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Análise Mass Effect: Andromeda (Xbox One)

Há 10 anos atrás surgiu o primeiro jogo de uma trilogia que se veio a revelar, na altura (e ainda hoje), como um surpresa extremamente agradável.

Com o selo da Bioware, Mass Effect destacou-se pela comunhão inteligente entre as mecânicas RPG e uma história de ficção cientifica extremamente completa e densa. Agora, volvida uma década surge Andromeda … um novo inicio.


E é isso mesmo. Mass Effect: Andromeda é precisamente … um novo Inicio! E esse novo inicio tem duas leituras. Por um lado a história do jogo refere-se a um novo inicio para a Raça Humana (e suas aliadas) numa Galáxia distante, mas por outro, representa também uma espécie de reboot para a série Mass Effect.

Mass Effect: Andromeda passa-se aproximadamente 600 anos após os eventos decorridos na trilogia anterior. Algures entre o 1º e 3º jogo, enquanto os humanos, os Asari, os Krogans e aliados lutavam contra os Reapers era enviada uma expedição para o Espaço longínquo com o objectivo de encontrar um novo lar para a Raça Humana: um Novo Inicio.

Para tal foram enviadas para a Galáxia de Andrómeda, diversas Arks (Arcas de Noé) com milhares de colonos a bordo de cada uma das civilizações para o processo de colonização mas algum problema surgiu na viagem e apenas a Arca Humana (a Hyperion) chegou ao seu destino. As restantes, Turian, a Asari e Krogan desapareceram desconhecendo-se o seu paradeiro.

Uma das coisas que cedo nos apercebemos, mal chegamos a Andrómeda, é de que o sistema solar Heleus se encontra impregnado por uma estranha força, a Scourge, que destrói e corroí tudo provocando desequilíbrios um pouco por toda a galáxia e que pode estar relacionada com os vestígios duma civilização antiga, que deixou marcas na Galáxia.

Em Andromeda o jogador encarna Ryder, um Pathfinder (como o nome indica é um desbravador de novos mundos) a e nossa aventura começa nesse momento. O principal objectivo é precisamente o de preparar o Sistema Solar Heleus (onde a acção decorre) para a colonização. No entanto, a aventura vai revelando aos poucos uma quantidade imensa de outras missões mais secundárias também elas importantes para o decorrer do jogo.

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Tal como o Comandante Sheppard da trilogia inicial, Ryder também tem a sua tripulação às ordens (na sua nave Tempest). Trata-se de uma reunião de personagens multifacetada (aliens e humanos) cada qual com as suas características, habilidades e personalidades. A tripulação inclui membros como Liam Kosta (humano e combatente exímio), Cora Harper (humana e braço direito do pai de Ryder), Peebee (uma cientista Asari e meio tresloucada), Drack (um verdadeiro blindado Krogan), Jaal (Angarian, especialista em ataques stealth), Lexi (Asari), Vectra (Turian), e os pilotos Kallo (Salarian) e Suvi (humana).

Conforme dever ter verificado, mencionei um personagem (Jaal) de uma espécie nova no jogo, os Angara. Os Angara são nativos do Sistema Solar Heleus e combatem aparecem em Mass Effect no meio das nossas explorações. Ao inicio um do pontos em comum com os Angara é o facto de lutarem contra os Ketts (ver mais adiante), e uma possivel aliança com eles vai crescendo à medida que vamos conquistando a sua confiança (não nos podemos esquecer que nesta Galáxia, nós é que somos os Aliens).

Cada personagem tem uma personalidade muito própria que se vai vincando, quer ao longo das conversas que vamos tendo com cada, como também com o desenrolar das suas diversas missões paralelas. Não se pode dizer que sejam personagens ocas, e numa certa altura dei por mim a ter uma longa conversa com Suvi sobre Deus e Teologia.

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Creio que é do senso comum que os processos de colonização são tipicamente processos complexos e demorados exigindo muita exploração e pesquisa. Mass Effect: Andromeda tenta reproduzir precisamente isso, o que nos leva a uma das mais-valias do jogo: Mundo Aberto.

Realmente, um grande número de planetas que podemos visitar em Heleus são-nos apresentados sob a forma de mapas gigantescos de livre exploração. É, sem sombra de dúvida, um ponto forte do jogo que também corresponde a uma promessa antiga e que, no contexto global do jogo, apresenta-se como ponto fulcral.

Sendo Andromeda um jogo de exploração, não nos devemos esquecer do seu objectivo primordial que é o de descobrir planetas adequados para serem colonizados. Esse processo de colonização assenta na obtenção de diversos objectivos locais (em cada planeta) que quando concluídos o transformam gradualmente em …  menos hostis. É uma mecânica simples mas eficaz.

Os vários planetas exploráveis apresentam cada qual, os seus habitats, habitantes, espécies nativas e desafios próprios. Cada planeta é único e é realmente um prazer em explorar. Para tal, temos ao nosso dispor o Nomad, uma espécie de todo o terreno de 6 rodas que nos permite deslocar de forma rápida pela superfície dos planetas. Tal como acontece com Ryder, pode inclusive ser melhorado com vários MODs que aumentam a velocidade, a detecção de minérios para minerar, ….

