimento facial que funcionam ambos de uma forma muito rápida e eficaz. De notar que é necessário alterar a região do smartphone para, por exemplo, Espanha ou França, pois a atualização mais recente já disponibiliza esta funcionalidade nessas regiões, mas Portugal ainda não está incluído.

Navegação por GPS, chamadas de voz, gestão de redes sociais, jogos, ou reprodução de vídeos, tudo é feito com grande desempenho.

Fala-se do problema do Netflix não reproduzir em HD, mas pouca diferença me fez (nenhuma, na verdade) em relação a outro modelo que suporte HD (se puderem, façam a comparação por vós mesmos). Isto acontece porque este modelo não suporta o protocolo Widevine L1, que permite a reprodução de conteúdos de alta definição protegidos, mas… por que razão há tanto “burburinho” à volta deste assunto? Porquê agora no Pocophone F1?

Questiono isto porque, simplesmente, nenhum modelo de topo da Xiaomi suportou, alguma vez, o protocolo Widevine L1 e sempre reproduziram os conteúdos com definição mais baixa, mas tudo indica que muito poucos deram por isso. E num smartphone deste nível a um preço tão baixo, “afinal que defeito lhe vamos dar?!” Poderá ser essa a razão.

Câmara

E um smartphone de 300€ com uma câmara que consegue resultados ao nível dos habituais de 500 e 600€? É mesmo isso.

Temos uma câmara traseira dupla 12 MP com abertura de f/1,9 e de 5 MP com abertura f/2.0, que grava vídeo a 2160p a 30fps. A câmara frontal é de 20 MP com abertura f/2.0 e grava vídeo a 1080p a 30 fps. De notar que, em vídeo, ainda se pode tirar partido do estabiilizador eletrónico de imagem.

O Pocophone conta com deteção de cenas através de inteligência artificial. Nem sempre funciona, mas quando o faz até consegue bons resultados, como mostro nos exemplos abaixo.

O modo retrato, com efeito de fundo desfocado, oferece resultados muito interessantes, onde os contornos ficam definidos de forma satisfatória, mas não perfeita.

Nas fotografias durante o dia, a generalidade de smartphones de gama média/alta consegue resultados muito bons, tanto com a câmara frontal como com a traseira.

É à noite que a diferença ainda surge e este Pocophone volta a surpreender pela positiva: Fotografias com detalhe, com pouco grão, com boa captação de luz e Selfies, com retratos de qualidade muito interessante. Fiquem com alguns exemplos.

Câmara Frontal

Câmara Traseira

Autonomia

O Pocophone tem uma bateria de 4000 mAh com carregamento rápido, que carrega na sua totalidade em cerca de 2 horas, um tempo razoável para a sua capacidade.

Chegar ao fim do dia com mais de 50 % de bateria não é para todos… mas é para este. Houve dias em que chegou mesmo ao final do dia com cerca de 65% durando ainda o dia seguinte todo. Não me lembrava disto me acontecer num smartphone com o meu tipo de utilização regular.

No teste de consumo de bateria, efetuado com recurso à app PCMark, o Pocophone atingiu as 11 horas e 47 minutos.

Veredito

A Xiaomi, com esta nova marca, pode ter criado o smartphone mais relevante do ano. Este é um caminho que esperemos ver mais marcas grandes a seguir. Estamos a falar de qualidade e de desempenho de topo, a um preço nunca antes alcançado.

Não é o melhor smartphone do mundo Android. Não é. Mas está lá ao lado deles, perdendo essencialmente para a qualidade de ecrã e de construção, onde, além de ser em policarbonato, não tem resistência a água e poeiras… ok, há outros mais caros que também não têm.

Depois, a Xiaomi, nos seus Mi8, não colocou som em stereo, mas neste colocou. Não chega aos calcalhares da Huawei ao nível da qualidade de reprodução, essencialmente nos graves, mas é melhor que não ter.

Este é sem dúvida o modelo com a melhor relação entre qualidade e preço de sempre. A Xiaomi não criou nenhuma fórmula, é certo. A OnePlus, por exemplo, já o fez no passado. Mas se calhar fê-lo numa altura em que a discrepância de preços nem era assim tão abismal como à que se assiste hoje.

O Xiaomi Pocophone F1 está disponível no mercado nacional, nas cores preto ou azul, por 329,90 € para o modelo de 64 GB e por 357,90 € para o modelo de 128 GB.

Pode ainda utilizar o código de desconto TEK4PPLWARE para oferta dos portes de envio, válido até 30 de setembro.

O Pplware agradece à Tek4Life a cedência do Pocophone F1 para análise.

Xiaomi Pocophone F1

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