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Análise: Metro Exodus (PS4), um jogo desafiante e bem conseguido

A Grande Guerra de 2013 devastou o mundo de uma forma quase impossível de imaginar. Os poucos seres humanos que sobreviveram ao holocausto nuclear encontraram abrigo nos túneis do metro. Aí reorganizaram então uma sociedade que é em tudo diferente daquilo que conhecemos. E assim é o jogo Metro Exodus.

Poucos – ou quase nenhuns – acreditam na existência de outras bolsas de sobreviventes no exterior. Mas Artyom não esquece os ruídos que ouviu através do rádio, no meio de toda a estática. Convencido de ter ouvido uma voz humana, arrisca assim a vida diariamente saindo dos túneis em busca de outros sobreviventes.


Metro Exodus é o último capítulo da saga Metro, adaptada para videojogo a partir da obra com o mesmo nome de Dimitri Glukhovsky. O jogo leva-nos a uma realidade alternativa, num mundo que acabou de viver a 3.ª Guerra Mundial. A utilização de armas nucleares em larga escala provocou um nível de caos e destruição nunca antes visto na história da humanidade.

Os poucos que sobreviveram encontraram refúgio nos túneis do metro de Moscovo, uma cidade praticamente irreconhecível. Foi então aí que uma sociedade corrupta e povoada por ideais pouco recomendáveis se reergueu e prosperou. Mas a esperança de encontrar mais sobreviventes no exterior, assim como alguns acontecimentos na vida do protagonista da nossa história, levaram a que ele e outros saíssem de vez de baixo do solo e se aventurassem por uma Rússia devastada pela guerra.

Metro Exodus dá a oportunidade de explorar uma Rússia pós-apocalíptica

Metro Exodus oferece aos jogadores um registo diferente daquele que apresentou nos seus antecessores. Sem nunca abandonar a sua matriz original, saímos dos túneis escuros e decrépitos e somos levados ao exterior. E esta é uma das grandes novidades de Metro relativamente aos jogos anteriores: se antes a ação se desenrolava quase na sua totalidade nos túneis labirínticos do metropolitano de Moscovo, em Metro Exodus temos a oportunidade de explorar uma Rússia pós-apocalíptica num jogo com algumas características de mundo aberto.

Na realidade, apesar de termos alguma liberdade para explorar o que nos rodeia, essa liberdade de movimentos acaba por estar limitada ao tamanho dos mapas e à linearidade das missões. Nesse sentido, não estamos na presença de um jogo totalmente de mundo aberto. Mas não há dúvida de que o detalhe é impressionante e sentimos que cada cenário foi pensado ao pormenor para colocar o jogador no centro da ação.

Uma particularidade interessante é o facto de o jogador passar pelas 4 estações do ano. Passa assim também por todos os ambientes possíveis durante a sua aventura, desde planícies cobertas de neve até desertos ou florestas banhadas pelo sol. Ficámos a ansiar por uma exploração mais aprofundada desta vertente de “mundo aberto”. Nomeadamente, uma maior interação com os mapas deslumbrantes que compõem as várias missões.

As interações com os NPCs presentes no jogo estão feitas de forma a conseguirmos ter algum insight sobre a narrativa. De qualquer modo, a nossa maior fonte de informação reside nos vários itens que encontraremos à medida que vamos progredindo. Sejam eles diários esquecidos em edifícios abandonados, recortes de jornal ou até mesmo gravações áudio.

A interação que temos com os NPCs revela-se muitas vezes frustrante. Isto porque os diálogos são demasiado longos e, não raras vezes, bastante confusos. Ou seja, existem várias conversas paralelas a ocorrer em simultâneo. Mesmo com legendas, torna-se muito difícil seguir o que se está a passar e retirar alguma informação útil. Não considero, portanto, que os diálogos e as próprias mecânicas de interação estejam bem conseguidos.

Análise ao jogo na PS4, disponível também para PC e Xbox One

Quanto à mecânica de jogo propriamente dita, não difere dos jogos anteriores. Algumas missões obrigam-nos a um confronto mais direto com os nossos inimigos. Pelo contrário, outras requerem uma abordagem mais cautelosa. Ou seja, tentar apanhar os nossos adversários desprevenidos sem chamar as atenções. Dispomos de poucas armas e ainda menos munições, pelo que temos de planear cada missão antes de nos aventurarmos a disparar à toa contra tudo o que mexe.

Metro Exodus é um jogo difícil, mesmo nos níveis de dificuldade mais baixa. Existem muitos pontos onde os inimigos se podem esconder. Além disso, é frequente – principalmente no caso dos seres mutantes que povoam o mundo exterior – só nos apercebemos da sua presença quando estamos a ser atacados.

Veredicto:

Metro Exodus é tudo o que poderíamos desejar num jogo da saga. Desafiante e bem conseguido, põe à prova toda a nossa destreza e resiliência num ambiente hostil e povoado por monstros mutantes. A decisão de levar a ação para fora dos túneis do metropolitano oferece aos jogadores mapas que, ainda que de forma limitada, podem ser explorados sem que o jogo perca a sua essência. No entanto, não estamos perante um jogo de mundo aberto no verdadeiro sentido do termo e isso deixa-nos a pensar quão espetacular seria Metro Exodus se pudéssemos ter a liberdade de explorar mais um pouco. Ainda assim, estamos perante um excelente jogo capaz de nos proporcionar muitas horas de diversão e adrenalina.

A não perder.

Metro Exodus

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