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E por falar em objectivos locais, Andromeda apresenta-nos dezenas de missões paralelas. É uma quantidade e diversidade tal que transforma o jogo numa autêntica maratona de diversão. Realmente é isso mesmo, pelo menos para os perfeccionistas que gostam de ir a todos os pormenores. Mass Effect Andromeda tem mais de 50 horas de jogo (à vontade) para quem quiser chegar aos 100% em todos os planetas.

Contudo, tamanha diversidade e quantidade também traz um problema recorrente: dispersão. Realmente, torna-se simples uma pessoa “perder-se” na história quando enveredamos nas missões paralelas. Isto porque, uma dessas missões muitas vezes leva-nos a conhecer outros personagens que por sua vez nos dão mais missões e quando damos por nós estamos a resolver missões paralelas em escala industrial.

Atenção que não tenho nada contra. Aliás, aprecio bastante, especialmente porque todas essas missões se adequam à história global do jogo e de, na realidade nunca perdermos o rumo principal do jogo.

A construção dessas missões é que nem sempre foi a mais interessante e empolgante, havendo realmente algumas que se tornam repetitivas com mecânicas de “ir do ponto A ao ponto X; fazer Scan; voltar ao ponto A”.

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A preparação de cada planeta para colonização é feita portanto em fases faseadas. Consoante a obtenção dos objectivos em cada planeta vamos aumentando a % de adaptabilidade desse planeta e, ao se chegar perto dos 40%, torna-se possivel construir uma colónia estável na sua superfície. Contudo existe ainda uma outra vantagem de se preparar os planetas para colonização e que vem sobre a forma de Viability Points. Esses Viability Points, adquiridos com essa obtenção de objectivos e construção de Forward Stations na superfície, permitem ao jogador “acordar” grupos de colonos ainda em crio-sono na Nexus (equivalente à Citadela), e obter dessa forma um fornecimento regular de mais-valias dos planetas colonizados. Por exemplo, os colonos “acordados” podem ser cientistas que forneçam regularmente supply drops de materiais usados para criação de armas; podem ser comerciantes que aumentem a capacidade de inventário, podem ser exploradores que descubram novos territórios e novas espécies de seres, …

Quanto mais os Viabilitys Points de determinado planeta, mais explorado e controlado se encontra o planeta e portanto apresenta maior viabilidade para a raça humana.

À medida que vamos explorando cada cenário, e graças a uma omni-tool (sensor colocado no braço),vamos adquirindo Research Points através do scan de objectos, seres vivos, rochas, … Por sua vez, esses RP permitem-nos proceder à investigação de dezenas de armas, equipamentos, acessórios, munições, gadgets, … (desde que tenhamos os minérios adequados, claro). Isto é extremamente importante pois permite ao jogador explorar (e mais tarde produzir) as suas própria armas e ferramentas, independentemente de as possuir ou poder comprar.

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E por falar em armas, Andromeda continua na senda da trilogia inicial com armas para todos os gostos. As armas dividem-se em Pistolas, Shotguns, Assault Rifles ou Snipers (podendo levar inicialmente apenas 2 para cada missão, mas desbloqueando espaço para mais) mas existe a possibilidade de serem modificadas a nosso bel-prazer. Modificações essas que podem envolver mais capacidade de munições, sistemas de refrigeração, tipos de munição,… existem montes de MODs a fazer e a acrescentar às armas, até que tenhamos o nosso arsenal ao nosso gosto.

A criação e gestão do nosso arsenal é, talvez, a melhor parte dos combates. Na minha perspectiva o combate encontra-se ainda muito semelhante ao dos anteriores jogos da série. Talvez esteja um pouco mais rápido e intenso e apresenta-nos inimigos bastante variados a com diferentes graus de dificuldade mas… continua a faltar-lhe um pouco mais de sal para o fazer distanciar-se da trilogia inicial.

Neste capitulo uma boa nova é a inclusão de um sistema de cobertura contextual, que permite a Ryder procurar protecção atrás de objectos ou paredes de forma simples e transparente. Continuo sem perceber muito bem o porquê de te de pressionar B para poder subir para cima de uma mesa …

Apesar de se encontrar bastante competente, como referi acima, no aspecto que toca ao sistema de miras no uso das armas, persiste um velho problema (mais vincado nas consolas), a afinação da pontaria. Em variadas ocasiões torna-se extremamente difícil proceder a ajustes mínimos com o analógico direito para mirar a cabeça de um inimigo (muitas vezes dá-se um toque a mais ou a menos). É claramente um problema de consola que acaba por ser maquilhado com um zoom in e zoom out semi-automático.

Quanto aos inimigos, Andromeda apresenta-nos um novo adversário, os Ketts. O Sistema Heleus encontra-se invadido por esta espécie altamente militarista que se encontra extremamente interessada numas estruturas e respectiva tecnologia abandonadas nos planetas do sistema por uma civilização antiga, os Remnant.

Existem vários tipos de classes de soldados Kett a defrontar, desde os de infantaria mais fáceis de eliminar, até alguns blindados ou outros com poderes de cloak. No entanto, talvez os adversários mais entusiasmantes e exigentes nem sejam os Kett mas sim os Arquitectos dos Remnant, que se tratam de monstros mecânicos colossais e que, esses sim, dão muita pica a deitar abaixo. Os restantes acabam por ser “carne para canhão”. No entanto, não quer dizer que sejam fáceis… apesar de algo previsíveis.

Mass Effect: Andromeda apresenta a inclusão de um sistema de cobertura contextual, que permite a Ryder procurar protecção atrás de objectos ou paredes de forma simples

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E por falar em Sistema de Classes, foi incluída em Andromeda uma alteração profunda relativamente a este ponto. O(A) nosso(a) personagem Ryder Uma outra alteração que vincou ainda mais esta alteração de caracterização de Ryder, foi levada a cabo em relação aos diálogos do nosso personagem e respectivas opções. Para os que se lembrarem, nos jogos anteriores os diálogos com NPCs apresentavam opções que determinavam a nossa orientação ética no jogo entre Renegade (duro e impiedoso) ou Paragorn (mais brando e compreensivo). Em Mass Effect: Andromeda essas opções são agora substituídas por sentimentos menos vincados e com maior senso comum, tais como frases Emocionais, Lógicas, Casuais ou meramente Profissionais.

As diferentes escolhas nos diálogos servem para caracterizar Ryder perante os restantes personagens de Mass Effect: Andromeda pelo que aos poucos se vão sentindo os seus efeitos nas nossas relações com eles. No entanto, muitas delas acabam por se perder com o desenrolar da história no global. É pena, pois esses mesmos diálogos são interessantes e importantes (especialmente para todos os jogadores que gostam de ir mais fundo nas histórias, enredos e tramas pessoais dos jogos e personagens).

E por falar em diálogos. Grande parte do tempo de jogo é passada em amenas cavaqueiras com os NPCs do jogo. Faz sentido, especialmente se tivermos em conta o passado genético de Mass Effect. Esses diálogos acabam invariavelmente por, das duas uma … ou nos transmitirem informação sobre a história e personagens principais do jogo, ou desbloquear novas missões a completar.

Contudo, sente-se na maior parte das conversas uma grande ausência de emotividade e sentimento nas representações (tanto gráficas como vocais) dos personagens e isso provoca uma quebra constante na coerência desses mesmos diálogos.

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À medida que vamos avançando na história, vamos adquirindo pontos de experiência que podemos usar para melhorar Ryder em 3 categorias distintas: Combate, Biotic e Tech. A escolha dessas melhorias é livre (sem a existência duma classe a limitar as nossas escolhas). Isto permite que se possa evoluir o nosso personagem de uma forma não linear, ou seja, em vez de apenas evoluirmos Ryder dentro de uma determinada Classe (Soldado, Explorador, …) podemos evoluir as habilidades que mais e melhor se adequam à nossa própria jogabilidade. Cada qual apresenta cerca de 20 poderes/ataques especiais (por desbloquear) com as suas próprias árvores de evolução.

Alguns desses ataques são mais úteis que outros (tudo depende do tipo de jogabilidade de cada jogador). Se tivesse de realçar alguns, poderia facilmente mencionar o Concussion Shots que permite disparar projeteis altamente explosivos e com sensor de calor. Seja como for, o jogo permite e chega mesmo a incentivar o uso e exploração de cada uma desses poderes/ataques especiais.

Não poderia deixar de referir que enquanto aos controlos da Tempest a componente de exploração também subsiste, ocorrendo ocasionalmente anomalias nos diversos sistemas solares de Andromeda que temos de explorar, revelando frequentemente minérios raros para extrair ou componentes espaciais perdidos.

Como principal ponto negativo do jogo não poderia deixar de vincar as quedas abruptas de framerates que se apresentam nas mais variadas ocasiões, seja em momentos de acção, seja em momentos de mera exploração. É algo que se torna minimamente compreensível (dado o carácter de open world do jogo) mas deixa uma sensação agri-doce e de insatisfação.

As quedas abruptas de framerates minam visualmente a experiência de viajar pelo mundo de Andromeda

Veredicto

Andromeda é um digno membro da série Mass Effect, em todos os aspectos. Todos os elementos que fizeram da trilogia original um estrondoso sucesso (enredo rico e denso, combates empolgantes, variedade e quantidade de missões, personagens complexos, …) podem ser encontrados neste titulo.

A Bioware foi, no entanto, mais além e implementou um conjunto de novidades que enriqueceram o resultado final, de onde se realça o sistema de Mundo Aberto à exploração, ou as alterações efectuadas ao sistema de evolução do nosso personagem.

Havendo algumas situações a corrigir (como a questão da queda de fps ou um sistema de combate algo previsível, …), Mass Effect: Andromeda é um jogo bastante bom facilmente recomendado a todos os fãs da série Mass Effect e também de jogos do género…. e por largas dezenas de horas.

Mass Effect: Andromeda

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